Transferência de poder no regime chinês aproxima-se da hora decisiva

23/06/2012 03:00 Atualizado: 23/06/2012 03:00

Zhou Yongkang (esquerda), o secretário do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos do Partido Comunista Chinês, em 2007, e Bo Xilai, em março de 2011. (Teh Eng Koon/AFP/Getty Images; Feng Li/Getty Images)Enquanto o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) se aproxima rapidamente, o rearranjo do poder dentro do PCC entrou numa fase crítica. Na reunião de Beidaihe de julho de 2012, espera-se que os líderes maiores do PCC decidam sobre os novos líderes do regime.

No entanto, um anúncio sobre quem liderará o PCC pelos próximos 10 anos não será feito até outubro ou novembro, seguindo a tradição secreta de transferência de poder no regime.

Este ano, devido aos escândalos de Wang Lijun, o ex-vice-prefeito de Chongqing, e Bo Xilai, o ex-secretário do PCC em Chongqing, a cortina sobre as negociações internas do regime foi até certo ponto levantada. Com a ajuda de um software que contorna o bloqueio da internet chinesa, os chineses agora também têm acesso à informação livre de todo o mundo.

A edição de junho da revista Chengming de Hong Kong informou que dois vice-presidentes da Comissão Militar Central (CMC), oito membros do CMC, o ministro da Defesa e o chefe de Estado Maior do Exército da Liberação Popular (ELP) escreveram em conjunto ao Comitê Central do PCC solicitando que Hu Jintao continue a ser a presidente do CMC após o 18º Congresso.

O ex-líder chinês Jiang Zemin pode ter estabelecido um precedente ao insistir em servir como presidente do CMC quando não era mais o secretário-geral do PCC. Uma fonte de Pequim disse ao New Epoch Weekly que diferentes facções deram apoio tácito a Hu para servir como presidente por mais um ano.

Outra fonte bem informada disse ao New Epoch Weekly que o plano original de Hu para o 18º Comitê Permanente do Politburo (CPP), incluía o vice-primeiro-ministro Li Keqiang; Li Yuanchao, o chefe do Departamento de Organização; Ling Jihua, o chefe do Gabinete Geral do Comitê Central; e Zhou Qiang, o secretário do PCC em Hunan, que são todos membros principais da facção da Liga da Juventude Comunista liderada por Hu.

O escândalo de Wang Lijun, no entanto, levou à expulsão de Bo Xilai e implicou o chefe da segurança pública Zhou Yongkang; Bo e Zhou são aliados de Jiang Zemin. O escândalo também expôs os planos de golpe de Bo e Zhou para impedir a sucessão suave de Xi Jinping, o suposto próximo líder chinês.

Partidários de Jiang estão agora numa luta desesperada para permanecer no poder. Hu, portanto, foi forçado a deixar de lado seu plano para a próxima sucessão e tem se concentrado em manter o controle do exército.

A fonte disse que desde que Jiang está com a saúde frágil, seus apoiadores querem que Zhou mantenha o poder. Eles concordaram em permitir que Hu mantenha o controle dos militares sob a condição de que a investigação atual em andamento sobre Bo não implique Zhou.

Um website dissidente chinês no estrangeiro informou no final de maio que o número de membros do CPP seria reduzido de 9 para 7.

Um artigo de 8 de junho de um jornal de Hong Kong, o Diário da Manhã do Sul da China, também disse que o número é susceptível de ser reduzido a sete. O artigo prevê que, além de Xi Jinping e Li Keqiang, aqueles que provavelmente constam na lista são: Yu Zhengsheng, o chefe do PCC em Shanghai; Zhang Dejiang, o vice-primeiro-ministro e chefe interino do PCC em Chongqing; o vice-primeiro-ministro Wang Qishan; Li Yuanchao, o chefe do Departamento de Organização; e o chefe da propaganda Liu Yunshan.

O Washington Post também informou que os membros seniores do PCC realizaram uma pesquisa interna em meados de maio para selecionar seus líderes favoritos para os próximos 10 anos. Embora o voto não fosse decisivo em determinar a linha exata da liderança, seus resultados terão um impacto importante sobre a seleção atual dos principais líderes do PCC, disse o artigo.

Esta predição provocou uma discussão acalorada, porque não incluía Wang Yang, o secretário do PCC em Guangdong; e com exceção de Li Keqiang e Li Yuanchao, que pertencem à facção da Liga da Juventude de Hu, o resto todo pertence à facção de Jiang.

Apesar da previsão da postagem, o website dissidente chinês Boxun afirmou recentemente que segundo novas informações, o número de membros do CPP pode ainda continuar sendo nove, o que significaria que mais dois candidatos competem pelos assentos extras.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.