“Tudo que ocorreu é retribuição”, diz policial chinês corrupto

26/07/2013 13:02 Atualizado: 26/07/2013 13:02
O policial Wang Zhenzhong e sua amante Hao Wen numa imagem que circulou amplamente na mídia social chinesa (Weibo.com)

Wang Zhenzhong lucrou significativamente com seu trabalho como policial na China, mas morreu relativamente jovem e com pesar.

Nascido em 1953 em Fuzhou, capital da província de Fujian, sul da China, Wang se tornou policial aos 20, segundo um artigo do China Forum que narrou a história de sua carreira. Ele teve uma carreira muito boa, com uma grande promoção atrás da outra. Em 1996, Wang foi designado para ser vice-diretor da Secretaria de Segurança Pública de Fuzhou (SSPF).

Quando Wang se tornou vice-diretor, ele assumiu o comando da polícia de trânsito e tinha autoridade sobre locais de entretenimento como bares de karaokê, discotecas, saunas, etc. Muitas pessoas nestas profissões o subornavam em troca de proteção. Assim, Wang acumulou riqueza rapidamente. Seu “lucro” era de mais de 1 milhão de yuanes (c. US$ 125 mil) por ano na época.

Ele também era bem conhecido nos círculos policiais por sua infidelidade à esposa. Além de ter várias amantes fora do departamento que ele sustentava financeiramente, ele tinha duas amantes na SSPF há um longo tempo.

Uma delas, chamada Hao Wen, era muito bonita e foi apelidada de “Flor da Polícia de Fuzhou”. Wang arranjou que ela trabalhasse como diretora de um escritório de nível municipal da segurança pública.

Wang Zhenzhong também tinha contato estreito com o diretor da agência local do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) e com oficiais militares de alto escalão. Com estas conexões, ele foi capaz de entrar no mercado de carros usados de Fuzhou, que era controlado por dois grandes grupos sob a proteção de um assessor de confiança de Wang. A renda ilegal de Wang nesta época era de mais de 100 milhões de yuanes (US$ 12,5 milhões) por ano.

Fugindo para os EUA

Os problemas do fabulosamente rico Lai Changxing da província de Fujian de repente complicaram a vida de Wang. Lai foi acusado nos anos 1990 de ser um contrabandista num caso de corrupção amplamente divulgado, acusações que Lai negou.

Wang dava proteção para o maior sindicato do crime na província de Fujian, a Gangue do Silêncio. Após o caso de contrabando de Lai Changxing ser posto sob os holofotes, indicações políticas na província de Fujian tiveram de ser embaralhadas e a conexão da Gangue do Silêncio com um governador de condado foi exposta.

Wang percebeu que também poderia ter problemas a qualquer momento. Com algum esforço, ele conseguiu passaportes para si e Hao Wen.

Para salvar a própria vida, Lin Qiuwen, o líder da Gangue do Silêncio, confessou no cárcere que Wang Zhenzhong fornecia proteção policial. Deste modo, o envolvimento de Wang em vários crimes econômicos foi exposto.

Na manhã de 22 de maio de 2002, Wang foi convidado a se encontrar com oficiais disciplinares provinciais. Chocado e com medo, Wang e sua amante Hao Wen usaram os passaportes preparados com antecedência para fugir para os Estados Unidos.

Wang levou consigo mais de 10 milhões dólares quando escapou e investigadores que vasculharam sua casa encontraram outros 30 milhões de yuanes (US$ 4,89 milhões).

Recebendo asilo

De acordo com o artigo do China Forum, após Wang ter escapado, a Secretaria de Segurança Pública emitiu um mandado de captura global.

Wang temia ser extraditado, então, ele imediatamente pediu asilo político num escritório de imigração dos EUA. Wang e Hao levaram consigo documentos ultrassecretos: ordens do CAPL, da Secretaria de Segurança Pública e da Secretaria Nacional de Segurança para reprimir severamente o Falun Gong.

Ele entregou estes documentos a autoridades norte-americanas e afirmou que foi forçado a fugir para o exterior porque se recusou a cumprir as ordens de perseguir o Falun Gong. Seu pedido foi aprovado. Wang é o mais alto oficial da polícia a escapar da China.

A fuga de Wang despertou tremenda raiva em Fuzhou. Jia Chunwang, que era então diretor da Secretaria de Segurança Pública em Fuzhou foi encarregado de investigar e limpar todo o sistema de segurança pública. Quatro oficiais que estavam envolvidos no caso de Wang foram punidos e mais de 40 policiais de nível médio foram rebaixados.

Últimas palavras de Wang

Wang e sua amante gastaram mais de um milhão de dólares para comprar uma propriedade de luxo na Califórnia. Eles dirigiam um Buick para casinos e restaurantes e exibiam seu estilo de vida extravagante em lugares públicos diante de chineses residentes locais. Um ano mais tarde, Wang e Hao tiveram uma filha e viviam confortavelmente.

No entanto, membros de gangue que foram anteriormente chantageados por ele em Fuzhou pediram a uma gangue chinesa nos EUA para forçarem Wang a devolver o dinheiro. Estes membros de gangue ameaçaram Wang que, se ele não devolvesse o dinheiro cortariam as mãos de Hao Wen e os pés de Wang. Para protegê-la, Wang se divorciou e a escondeu em outro lugar.

Seis meses depois, Hao Wen conheceu outro milionário chinês nos Estados Unidos e foi viver com ele, distanciando-se de Wang. No segundo semestre de 2005, Wang foi diagnosticado com câncer de fígado. Durante sua doença, Hao nunca o visitou, nem sequer uma vez.

Em 10 de junho de 2007, lutando desesperadamente contra o câncer, Wang deixou para trás apenas uma frase antes de falecer: “Tudo o que ocorreu é retribuição.”

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT