Vídeo promocional dos novos aviões de combate do regime chinês está recheado de trechos do filme estrelado por Tom Cruise
A Televisão Central da China (CCTV) informou em sua edição central de notícias que a força aérea chinesa adquiriu aeronaves para combate marítimo de longo alcance, e produziu um vídeo ao vivo dos exercícios de combate de um jato Fighter J-10. Os inquietos internautas rapidamente notaram que uma das cenas de menos de dois segundos, em que aparece um avião explodindo no ar, foi retirada do filme de 1986, “Top Gun”. Uma comparação feita quadro a quadro do vídeo do noticiário da CCTV e da cena de “Top Gun” circulou amplamente na Internet.
A reportagem da Agência de Notícias de Yunan de 27 de janeiro afirmou que o vídeo em questão foi feito em 23 de janeiro. Um internauta chamado Liu Yi disse que o alvo que explodiu era um jato de combate F-5 dos EUA e que a cena era do filme “Top Gun”, no qual Tom Cruise, o protagonista, pilotava um F-14 que destruiu o F-5.
A descoberta foi publicada originalmente em 26 de janeiro às 14h48min no microblog Sina.com (o portal mais popular da China) por alguém que se autodenominava “X-rated”. Uma comparação quadro a quadro dos dois vídeos mostra que as duas cenas são idênticas, incluindo detalhes como a direção em que se movem os fragmentos da explosão e a forma da nuvem de fumaça.
O vídeo foi transmitido pela CCTV com a seguinte narração: “O Fighter J-10 é a mais nova aquisição do nosso país… [este avião] ganhou a primeira batalha contra uma divisão aliada por 13 a 1. Todos os 18 alvos foram atingidos em sua primeira prática de combate real”.
X-rated dividiu o vídeo da CCTV em três quadros (imagens) e os comparou lado a lado com a cena do filme Top Gun. “Como podem estas imagens serem iguais?”, questionou ele.
Liu Yi respondeu: “Acabei de ver as imagens. Confirmo que o alvo é um F-5.”
Liu Yi postou em seu site outra imagem do vídeo da CCTV que mostrava claramente um F-5. A mesma cena pode ser vista no filme “Top Gun” do minuto 96 ao 98 em que um F-14 destrói um F-5.
Outras pessoas notaram que a cor do vídeo em questão é mais brilhante que o resto. A conversão do formato NTSC utilizado nos EUA para o formato PAL utilizado na China pode ser a razão.
Alguns internautas sugeriram que os produtores de Top Gun devem exigir da CCTV uma indenização por prejuízos aos direitos autorais.
Não é a primeira vez que se descobre que os programas da CCTV são falsificados. A Wikipédia chinesa enumera um total de 24 incidentes com relatos de notícias falsas ou duvidosas da CCTV.
Um incidente bem documentado é o da autoimolação na Praça Tiananmen, onde a CCTV afirmou que cinco praticantes do Falun Gong atearam fogo a si próprios em 23 de janeiro de 2001. O programa foi usado pelo regime comunista para instigar o ódio contra os praticantes do Falun Gong e justificar sua perseguição ao grupo. Em março de 2002, o canal de televisão NTD apresentou o documentário “Fogo falso”, no qual são reveladas contradições na história da CCTV sobre a autoimolação; posteriormente, o documentário recebeu certificado de Menção Honrosa durante o 51º Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Columbus, capital de Ohio, EUA.
Em 27 de setembro de 2008, Xinhua, diário oficial do regime chinês, publicou um pedido de desculpas em sua página inicial pela fabricação de um artigo datado de 27 de setembro, mas que foi publicado acidentalmente dois dias antes.
O artigo era: “Uma noite emocionante no Pacífico: Shenzhou VII orbita 30 vezes”, publicado antes mesmo que a nave espacial Shenzhou VII fosse lançada. O artigo foi rapidamente excluído do site. A Grande Época, em sua edição em inglês, publicou o artigo em 28 de setembro de 2008.
A edição central de notícias da CCTV é um programa de 30 minutos transmitido todas as noites desde 1976 às 19h.