No dia 22 de janeiro, dia da festa da unidade nacional, dois manifestantes pela liberdade foram mortos no centro de Kiev, capital da Ucrânia, por balas disparadas por franco-atiradores num caso e tiro de pistola em outro.
No mesmo dia o jornalista Igor Lutsenko e o alpinista Youri Verbinski foram sequestrados pela polícia, levados para fora da cidade, e surrados com extrema violência. Igor acordou na neve e conseguiu chegar a uma aldeia. Youri foi encontrado morto na floresta.
Na Praça da Independência um manifestante foi desnudado e seviciado pela polícia que fez questão de fotografá-lo num estado humilhante. Um jornalista filmou a cena que percorreu o mundo pela internet. Estas e muitas outras violências que fogem a qualquer critério de lei ou moral despertou o velho espectro da repressão do KGB que martirizou a Ucrânia no passado.
O escritor Andrei Kourkov se perguntou nas páginas do jornal pró-socialista Le Monde se, à luz dos procedimentos do governo de Viktor Yanukovych, a Ucrânia não estava se encaminhando para virar novamente um protetorado russo. O dinheiro e as promessas do senhor todo-poderoso do Kremlin, Vladimir Putin, entraram decisivamente nesta virada que nos faria retroceder décadas na história, rumo aos piores momentos da falida URSS.
Para Andrei Kourkov, o “navio Ucrânia” está rumando para a Rússia. E é isso o que os manifestantes da Praça Maidan de Kiev não querem. Enquanto as Berkout – tropas especiais da polícia – batem nos estudantes, o presidente ucraniano Yanukovich premia seus amigos, viaja a Moscou e até a China.
O governo da pequenina Malta teve a coragem de se recusar a acolhê-lo, enquanto presidente de um país que o repudia. A coragem dos manifestantes acabou obrigando ao presidente amigo de Putin a dar alguns passos aparentemente para trás. Mas os amantes da Ucrânia não acham confiáveis as propostas de quem usa os métodos do KGB.
Não conseguindo convencer, o Parlamento ucraniano tentou manietar os manifestantes e lhes tapar a boca: proibiu as reuniões públicas. 200 mil ucranianos responderam se aglomerando patrioticamente na Praça da Independência.
Na revista Forbes, 24 de janeiro de 2014, o colunista Melik Kaylan bradou em alto e bom som: “Por que ninguém esta dizendo o óbvio? ‘Putin desestabilizou a Ucrânia’.” Kaylan relembrou a longa lista de ardis e armações criados pelo ex-coronel do KGB Vladimir Putin contra os EUA. E após apontá-lo como o verdadeiro instigador da deriva da Ucrânia rumo a “nova-URSS” concedeu a Putin o título de o “Maior Senhor da Desordem” de nossa época.
Há 15 anos, o presidente russo que sonha restaurar a grandeza sinistra da URSS vem aprontando contra os EUA e o Ocidente. Um colega de Kaylan na Forbes escreveu em seu blog a matéria intitulada “Putin está puxando todas as cordas e Obama deixa correr frouxo”.
O resultado, acrescenta Kaylan, é que a Ucrânia está sendo levada por Yanukovich a voltar a ser outro satélite de Moscou, com um homem com punho de ferro e língua de serpente instalado no Kremlin. Nada disto deveria espantar. O que espanta é o silêncio da grande mídia ocidental que encobre a manobra do xará de Lênin.
Mas a Ucrânia não se deixa engolir facilmente. E a coragem do povo ucraniano proporciona os meios para o mundo livre derrotar Putin em Kiev e nas cidades que estão se insurgindo contra um crime de lesa-pátria. Assim o dá a entender editorial da Bloomberg de Nova York.
Na França, o jornal Le Monde e a revista Le Nouvel Observateur; que alimentavam cálidas simpatias por Putin, parecem ter se rendido às evidências. Le Monde publicou um longo relato das brutalidades da repressão policial que podem ser lidas nos link deste parágrafo e visualizadas nos vídeos abaixo.
Le Monde cita matérias publicadas sobre a mesma repressão criminosa de grandes mídias do Ocidente, como o Wall Street Journal, a BBC, Francetvinfo ou ainda fontes ucranianas como o KyivPost ou o Ukrayinska Pravda, além de vídeos difundidos pelas redes sociais, e médicos que praticaram autópsias no corpo das vítimas.
Perseguição anticristã do atual governo da Ucrânia
O governo ucraniano em mais um gesto que o assemelha à “nova URSS” de Putin, ameaçou declarar ilegal a Igreja greco-católica ucraniana. Seu “crime” seria prestar serviços religiosos aos manifestantes opositores que ocupam a praça central de Kiev.
O ministério da Cultura enviou uma carta ao arcebispo Sviatoslav Shevchuk, acusando a seus sacerdotes de “violar a lei” ao prestar serviços religiosos fora dos templos. “A violação desta lei pode dar lugar a processos judiciais para por fim às atividades” das organizações religiosas, segundo a carta cujo fac-símile foi publicado no site Ukrayinska Pravda.
Não só os prelados da Igreja Católica, mas também os ortodoxos da igreja ligada ao Patriarcado de Kiev, prestam serviços religiosos várias vezes por dia na Praça da Independência da capital ucraniana, conhecida localmente como Maidan.
Também o fazem a seu modo, imãs dos tártaros da Criméia, território ucraniano.
(Nota do IPCO: Somente a Igreja católica foi notificada pelo governo. Dom Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor do rito greco-católico ucraniano, já acusou a Igreja Ortodoxa russa de ter sido um instrumento de Stalin para acabar com o catolicismo na Ucrânia.)
Opositores ao governo
Esta praça está ocupada desde novembro por manifestantes que protestam contra a decisão do presidente Viktor Yanukovich de recusar um pacto com a União Europeia, em benefício de vínculos mais estreitos com a Rússia.
A Igreja greco-católica ucraniana, que observa o rito bizantino, está em comunhão com o Papa, e estava proibida quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética. Desde a independência do país em 1991, a Igreja greco-católica se transformou na terceira mais importante do país.
Sua respeitabilidade e ascendência moral sobre o conjunto do país vem crescendo continuadamente. (Fonte: Infocatólica | Tradução de Edson Oliveira – IPCO)
Católicos apoiam o movimento ucraniano pela liberdade
Policia filmada agindo com os velhos métodos do KGB
Tropas especiais atacam acampamento dos manifestantes da liberdade
Chocantes vídeos da brutalidade policial na Ucrânia
Esta matéria foi originalmente publicada pelo blogue Flagelo Russo