Ucrânia grita por democracia, justiça e independência

26/02/2014 14:01 Atualizado: 26/02/2014 14:01

Discurso no encontro público na embaixada da Ucrânia em Ottawa, Canadá, em 23 de fevereiro de 2014.

Sr. Embaixador, senhoras e senhores,

Os pontos-chave sobre a crise da Ucrânia não parecem ter sido destacados com veemência, incluindo:

• As pessoas que protestaram na Praça da Independência e todos aqueles que os apoiam estão unidos na exigência de liberdades que temos aqui no Canadá: justiça; estado de direito; igualdade de oportunidades econômicas; e um governo que trabalhe para todos.

• Os manifestantes na Praça da Independência exigem um governo que institua as reformas que são desesperadamente necessárias para a Ucrânia e que os ucranianos participem da economia mundial e desempenhem um papel no palco mundial.

• Estes são os objetivos que uniram os ucranianos em todo o país, e isso transcende a linguagem e a etnia: o primeiro manifestante que morreu tragicamente, entre as 87 vítimas agora conhecidas, era um homem de origem armênia; e, na Praça da Independência, os manifestantes de toda a Ucrânia estiveram unidos para exigir essas reformas.

Dois meses de protestos na capital de Kiev, em toda a Ucrânia ocidental e em muitos focos na região oriental parecem agora ter conseguido alcançar uma renovada integridade democrática pós-soviética e a soberania nacional de um povo corajoso e muito sofrido.

O Canadá foi o primeiro país ocidental a reconhecer a independência da Ucrânia após 28 milhões – 92% dos eleitores votantes – escolherem no referendo de 1991 pela declaração de independência e cisão da Rússia. Muitos canadenses têm uma longa e estreita história com a Ucrânia.

Os canadenses de origem ucraniana (cerca de 1,2 milhão) têm desempenhado desde a década de 1890 um papel importante em nossa própria história, depois de três ondas migratórias do que é hoje a Ucrânia.

Na II Guerra Mundial, cerca de 40 mil ucranianos-canadenses, ou mais de 10% de toda sua comunidade no Canadá na época, se alistaram em nossas forças armadas. Entre 1947 e 1953, aproximadamente 34 mil ucranianos vieram para o Canadá, muitos deles profissionais bem-formados. Eles e as gerações que chegaram antes ajudaram a moldar o Canadá que vemos hoje.

Os protestos nos últimos meses de grupos de oposição com base ampla, incluindo uma estimativa de 90% dos residentes de Kiev e grande parte da população da Ucrânia, foram em parte contra o profundamente corrupto presidente Viktor Yanukovich.

A Ucrânia não é a Rússia e os defensores mundiais da dignidade humana devem fazer o que for necessário para promover esta realidade.

Durante dois meses, ucranianos e outros cidadãos canadenses têm sofrido angustiadamente, pois viram Yanukovich brutalizar seus ‘irmãos’ e ‘irmãs’, enquanto ele tentava introduzir um Estado policial com o incentivo e ajuda do Kremlin. O Canadá deve se manter firme com os ucranianos em geral pela preservação da independência nacional e da democracia.

Felizmente, o calendário dos Jogos Olímpicos de Inverno tem prevenido que Putin desencadeie a violência russa na Ucrânia, pelo menos até que a tocha dos Jogos seja extinta hoje (25) em Sochi. Canadá, Europa e os EUA devem agir rapidamente.

Obrigado.

David Kilgour foi um membro do Parlamento canadense entre 1979-2006, e atuou como Secretário de Estado (Ásia-Pacífico) em 2002-2003. Ele foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2010. Seu website é David-Kilgour.com