Clamores correram o mundo após dois estudiosos italianos anunciarem em 5 de julho que encontraram 100 das primeiras obras, principalmente desenhos e algumas pinturas, agora considerados da juventude de Michelangelo Merisi, conhecido por Caravaggio (1571-1610). Caravaggio era um estudante na oficina do pintor maneirista Simone Peterzano de 1584 a 1588.
A descoberta pode representar um ponto de virada no estudo do famoso pintor italiano. Por mais de um século, historiadores da arte têm procurado as obras da juventude de Caravaggio. Os resultados do estudo projetariam uma nova luz sobre as obras do processo de amadurecimento de Caravaggio.
Por dois anos, os historiadores da arte Maurizio Bernardelli Curuz e Adriana Conconi Fedrigolli compararam os desenhos do Fondo Peterzano com as obras da maturidade de Caravaggio, pintados durante sua estada em Roma e depois em Nápoles, Itália. O Fondo Peterzano é uma coleção de obras de seu professor da escola, preservadas no Castello Sforzesco em Milão, Itália.
“A descoberta veio quando foi possível ver que estes desenhos retornaram nas pinturas de sua maturidade”, disse Maurizio Bernardelli numa entrevista com a agência de notícias italiana ANSA, que deu a notícia sensacional exclusivamente em 5 de julho.
E isso foi possível, disse Bernardelli, porque eles se aproximaram do problema a partir do zero, eliminando os pressupostos e resultados de pesquisas anteriores. “Nós pensamos que os desenhos iniciais de Caravaggio não foram encontrados porque houve um erro na corrente, uma suposição errada”, disse ele.
De acordo com os dois estudiosos, historiadores da arte do passado sempre partiam da ideia de que os desenhos preservados no Castello Sforzesco fossem obras de Peterzano e não de seu ilustre aluno. Isso foi suficiente para torná-los incapazes de reconhecerem nestes trabalhos a mão diferente do jovem discípulo.
Depois de uma pesquisa sistemática e detalhada, os dois pesquisadores afirmam agora que já rastrearam 83 figuras daqueles desenhos que são retomadas em obras da maturidade de Caravaggio, provando que o jovem pintor deixou Milão com modelos e cabeças prontas para serem usados em pinturas romanas.
Segundo os pesquisadores, as obras representam um verdadeiro tesouro para a cidade de Milão, que é o dono delas. Eles alegam que, segundo uma estimativa aproximada, as obras valeriam 700 milhões de euros (860 milhões de dólares).
A pesquisa tem causado uma comoção no mundo da arte e foi recebida com cautela por especialistas e estudiosos, que têm mostrado interesse, enquanto expressam a necessidade de verificarem o conteúdo do estudo.
Os autores do estudo publicaram dois volumes de um ebook com cerca de 500 páginas cada um, intitulado “Jovem Caravaggio, uma centena de obras redescobertas”, disponível online em quatro idiomas.
