Instituição culpa a UE pelo resgate de 240 bilhões de euros que ocorreram como resultado
Estatísticas suspeitas da Grécia foram ignoradas por oficiais da União Europeia ao negociarem a entrada da Grécia na moeda única em 2002, segundo a Federação dos Empregadores da Europa (FedEE).
A declaração da instituição, que serve empresas multinacionais operando na Europa, questiona de quem é a culpa para os contribuintes em todo o mundo terem de pagar 240 bilhões de euros pelo erro.
O FedEE espanou um relatório da UE publicado em novembro de 2004 pelas escritório de estatísticas da UE (Eurostat) em Luxemburgo. “Este relatório traça os esforços frustrados dos estatísticos da UE durante um período de 8 anos para convencer o governo grego a fornecer estatísticas honestas e precisas”, escreveu o FedEE.
Primeiro foi questionada a veracidade das premissas produzidas sobre a dívida da Grécia durante as reuniões de 8-9 de fevereiro de 2006, segundo o comunicado. “Inconsistências na interpretação das transferências de capital como uma contrapartida para vários itens de suposições de dívida” foram apontados numa carta do diretor-geral do Eurostat ao Serviço Nacional de Estatística da Grécia. A carta chegou a dizer que “o Eurostat não poderia concordar com a exclusão da operação de contrapartida dos requisitos de financiamento líquido do Setor Geral do Governo”.
A partir desse momento, o Serviço de Estatística Grego teria, aparentemente, se conformado com os requisitos da UE, mas depois falsificou os números. Em 1997, a UE instruiu que “essas correções devem ser feitas imediatamente” e “apesar desta conclusão, a Grécia não revisou seus números e não transmitiu uma notificação revista”, mostraram os registros.
A declaração da FedEE disse que teria sido bem conhecido pelos oficiais da UE e políticos que as estatísticas sobre a dívida pública que a Grécia proveu para os requisitos de entrada no euro em novembro de 2000 não poderiam ser confiáveis.
O padrão de falsificação de números repetiu-se com resultados desastrosos em 2009. Em outubro daquele ano, logo após o novo ministro das Finanças grego George Papakonstantinou assumir o cargo, ele anunciou que a dívida pública era três vezes maior do que seus antecessores tinham divulgado, 12,8% ao invés de 3,6%. Seis meses mais tarde, outros cálculos colocaram a dívida num impressionante 13,6%. Estes números dispararam os alarmes internacionais sobre a situação fiscal da Grécia.
Em janeiro de 2010, o Eurostat afirmou que deixaria de confiar nos dados de Atenas depois de ver irregularidades cinco vezes entre 2005 e 2009. “Mesmo o novo primeiro-ministro grego George Papandreou, referiu-se ao Serviço Nacional de Estatística da Grécia como uma ‘piada'”, disse Kevin Featherstone, professor da Escola de Economia de Londres e diretor do Observatório Helênico no Instituto Europeu, numa palestra em junho de 2010. A agência de estatísticas foi posteriormente feita independente do governo como condição para o pacote de resgate em 2010.
O secretário-geral da FedEE, Robin Chater, queria saber por que ninguém foi responsabilizado por permitir à Grécia aderir à zona do euro em primeiro lugar. “Embora os políticos sejam rápidos em apontar o dedo para deslizes corporativos, eles são estranhamente silenciosos quando são os políticos mesmos e seus oficiais que estão no erro”, disse Chater no comunicado.
Chater diz que dois indivíduos são os principais culpados: Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Europeia, que lançou as bases para o mercado único europeu, e seu sucessor Jacques Santer, que agora dirige o Veículo de Investimento para Fins Especiais (SPIV), um mecanismo formado para financiar resgates através do fundo de resgate da zona do euro.