Se o regime sírio cair sob o peso da guerra civil, haverá um plano de contingência para lidar com as situações que surgirem, anunciaram a Turquia e os Estados Unidos.
No sábado, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton se reuniu com o ministro das Relações Exteriores turco Ahmet Davutoglu em Istambul, dizendo que haverá um plano formal para responder ao conflito, que já dura um ano e meio, caso a situação da Síria piore.
Uma vez fortes aliados, a Turquia nos últimos meses intensificou sua crítica ao regime do presidente Bashar Assad e tem apoiado os grupos rebeldes numa crise que apenas aumenta. Pelo menos 17 mil pessoas já morreram na violência e 140 mil refugiados se espalharam pelos países vizinhos, incluindo 50 mil que fugiram para a Turquia.
Clinton disse, sem elaborar muito, que os Estados Unidos e a Turquia coordenaram em conjunto apoiar as forças de oposição e fornecer ajuda para uma transição democrática se o regime de Assad cair, que muitos líderes ocidentais preveem que acontecerá mais cedo ou mais tarde. Ela também disse que os dois países estão trabalhando para acabar com a crise humanitária causada pela violência.
A secretária de Estado destacou a conexão libanesa entre o regime sírio de Assad e o Irã, dominado pelos xiitas e pelo Hezbollah. Estas conexões, disse Clinton, precisam ser expostas e rompidas por meio de sanções.
Clinton disse que o mais importante é que, “Há um entendimento muito claro sobre a necessidade de acabar com o conflito rapidamente, mas não fazê-lo de maneira que produza mais mortes, ferimentos e destruição”, depois que o Exército Sírio Livre e outros combatentes rebeldes montaram ofensivas contra as forças do regime em Aleppo, a cidade mais populosa, e na capital de Damasco nas últimas semanas.
“O povo sírio”, disse ela, liderará a transição e “necessitará estabilizar e eventualmente reconstruir sua economia para estabelecer segurança, proteção e também destruir as armas mais perigosas do país, incluindo as químicas. Eles terão de proteger os direitos de todos os sírios, independente da religião, [ou] de gênero.”
Cerca de três semanas atrás, a Síria admitiu que tem armas químicas e biológicas e as usaria se fosse atacada por forças externas, mas não as usaria contra seu próprio povo. Depois, o regime recuou e não admitiu nem negou ter tais armas.
Se a Síria apertar o gatilho e usar tais armas, Clinton disse que isso representará “uma linha vermelha para o mundo”.
“Temos planejado para muitas contingências, incluindo o cenário horrível da utilização de armas químicas”, disse ela, acrescentando que há um plano para “o que precisa ser feito para garantir que os estoques não sejam usados ou caiam em mãos erradas.”
Kenneth M. Pollack, pesquisador sênior do Instituto Brookings, num recente artigo de opinião, contestou a conversa de que Assad será deposto ou renunciará.
“Mesmo que ele voluntariamente deixe o cargo, sua renúncia ou fuga da Síria provavelmente não teria significado”, escreveu ele. “A guerra está sendo liderada por Assad, mas é travada pela comunidade Alawite do país e por outras minorias, que acreditam que lutam não apenas por seu lugar privilegiado na sociedade síria, mas por suas vidas.”
Se Assad fugir, disse ele, outro líder na seita Alawite, que é considerada heterodoxa por muitos muçulmanos sunitas, provavelmente sucederá Assad e continuará a luta.