Troca de militares em Pequim indica intensificação da campanha de Xi Jinping

06/04/2015 20:30 Atualizado: 06/04/2015 20:30

A Guarnição de Pequim do Exército Popular de Libertação (ELP) tem uma das missões mais importantes e sensíveis nas forças armadas chinesas: proteger outras instalações da EPL, fornecer apoio logístico ao Departamento Central de Segurança e auxiliar na proteção das altas lideranças do Partido Comunista Chinês, PCC.

As lideranças do PCC sempre viveram sob a máxima maoísta de que o poder político nasce do cano de uma arma. Por isso, para garantir o poder político, além da Guarnição de Pequim do Exército Popular de Libertação, há as tropas da Zona Militar de Pequim, que protegem a capital, e  há também a guarda do Departamento Central de Segurança, que  pessoalmente faz a segurança dos principais líderes do PCC. Por isso, é significativo quando há mudanças nas lideranças desses três órgãos.

Mudanças de comando nesses órgãos sugerem que Xi Jinping está aumentando seu controle sobre setores militares críticos e assim protegendo seu flanco à medida que sua campanha anticorrupção se estende para dentro dos meios militares e do próprio PCC.

O sigilo instintivo do PCC, muitas vezes, significa que as nomeações para cargos vêm sem anúncio prévio. Os oficiais simplesmente aparecem em público já nos novos cargos e é desse modo que sabemos das mudanças.

Esse foi o caso de Wu Aimin, que participou de uma conferência militar em 18 de março, em Pequim, já como vice-comandante da Guarnição de Pequim (anteriormente, ele era um comandante de terceira divisão da guarnição).

Há também Jiang Yong, que, em 08 de janeiro, se apresentou num evento militar como o comissário político da Guarnição de Pequim. Jiang serviu anteriormente na Zona Militar de Nanjing, como o fez também o líder do Partido, Xi Jinping. Jiang Yong veio se juntar ao grupo de homens leais a Xi.

A Zona Militar de Pequim, encarregada de defender a capital da China, com cerca de 300.000 tropas, também foi alvo de uma série de mudanças no alto comando.

Primeiro, Liu Zhigang, um vice-comandante da Zona Militar de Pequim, foi exonerado e transferido como adjunto da menos crítica Zona Militar de Jinan. Liu foi secretário do ex-vice-presidente da Comissão Militar Central, Guo Boxiong, que está sob forte investigação. Guo, assim como outras lideranças veteranas expulsas do PCC, é amigo íntimo de Jiang Zemin, líder do Partido Comunista de 1989 a 2002 e alvo da campanha de Xi Jinping.

Um camarada de Liu Zhigang, Qi Changming, ex-vice-chefe de gabinete da Zona Militar de Pequim, foi mandado para o “pasto” (Zona Militar de Lanzho), no sudoeste da China. Qi foi o secretário de Xu Caihou, outro militar peso pesado expulso do PCC e que atuou nas forças armadas como os olhos, os ouvidos e as mãos de Jiang Zemin durante muito tempo depois que Jiang deixou o PCC, de acordo com recentes revelações na imprensa chinesa.

Grande parte do foco da campanha de Xi Jinping para retificação do PCC tem sido para limpar a rede de controle e influência que vinha sendo operada por Jiang Zemin. Notavelmente, essa rede incluiu Zhou Yongkang, que controlou todo aparato de segurança do PCC e deteve um orçamento maior do que o do próprio exército chinês.

Notícias mais recentemente informam que Zhou Yongkang e Bo Xilai (um membro expulso do Politburo) estão envolvidos em “atividades políticas desestabilizadoras”. Isso tem sido amplamente interpretado como significando que os dois formaram uma facção sediciosa que procurou inviabilizar o governo do líder Xi Jinping.

Na Zona Militar de Pequim, sangue fresco foi injetado: Song Puxuan, ex-diretor da Universidade de Defesa Nacional, foi nomeado comandante da Zona Militar de Pequim; Bai Jianjun, ex-chefe de gabinete da Zona Militar de Pequim tornou-se o vice-comandante; Gao Donglu, ex-membro do Comitê do Partido Municipal de Pequim, foi nomeado comissário político adjunto; Lu Zesheng, ex-comandante da Zona Militar de Hebei, tornou-se chefe de gabinete.

Mudanças importantes também foram feitas no Departamento Central de Segurança, que protege a elite do Partido Comunista Chinês. Wang Shaojun, que disse ter sido guarda-costas pessoal de Xi Jinping, foi promovido de vice-secretário do Departamento a chefe dele, de acordo com a South China Morning Post.

O aparato de segurança pública de Pequim também teve outra mudança: Wang Xiaohong, um ex-subordinado de Xi Jinping quando de seu mandato na província de Fujian, na década de 1990, onde foi secretário do PCC, foi nomeado chefe do Gabinete de Segurança Pública na capital.

Essas mudanças foram veiculadas nas principais mídias chinesas. Também incluíram uma brilhante avaliação sobre a história de serviços prestados por Wang.