Será que o Twitter se encontra numa posição difícil de equilibrar?
A rede de microblogue Twitter fez algo bastante extraordinário recentemente, sua decisão de bloquear os alemães de verem tweets (mensagem do Twitter) de um grupo neonazista cria vários precedentes. Pela primeira vez, uma das redes sociais mais visitadas do mundo promulga uma política de “conteúdo recusado a um país”.
Anteriormente, o Twitter anunciou a criação de novas políticas destinadas a bloquear contas sob a solicitação de governos, um movimento que advogados do Twitter disseram que equilibraria a liberdade de expressão e a adesão às leis locais. As ações recentes do Twitter são a primeira instância da rede social em direção as novas políticas. De acordo com eles, o Twitter lançou um “relatório de transparência” no ano passado, que reflete os pedidos governamentais para se envolverem em contas selecionadas. Esses pedidos dos governos estavam tipicamente associados à atividade criminosa, segundo o Twitter.
Nisto reside a motivação do Twitter de “bloquear” a conta neonazista de ser vista na Alemanha. É ilegal mostrar símbolos nazistas e autoridades têm proibido certos tipos de manifestações de membros do Partido Nacional Democrático (PND), o partido que representa a extrema-direita. Numa nota pessoal, também é muito mal visto até mesmo discutir alguns tópicos em conversa casuais, como Hitler, e assuntos da 2ª Guerra Mundial que lidem com nazistas ou mesmo a SS. Os alemães são muito sensíveis a esses temas e o bloqueio recente do Twitter provavelmente satisfaz esta política. No entanto, o Twitter tem enveredado por um novo território.
Uma reportagem anterior da BBC colocou em foco os medos alemães de que uma nova geração de neonazista tenha surgido. Uma série de assassinatos com motivações racistas foram cometidos por membros de um grupo neonazista chamado Célula Zwickau, devido ao nome da cidade onde seus membros operavam. A principal preocupação do governo alemão e do ressurgimento do PND, conta um lado da história do bloqueio do Twitter. Mas, há outro lado.
O Twitter pode ter de fato aberto as “comportas” ao agir desta forma. Respeitar os direitos soberanos da Alemanha, por um lado, pode de fato levar a invadir os direitos humanos por outro lado. A questão fundamental aqui pode acabar sendo, “Quem no Twitter está qualificado para decidir a linha divisória?” Quando algum déspota ordena que a oposição seja bloqueada, quando um país qualquer passa leis que restrinjam fortemente os direitos individuais ou coletivos, então, que resposta o Twitter dará?
A decisão de bloquear contas neonazistas pode realmente ser bastante simples para os executivos do Twitter, mas será uma decisão sustentável num contexto global? O que acontecerá quando o Japão solicitar o bloqueio do grupo Chūkaku-ha? Ou quando a França exigir que tweets da Frente de Libertação Nacional de Corsica sejam bloqueados? Ou se o povo romeno for discriminado na Europa e a UE ordenar que sejam banidos do Twitter? Hoje, muitos europeus ocidentais confundem os chamados ciganos romenos com outros cidadãos da Romênia. A censura é uma espada de dois gumes.
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