Turismo de transplante na China: assassinatos por demanda

29/12/2015 22:42 Atualizado: 30/12/2015 13:36

Baseados nos princípios Verdade-Compaixão-Tolerância para viverem suas vidas diárias, milhares de praticantes de Falun Gong  desfilam com suas camisetas amarelas estampadas com “Falun Dafa é bom” nas ruas das principais cidades dos Estados Unidos e de diversas cidades do mundo, especialmente em dois dias por ano.

Eles organizam manifestações pacíficas e desfiles; contatam autoridades e distribuem panfletos informativos para ajudar a sensibilizar e conscientizar a opinião pública. Estes esforços começaram quando o Partido Comunista Chinês começou a perseguir brutalmente 100 milhões de praticantes de Falun Gong, a partir de 20 julho de 1999.

Até pouco tempo, a resposta a este tipo denúncia de perseguição tinha potencial suficiente para resultar em sanções comerciais, fomentar palestras de grande importância na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, conseguir apoio no Capitol Hill (Congresso dos Estados Unidos), e ter cobertura da grande mídia – algo certamente necessário em uma situação grave como essa.

No entanto, muitos países têm se encontrado em uma ‘dança econômica’ com a China, o que resulta em falta de apoio de países e instituições importantes, que se colocam à margem da situação.

Nos últimos 16 anos, incansáveis esforços ​​têm sido feitos para esclarecer e tocar o coração do público sobre a perseguição e o genocídio de praticantes de Falun Dafa na China. Tais esforços têm sido realizados através de ações individuais e conjuntas de milhares de praticantes de Falun Gong,  dentro e fora da China, bem como por alguns investigadores independentes, advogados de direitos humanos e ativistas, que divulgam relatórios, compilam livros e produzem documentários, baseados nas gritantes situações de abusos, violência, violações de direitos humanos, torturas e assassinatos pelas quais vêm passando os praticantes de Falun Dafa nas mãos do governo chinês.

A história moderna demonstrou que tais esforços foram recompensados, quando meios não-violentos resultaram em eventos que pareciam ser  impossíveis: a independência da Índia, em 1947; o fim do comunismo alemão e a queda do Muro de Berlim, em 1987; e a dissolução da URSS, em 1991.

Os mais recentes eventos populares organizados por praticantes do Falun Gong foram realizados em Los Angeles e em suas comunidades vizinhas, de 14 a 16 de outubro de 2015. Trajados com  camisetas amarelas, difundiram sua grave mensagem de que a perseguição ao Falun Gong na China é severa, massiva  e inclui a sanção do Partido Comunista para a extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong. A extração forçada de órgãos, que mata praticantes de Falun Dafa inocentes para a obtenção de órgãos, serve como base fundamental para o também criminoso turismo de transplante.

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O turismo de transplante na China

O turismo transplante na China baseia-se, quase exclusivamente, no assassinato de prisioneiros de consciência (pessoas inocentes cujo governo deseja reformar violentamente ou eliminar) devido à demanda de órgãos por pessoas de diversos países que necessitam de transplante: estas contatam hospitais e centros de transplantes na China, que depois de agendarem o transplante, viabilizam a sua viagem à China para a cirurgia de transplante. Nesse meio tempo, prisioneiros de consciência (dissidentes, membros de minorias étnicas e, especialmente, praticantes de Falun Dafa) são selecionados segundo o tipo sanguíneo e as características físicas, na busca de um ‘doador’ compatível. Assim que o dia da cirurgia chega, o doador forçado é assassinado, o(s) órgão(s) retirado(s) e o transplante ocorre. Esta rotina abominável e criminosa “é uma fábrica de dinheiro para os militares chineses e para os hospitais privados”, explicam dois investigadores e indicados ao Prêmio Nobel, David Matas, advogado internacional de direitos humanos, e David Kilgour, ex-Secretário de Estado canadense para a Ásia-Pacífico.

Evidências sobre a colheita forçada de órgãos dos prisioneiros de consciência na China têm sido acumuladas desde que Matas e Kilgour publicaram o seu primeiro relatório de investigação em 2006. Eles concluíram que a grande maioria das vítimas não vem de prisioneiros no corredor da morte, mas sim de prisioneiros de consciência, principalmente praticantes de Falun Dafa, que também são o maior grupo dentro dos sistemas prisionais da China, devido ao plano de erradicação sistemática dos praticantes de Falun Dafa executado pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

No relatório de 2006, Matas qualificou esta sistemática colheita forçada de órgãos por parte do PCC como “uma nova forma de mal no mundo, nunca cometida no passado por nenhum governo.”

Dr. Dana Churchill, um membro dos Doctors Against Forced Organ Harvesting, em uma manifestação pública em Los Angeles, no dia 15 de outubro de 2015 (Cat Rooney/Epoch Times)
Dr. Dana Churchill, um membro dos Doctors Against Forced Organ Harvesting, em uma manifestação pública em Los Angeles, no dia 15 de outubro de 2015 (Cat Rooney/Epoch Times)

Dr. Dana Churchill, um dos membros fundadores da DAFOH – Doctors Against Forced Organ Harvesting (Médicos Contra a Extração Forçada de Órgãos), uma organização sem fins lucrativos, com sede em Washington, DC, falou durante manifestações públicas  realizadas em Los Angeles e na praia de Santa Monica em outubro:

“O mundo nunca viu crime mais hediondo e bárbaro do que os crimes cometidos pelo Partido Comunista Chinês contra o Falun Gong.  E não apenas contra o Falun Gong, mas cotra os uigures, cristãos e tibetanos, que tiveram seus órgãos extraídos enquanto ainda vivos, contra sua vontade, na faixa etária entre 20 e 40 anos de idade, no auge de sua vida”, disse Churchill, um médico naturopata de Pasadena, Califórnia.

Achados recentes sobre o número de assassinatos, divulgados recentemente,  vão muito além das estimativas originais de vários investigadores e organizações. “Só com o Falun Gong, aproximadamente 65.000 pessoas já foram assassinadas, de acordo com dados da DAFOH, nossa organização”, disse Churchill.

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Em 17 de Julho de 2015, em Washington, DC, num encontro realizado após nove anos de investigações pela WOIPFG – World Organization to Investigate the Persecution of Falun Gong (Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong) foi anunciada a conclusão de “que desde 20 de julho de 1999, o Partido Comunista Chinês (PCC), chefiado pelo seu ex-chefe, Jiang Zemin, tem utilizado todo aparato estatal da China para a colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong vivos como parte da campanha de Jiang para ‘destruir fisicamente  os praticantes’. Isto é genocídio e crime contra a humanidade.”

Mensagem para o público

As mensagens dos praticantes de Falun Gong, em manifestações realizadas em parques e ruas dos EUA, são claras e objetivas, sejam em discursos, folhetos ou banners: elas incluem uma convocação de Jiang Zemin aos tribunais de justiça, e outra para que os cidadãos chineses da China continental renunciem ao Partido Comunista Chinês, devido à sua tirania e às suas atrocidades contra os cidadãos chineses.

“Queremos que o público saiba que a colheita forçada de órgãos está acontecendo neste momento na China, e que nós queremos que ela pare”, disse Judy Feng, de Nova Jersey, que esteve oferecendo, no último dia 16 de outubro, às pessoas em Santa Monica, panfletos e esteve recolhendo assinaturas para petições em nome do fim do genocídio de praticantes de Falun Gong na China. Ela foi uma entre as várias centenas de praticantes do Falun Gong que se reuniram naquele dia para alertar as pessoas sobre essa perseguição que está em andamento na China.

Qualquer iniciativa popular, para ser bem sucedida, necessita muito mais do que informar: precisa tocar os corações das pessoas para tornar ativo o seu apoio às causas humanitárias.

A atitude do Dr. Churchill para envolver-se com a causa foi falar desse assunto com os outros: “Levante-se! Faça o que você puder para falar sobre isso com alguém. Diga a seus pais, seus amigos, seus políticos – todo mundo que você conhece. Diga isto às pessoas e não pare até que essa prática seja interrompida. Não desista. ”

Investigações e relatórios, com depoimentos de vítimas e testemunhas oculares, dão origem a documentários impactantes e premiados

O trabalho de Matas e Kilgour deu origem a um documentário, vencedor em festivais internacionais: “Human Harvest: China’s Organ Trafficking” (Colheita humana: Tráfico de órgãos na China), também chamado de “Davids and Goliath” (Davi e Golias)  “Human Harvest “(Colheita Humana)”.  O documentário aborda a extração forçada de órgãos de praticantes de Falun Gong e oferece um panorama real do sistema de captação criminosa de órgãos utilizado no turismo de transplante que ocorre na China, apoiado e acobertado pelo governo chinês. O trailer está disponível para visualização no link HumanHarvestMovie.com.

Ethan Gutmann, um repórter investigativo especializado em China, encontrou evidências de que a prática de matar dissidentes políticos através da remoção de seus órgãos começou ainda em 1999. Ele afirma que o PCC (Partido Comunista Chinês) passou a ter um pronto fornecimento de órgãos assim que iniciou a massiva onda de prisões de praticantes do Falun Gong, após a proibição da prática no país, em 20 de julho de 1999, o que superlotou o sistema prisional chinês.

Em um filme da PBS – Public Broadcasting Service (Serviço Público de Radiodifusão) -, “Hard to Believe” (Difícil de Acreditar), ele afirma que a estimativa é a de que entre 500 mil a um milhão de praticantes de Falun Gong estejam detidos, num fluxo conrtínuo e flutuante de detenções, durante esses 16 anos de perseguição. Gutmann descreve inicialmente suas descobertas em seu livro, de 2014, The Slaughter: Mass Killings, Organ Harvesting, and China’s Secret Solution to Its Dissident Problem (A Chacina: Assassinatos em Massa, Colheita de Órgãos, e a Solução Secreta da China para o seu Problema com Dissidentes).

Os esforços de base estão sendo feitos

O público parece estar ouvindo os ativistas em prol do Falun Gong. Em 2013, a DAFOH garantiu 1,5 milhão de assinaturas de pessoas, em 50 países, que apoiam o fim da extração forçada de órgãos que ocorre na China. Esta é uma petição – passível de ser assinada via internet e também em papel -, feita pela Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, no intuito de tomar medidas para acabar com a extração forçada de órgãos e a perseguição ao Falun Gong. Apesar desta expressão pública, as Nações Unidas tem falhado em intervir.

“A DAFOH tem vários membros em todo o mundo”, disse Churchill. “Você pode acessar a lista dos membros da diretoria e do conselho consultivo no site e ver um monte doutores e chefes de departamentos de grandes universidades de todo o mundo… que têm feito um grande trabalho. Mas precisamos fazer mais, uma vez que isso ainda não acabou.”

Judy Feng, de Nova Jersey, voluntários coletam assinaturas na praia de Santa Monica junto com praticantes de Falun Gong, vestindo camisetas amarelas, em 17 de outubro de 2015 (Cat Rooney/Epoch Times)
Judy Feng, de Nova Jersey, voluntários coletam assinaturas na praia de Santa Monica junto com praticantes de Falun Gong, vestindo camisetas amarelas, em 17 de outubro de 2015 (Cat Rooney/Epoch Times)

Depois de aprender sobre a gravidade do turismo de transplante na China, instituições e países têm criado ações legais para coibí-lo. Israel proibiu a venda e a intermediação de órgãos em seu país, e cortou o pagamento do seguro de saúde para transplantes de órgãos de israelenses feitos na China – é o que afirma o site da WOIPFG. O Ministério da Saúde da Austrália fechou os programas de formação em técnicas de transplante de órgãos para médicos chineses, e aboliu as pesquisas sobre transplantes que eram feitas em conjunto com a China.

Em 2006, a resposta do Parlamento Europeu foi a de aprovar uma resolução condenando a perseguição aos praticantes do Falun Gong e expressar a sua preocupação com os relatos de extração forçada de órgãos.

Infelizmente, oito anos mais tarde, um tipo semelhante de resolução foi cancelada na Câmara dos Representantes dos EUA, em 2014, porque ela nunca foi agendada para ser votada, mesmo possuindo número recorde de representantes co-autores. Outra versão, a Resolução 343, foi proposta para uma sessão ainda em 2015, mas pode ter o mesmo destino se algo não mudar.

Até que a perseguição e o turismo de transplante na China terminem, os praticantes de Falun Gong estão comprometidos a continuar passar sua mensagem nas ruas.

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Falun Gong como uma prática espiritual

O Falun Gong era relativamente desconhecido no ocidente até o início da perseguição que vem sofrendo na China.

É uma prática de autocultivo, que aprimora simultaneamente a mente e o corpo, baseada nos princípios da Escola Buda. Apresenta padrões morais elevados como guia para o aperfeiçoamento dos indivíduos, e oferece um conjunto de exercícios  de energia (qigong) e meditação, como mostra o site do Falun Dafa .

Segundo o site do Falun Dafa, a perseguição começou, em parte, devido à imensa popularidade do Falun Gong junto à população chinesa. Devido aos princípios éticos, pacíficos e espirituais – Verdade-Benevolência-Tolerância – desagradáveis para a ala conservadora do Partido Comunista Chinês (PCC), e com o número de praticantes passando a superar o do PCC, Jiang Zemin, o então líder do PCC, sentiu-se ameaçado e criou a Agência 610, uma agência governamental secreta criada para espionar, perseguir  e procurar erradicar o Falun Gong do país. Esta agência se infiltra em todos os âmbitos da sociedade chinesa e é conhecida por sua brutalidade e seus  métodos de tortura cruéis.

Hoje temos uma situação profundamente preocupante na China: 100 milhões de praticantes de Falun Dafa sendo oprimidos brutalmente pelo governo chinês, correndo risco de vida constantemente e servindo de banco de órgãos vivos para o enriquecimento de membros do PCC através do criminoso turismo de transplantes. A vida dessas pessoas está em jogo, e somente a voz e a iniciativa de pessoas livres e humanas pode deter esse genocídio.

“A escala e o alcance dos abusos que ocorrem podem torná-la, possivelmente, a maior perseguição religiosa no mundo”, afirma o site Stop Organ Harvesting in China (Pare com a extração de órgãos na China).