Três motivos para preferir a sala de emergência ao médico particular

29/08/2013 19:53 Atualizado: 29/08/2013 19:53
Alana Marie, de dois anos, dorme enquanto sua mãe espera pela assistência gratuita na clínica de Los Angeles Sports Arena. (ROBYN BECK/AFP/GettyImages)
Alana Marie, de dois anos, dorme enquanto sua mãe espera pela assistência gratuita na clínica de Los Angeles Sports Arena. (ROBYN BECK/AFP/GettyImages)

Muitas pessoas de baixa renda preferem as salas de emergência aos clínicos gerais, e há boas razões para isso, de acordo com um estudo realizado pela Escola de Medicina “Perelman” da Universidade de Pensilvânia. Alguns responsáveis pela política médica no país consideram que um alto uso das emergências por parte de pessoas menos favorecidas é um abuso do sistema, porém a escolha feita pelos pacientes tem um aspecto muito racional, segundo a nova pesquisa.

Os investigadores entrevistaram 64 pacientes de baixo nível socioeconômico que preferiam receber atenção médica dos hospitais. Em um comunicado à imprensa, David Bravo, professor assistente de medicina e autor principal da pesquisa, disse que o estudo desacreditou a ideia de que a pessoa de nível socioeconômico baixo devem aprender a como obter atenção médica ou que estão abusando dos serviços de emergência. Pelo contrário, os pacientes cuidadosamente explicaram as formas que o sistema médico incentiva a espera até que se necessite da atenção hospitalar.

“Para evitar uma sobrecarga do sistema, é importante que os serviços de consulta externa sejam mais atrativos para os pacientes com menos recursos, pois aborda suas preocupações sobre custos, qualidade e acessibilidade”, disse a autora principal Shreya Kagovi, em um comunicado. Kangovi é Diretora do Centro Penn para os Trabalhadores de Saúde Comunitária.

Os centros para controle e prevenção reportaram um total de 129,8 milhões de visitas à emergências por ano. Pessoas sem plano de saúde geralmente são os usuários mais frequentes dos serviços de emergência. As pessoas que possuem plano de saúde também estão aderindo a essa alternativa com maior regularidade.

Qualidade

As pessoas com plano de saúde que preferem as salas de Emergência consideram que a atenção e os serviços recebidos nos hospitais são melhores em comparação a uma consulta feita por um médico em consultório particular. “Meu médico particular não me ajudou muito. Tive que ir a uma emergência para resolver minha enfermidade. Ele não teve sucesso”, disse um dos participantes, de acordo com um comunicado de imprensa da Penn Medicine.

Conveniência

As complicações surgem quando se trata de fazer uma consulta com um médico em seu consultório. As linhas telefônicas podem estar ocupadas, e muitas vezes somos sujeitos a gravações que são difíceis de entender. Além disso, existe uma dificuldade ocasionada ao procurar um profissional médico do seu local de trabalho, fazendo com que seja mais difícil para as pessoas com recursos limitados conseguir contato com um médico.

O tempo médio de espera para ter acesso a um médico devido a uma enfermidade leve, moléstias ou dores, podem durar mais de duas semanas. O transporte é a princípio um problema, porém a sala de emergências é uma parada única.

Custo

Fazer uma visita a um médico clínico geral, e logo em seguida retirar outra ficha para consultar um especialista, para depois ir a um laboratório realizar mais exames, nem sempre é rentável, inclusive com plano de saúde. Para pessoas com baixa renda que possuem Medicaid (seguro médico popular nos EUA), por exemplo, a atenção ambulatorial e a atenção emergencial são similares em termos de custos, de acordo com o estudo. Porém, na sala de emergência não há uma segunda visita a um especialista, ou gastos extras com transporte.

O estudo foi publicado na edição de julho da revista Health Affairs.