O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) inaugurou, em outubro, um novo espaço para a realização das atividades de diagnóstico por imagem. O tradicional ambiente frio e sem vida foi transformado num espaço leve e divertido. Ao entrar na sala de espera, os pacientes são surpreendidos com paredes coloridas, em que micos dividem espaço com coqueiros e guarda-sóis. Contudo, a maior surpresa se dá ao entrar na sala para a realização da tomografia.
A começar pelo próprio tomógrafo, que ganhou uma pintura especial, transformando-se num barco. Todo o ambiente foi inspirado no cartão postal vizinho ao Instituto. Estampado no fundo da sala, o Pão de Açúcar imprime ainda mais harmonia ao ambiente de praia espalhado por todos os cantos. Já as salas de raio-X simulam o fundo do mar. Nelas, as paredes imitam aquários, com adesivos de peixes e luzes que foram instaladas especialmente para causar esse efeito.
“Antes a gente falava para a criança ‘você vai entrar num túnel’, só que ela não tinha essa sensação. Hoje a gente fala ‘você vai mergulhar no mar, vai andar de barco’, e ela consegue imaginar isso, pois o cenário todo foi feito nesse contexto. Até a sala de espera foi humanizada”, afirma a responsável pelo Serviço de Imagem da unidade, Márcia Boechat. Ela destaca que, como a maioria do público do setor é infantil, há muito tempo a equipe buscava formas de tornar o ambiente mais agradável e acolhedor.
“Trabalhávamos com soluções ‘caseiras’ como o uso de brinquedos e enfeites. Então, com a substituição do tomógrafo, tivemos a ideia de humanizá-lo, como aconteceu em outros hospitais. O nosso diferencial é que não somente o tomógrafo foi customizado. Por sugestão da Criare Design, responsável pelo projeto, integramos todos os ambientes com a mesma temática. E a Direção do IFF apostou na ideia”, enfatiza Márcia.
Segundo a física-médica e supervisora de radioproteção do Instituto, Thainá Olivieri, co-idealizadora da reforma, o principal benefício das mudanças é a agilidade. “Com a nova ambientação, precisamos de menos tempo para encaminhar o paciente e acomodá-lo para a realização do exame. A satisfação das crianças também é um fator muito positivo, principalmente quando estão internadas e precisam vir ao setor para algum procedimento. Nesses casos, era comum a criança ficar agitada na véspera do exame. Hoje conseguimos evitar esse sentimento”, afirma Thainá.
Outra vantagem da rapidez na realização dos procedimentos, segundo Márcia, é a diminuição do tempo em que a criança fica exposta à radiação. “As crianças são muito mais sensíveis à radiação do que os adultos. Por isso, diminuir o período de exposição e evitar a repetição desnecessária de exames, minimizando a absorção da radiação pela criança, são as nossas prioridades”, argumenta.
Janaína Lima, mãe de dois usuários do IFF, conta que os filhos ficaram encantados com as novas salas. “Da última vez que a Jamilly veio fazer um exame, eu estava grávida. Por essa razão, não pude acompanhá-la e ela chorou muito. Hoje ela ficou tranquila. O mesmo aconteceu com o Pedro. E olha que ele acabou de fazer uma cirurgia e estava com pavor de hospital. Difícil será tirar eles daqui”, brincou a mãe. Esta é a maior recompensa alcançada pelo Instituto, na avaliação de seu diretor, Carlos Maciel. “Resolvemos investir na mudança porque acreditamos na sua importância para o projeto de humanização que vem sendo desenvolvido aqui. Somos referência para o Ministério da Saúde (MS) na atenção à criança e ao adolescente, então, nada mais natural que investir em propostas como essa. O investimento financeiro é pequeno perto do resultado que gera para as crianças”, conclui Maciel.
Design que humaniza a atenção
A Criare Design, responsável pela reforma no Serviço de Imagem do IFF, é formada por profissionais especializados na criação de projetos inovadores na área da saúde. Baseadas no conceito de Design Thinking, equipes colaborativas formulam soluções a partir de um diagnóstico da instituição, feito por meio da observação da rotina de funcionários e usuários. Seguindo as diretrizes defendidas pela Política Nacional de Humanização (PNH/MS) para o Sistema Único de Saúde (SUS), a empresa utiliza o design como ferramenta para melhorar os serviços, promover o bem-estar e amenizar o desconforto dos usuários em unidades hospitalares.
Esse conteúdo foi originalmente publicado no site da Agência Fiocruz