Em 23 de agosto, três altos funcionários na província de Shanxi, Norte da China, foram destituídos, os primeiros “tigres” expurgados no âmbito da campanha anticorrupção em andamento na China desde a queda do ex-chefe da segurança interna Zhou Yongkang em 29 de julho. ‘Tigre’ é um jargão na China por um alto funcionário corrupto.
Nie Chunyu, o chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) em Shanxi, e Chen Chuanping, o chefe do PCC na capital da província, a cidade de Taiyuan, foram investigados por “graves violações da disciplina e da lei”, segundo a agência anticorrupção do regime chinês, o Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), na manhã de sábado. Nie e Chen são ambos membros do Comitê Permanente da província de Shanxi. Os anúncios da exoneração dos dois ocorreram com apenas alguns minutos de diferença. Nenhum detalhe sobre sua corrupção foi liberado.
Ironicamente, a manchete de sábado na mídia estatal Diário de Taiyuan era sobre Chen Chuanping ter organizado e dirigido uma conferência do governo na cidade em 22 de agosto para ouvir os relatórios de combate à corrupção. Ambos Nie e Chen teriam participado da reunião do Comitê Permanente de Shanxi um dia antes de sua investigação.
Na internet, o povo chinês encontrou um rico material para zombar da reportagem e anúncio recentes. “Funcionários corruptos ouvindo relatórios de trabalho de combate à corrupção e dirigindo reuniões para construir um governo limpo. Que notícia magnífica!”, escreveu Fu Guoyong, um escritor chinês na província de Zhejiang, Leste da China, no Weibo, uma plataforma de mídia social chinesa similar ao Twitter.
“Desse jeito, como as pessoas podem acreditar no que as autoridades dizem?”, questionou Lin Lushan, um intelectual chinês da província de Guangdong, Sul da China, no Weibo.
Mais tarde na noite de 22 de agosto, Liu Suiji – o secretário do Comitê Político-Legislativo de Taiyuan, diretor da Secretaria de Segurança Pública de Taiyuan e membro do Comitê Permanente Municipal – também foi posto sob investigação, segundo o website The Paper de Shanghai. A Secretaria de Segurança Pública de Taiyuan anunciou no dia seguinte que o vice-diretor da Secretaria, Fan Wang, assumiu a posição de diretor.
Relatórios da corrupção de Liu Suiji emergiram na internet em março passado, incluindo informações acusando-o de peculato, abuso de poder, interferência no setor imobiliário, proteção de criminosos, transferência de dinheiro para fora da China usando jovens que estudam no estrangeiro, ter amantes, etc.
Liu Suiji consta como um importante participante e promotor da campanha de perseguição ao Falun Gong, segundo a ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ (WOIPFG). Como secretário-chefe do Comitê Político-Legislativo de Taiyuan e diretor da Secretaria de Segurança Pública, Liu Suiji participou ativamente e organizou a perseguição aos praticantes do Falun Gong em Taiyuan, segundo o website do Falun Gong no estrangeiro Minghui.org. Os líderes do PCC, temendo a grande popularidade do Falun Gong, proibiram e começaram a perseguir a prática espiritual em 1999.
Mais de 2 mil artigos sobre praticantes do Falun Gong em Taiyuan sendo detidos, presos, condenados à prisão, torturados e mortos pelas forças de segurança locais podem ser encontrados no website do Minghui, que coleta informações e testemunhos sobre a perseguição diretamente de cidadãos na China continental.
Por exemplo, dúzias de praticantes do Falun Gong em Taiyuan foram sequestrados em suas casas pela polícia devido a sua crença em 29 de novembro de 2010, e foram enviados para um centro de educação política para lavagem cerebral e conversão, segundo um artigo do Minghui.
A província de Shanxi, dentre outras na China, tem sido sacudida pela campanha anticorrupção que começou um ano e meio atrás com o novo governo do líder chinês Xi Jinping. Cinco funcionários provinciais e 14 municipais e departamentais em Shanxi foram exonerados devido à corrupção. Du Shanxue, o vice-governador de Shanxi, e Ling Zhengce, o vice-presidente do Comitê Permanente do PCC em Shanxi, foram investigados no mesmo dia em 19 de junho. Jin Daoming, o vice-diretor da Assembleia Popular Provincial de Shanxi, foi investigado em fevereiro deste ano.
