NOVA YORK – A medicina de transplante de órgãos é uma tecnologia incrível que salva vidas, sob circunstâncias corretas. Infelizmente, devido a uma escassez de órgãos disponíveis, um novo crime do século 21, o tráfico de órgãos, tem fornecido órgãos a pessoas com dinheiro que pagam grandes quantias por uma nova vida.
O tráfico de órgãos envolve a colheita e a venda de órgãos de doadores involuntários ou doadores que vendem seus órgãos em circunstâncias eticamente questionáveis. Isto está acontecendo em muitos lugares no mundo, mas especialmente na China.
A cena do crime requer um doador, um médico especializado e uma sala de operações. Muitas vezes, um receptor também está próximo, já que os órgãos não sobrevivem muito tempo fora do corpo.
A realização do crime é tentadora para criminosos, porque é altamente lucrativa e a demanda também é atraente. Normalmente, os destinatários não são informados de onde vem o órgão e cirurgiões que realizam os transplantes também podem estar no escuro sobre a fonte.
O tráfico de órgãos viola os direitos humanos fundamentais, mas essas questões permanecem fora do radar e autoridades policiais e outras, que estão em posição de agir, não levam a questão a sério, disse Ashok Vaseashta, diretor do Instituto de Convergência de Ciências Avançadas dos EUA e um prestador de serviços para o Departamento de Estado dos EUA.
Isso pode acontecer de várias maneiras, segundo Debra Budiani-Saberi, uma antropóloga médica que estuda o tráfico de órgãos desde 1999. Indivíduos em situação de vulnerabilidade, como refugiados, podem ser forçados a ficarem em dívida e então receberem uma oferta “oportuna” para “doar” um órgão e pagar a dívida.
Outros doadores podem ser oferecidos pagamento pelos órgãos, uma prática de exploração que é proibida em quase todos os países do mundo devido a preocupações óbvias com a ética e o potencial para abuso, disse Budiani-Saberi.
Na China, um ponto crítico mundial do transplante de órgãos e do turismo de transplante, os órgãos são obtidos a partir de seu vasto sistema de prisões e campos de trabalhos forçados. Doadores incluem criminosos condenados, bem como dissidentes políticos, tibetanos e praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong, segundo Arthur Caplan, professor e chefe da Divisão de Bioética do Centro Médico Langone da Universidade de Nova York.
O regime chinês afirma que sua fonte de órgãos são os prisioneiros executados, mas os números não batem. De acordo com dados compilados em 2006 no relatório “Colheita Sangrenta” dos autores David Matas e David Kilgour, entre 2000-2005 foram feitos 41.500 transplantes de órgãos que tiveram praticantes do Falun Gong como a fonte mais provável. O regime chinês começou a perseguir e deter os adeptos do Falun Gong em 1999.
A “Colheita Sangrenta” é uma investigação sobre o tráfico de órgãos sancionado pelo Estado chinês, uma prática que mata seus doadores no processo. Chineses e estrangeiros ricos que vão à China para transplante obtêm esses órgãos daqueles detidos no vasto sistema prisional e de campos de trabalho da China.
Não há como você obter o número de transplantes feitos na China a menos que você execute pessoas sob demanda, disse Caplan. “O que está acontecendo é que os chineses estão executando sob demanda para conseguir partes”, acrescentou ele.
A “Colheita Sangrenta” documenta websites chineses prometendo rins num prazo de uma semana, assegurando inclusive a substituição do órgão caso a primeira tentativa de transplante falhe. Em países com leis rígidas que regem os transplantes de órgãos, o tempo de espera é tipicamente superior a um ano.
Médicos militares chineses têm acesso a enormes bancos de órgãos vitais alojados no vasto sistema prisional e de campos de trabalho do país e eles descobriram como tirar proveito disso, segundo a “Colheita Sangrenta”.
Praticantes do Falun Gong que sobreviveram à prisão e aos campos de trabalho relataram serem submetidos a exames de sangue e físicos quando detidos, segundo estudos de casos documentados pelos autores do relatório. Exames de sangue são essenciais para a compatibilidade bem sucedida entre doadores de órgãos e destinatários.
Um receptor do órgão que se encontrou com Matas e Kilgour relatou duas viagens distintas a um hospital militar chinês em Shanghai, onde foi presenteado com oito rins antes que um compatível pudesse ser encontrado. O homem contou que o médico militar, Sr. Tan, tinha uma prancheta com uma lista que ele verificaria antes de voltar com novos rins após um período de duas a três horas.
Órgãos são importantes porque são escassos e isso faz a ilícita colheita de órgãos extremamente lucrativa. Não é incomum que beneficiários paguem 200 mil dólares por um rim. Em 2005, o Website Centro de Assistência da Rede de Transplante Internacional da China listava o preço de um rim em 62 mil dólares, um fígado entre 98-130 mil dólares e um pulmão entre 150-170 mil dólares. Muita informação sobre preços e tempo de espera foi removida dos websites de centros de transplante da China após alegações sobre a colheita de órgãos ilegal e em massa no país vir a público em 2006.
Cerca de 50 bilhões de dólares são arrecadados anualmente por traficantes de órgãos em todo o mundo, segundo Vaseashta. O número baseia-se na combinação de dados extrapolados de vários indicadores, como conversas telefônicas e comunicação por correio eletrônico. Porque os crimes são ilícitos, a coleta de dados é um desafio, mas necessária, explicou Vaseashta.
“Isso é motivado pelo dinheiro e a conexão financeira facilita o comércio”, disse Vaseashta, que se juntou a Budiani-Saberi, Caplan e outros pesquisadores de destaque num painel em Nova York em 14 de fevereiro, intitulado “Crimes do Século 21: Tráfico de Órgãos, Saúde Global e Segurança”. O painel foi patrocinado pela Iniciativa Bioética Global, uma organização sem fins lucrativos que trabalha para melhorar a qualidade de vida de populações vulneráveis globalmente.
Caplan disse que parte da solução do problema na China é pressioná-la a cumprir com as normas internacionais para o transplante de órgãos ético. Ele acrescentou que o Departamento de Estado norte-americano poderia fazer mais, porque a China é sensível à pressão, por querer penetrar na comunidade internacional.
Os chineses precisam entender que “eles precisam vir a bordo com padrões mínimos”, disse ele.
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