Para milhares de agricultores franceses, a arremetida “verde” saiu da propaganda e virou hostil realidade. O governo francês “vermelho-verde” está decretando sucessivos impostos para “salvar o planeta”. A gota d’água foi a chamada “ecotaxa” que incide sobre os caminhões, mas acaba sendo paga pelos produtores rurais.
Impressionantes portais carregados de sensores para flagrar caminhões, cargas, emissão de CO2, etc. têm sido instalados em autoestradas e simples estradas da França. A “ecotaxa” deve render ao governo vários bilhões de euros por ano.
Os produtores veem nesse enorme sistema de controle os símbolos de uma ditadura “verde-vermelha” que asfixia mortalmente as regiões agrícolas.
Na Bretanha, a indignação popular literalmente pegou fogo. Na cidade de Quimper, 30 mil pessoas protestaram em manifestação pacífica que foi objeto de violenta, mas inútil, repressão policial.
Os manifestantes se identificavam levando a bandeira da Bretanha e usando bonés vermelhos. Na região nunca existiu o pedágio, nem mesmo na Idade Média. Quando no século XVII o absolutismo real tentou impor um imposto semelhante, a região se insurgiu usando “bonés vermelhos” e o ministério real voltou atrás.
O protesto desta vez foi nacional, mas especialmente forte na Bretanha região de agricultores e pescadores. Perto de cinquenta dos imensos pórticos de controle excogitados pelo dirigismo “verde” foram derrubados e/ou danificados nesses protestos em todo o país.
O governo socialista, no qual faz parte o Partido Verde, compreendeu logo que a partida estava quase perdida e anunciou a suspensão da totalitária “ecotaxa” que devia entrar em vigor no início de 2014. Também ordenou a remoção dos pórticos de controle instalados ao preço de mais de três milhões de reais cada.
Segundo Christian Troadec, prefeito de Carhaix: “É melhor que o governo os desmonte por conta própria. Em qualquer caso, eles não ficarão aí”, noticiou “Le Figaro”.
Porém, os agricultores não aceitaram a suspensão que julgam ser um ardil enganoso. Eles exigem a supressão completa do imposto que esmaga a atividade produtiva com pretextos ocos ou insinceros.
O primeiro-ministro socialista Jean-Marc Ayrault passou a imagem de um governo petulante, mas paralisado pelo furor dos manifestantes e pelo descontentamento da maioria dos franceses, segundo o jornal “Le Figaro”.
O diretor do gabinete do ministro do Interior Manuel Valls, que comanda a polícia, exclamou: “A situação é grave! Há mais de dez anos que não se via algo semelhante!”
Deputados e ministros “verdes” receberam a suspensão como uma ducha de água fria. “É mais do que um golpe duro contra a ecologia, é um golpe que mata”, disse exaltado o deputado do Partido Verde Noël Mamère. Porém, a maioria dos deputados ecologistas percebeu o ambiente nacional voltado contra eles e escolheram se refugiar no silêncio.
Embora hostilizados pela tropa de choque, os agricultores, homens de trabalho, se declaravam desconsolados pela “irresponsabilidade total dos políticos”, incluindo os da oposição.
“Os políticos de Paris não ouvem nada”, disse Eric Pocreau, conselheiro da comuna de Huelgoat. Yvon e Marie-Jo, um casal de produtores rurais de Morlaix explicaram: “Viemos pedir a supressão da ecotaxa, mas também que o Estado afrouxe a camisa de força burocrática que nos asfixia.”
Nathalie, seu marido caminhoneiro e as duas filhas protestavam pela demissão do pai por causa dos impostos “verdes” sobre o transporte, registrou “Le Figaro”.
No dia 11 de novembro, durante a comemoração do armistício que pôs fim a I Guerra Mundial, o presidente Hollande foi vaiado no Arco do Triunfo e na Avenida dos Champs Elysées, em Paris, a capital francesa. Os manifestantes levavam o “boné vermelho” símbolo dos protestos contra a “ecotaxa” e cantavam “Hollande, tua lei não passará”.
Esta matéria foi originalmente publicada pelo blogue Verde: a cor nova do comunismo