Embora a frase seja normalmente atribuída a Mark Twain, foi seu amigo Charles Dudley Warner quem certa vez disse que “Todo mundo reclama sobre o tempo, mas ninguém faz nada a respeito.”
Independentemente de quem a tenha dito, a frase era e continua sendo perfeita.
A título de comparação, podemos hoje criar uma frase semelhante: “Todo mundo reclama sobre a economia, e muitos infelizmente tentam fazer algo a respeito.”
“Política econômica” é o nome dado a essas tentativas de fazer “algo a respeito”, tentativas essas que são efetuadas por burocratas e funcionários públicos em parceria com seus consultores e empresários favoritos. Para o público em geral, política econômica é uma questão trágica, pois, independentemente de o que cidadão comum pense a respeito, as ações do governo quase que invariavelmente tornam a situação econômica pior do que seria caso esses “estrategistas” não se intrometessem.
Não obstante a gigantesca profusão de monografias, trabalhos acadêmicos, colunas de jornal, palpites dados em programas televisivos ou meras opiniões expressadas em conversas informais, pelo menos 90% de toda essa logorreia é besteira pura. O economista Steve Hanke diria tratar-se da ‘regra dos 95%’: “noventa e cinco por cento de tudo que é dito sobre economia ou está errado ou é irrelevante.”
O que é ainda pior: a esmagadora maioria desta logorreia é realmente nociva.
Sim, eu sou um economista, e isso não é nenhum motivo de júbilo. Trata-se de uma mera descrição profissional. Se eu fosse um carpinteiro ou um encanador, também iria confessar de pronto esse meu status profissional. A questão é que dezenas de milhares de pessoas também se dizem economistas, mas poucas realmente o são em um sentido além do nominal. Elas podem até ter um Ph.D. em economia, mas ainda assim suas ideias sobre economia não são melhores do que as daquele seu vizinho excêntrico.
Quase tudo o que se aprende nas faculdades de economia não passa de um amontoado de besteiras matemáticas cuja substância pode ser reduzida àquilo que F.A. Hayek rotulou de “pretensão do conhecimento“. Para ser sucinto, os “especialistas” que as universidades produzem semestralmente são meros embusteiros com péssima formação. Meu palpite mais otimista é que não deve haver mais do que alguns poucos milhares de economistas de verdade em todo o mundo — e eu não me surpreenderia caso essa minha estimativa contenha uma margem de erro otimista.
Além dos profissionais verdadeiros e dos falsários, há centenas de milhares de outras pessoas — leigas — que têm a pretensão de possuir algum genuíno conhecimento sobre como o mundo econômico realmente funciona. Pelo menos 95% dessas pessoas não têm a mais mínima ideia do que falam. Para vivenciar isso, basta entrar na internet e ler os “artigos” produzidos por essas pessoas — bem como os comentários dos leitores — para entender as características dessa gente. É quase tudo lixo puro.
As pessoas são geralmente sensatas o bastante para não se aventurar a emitir comentários pretensamente profissionais sobre astrofísica. Elas reconhecem suas limitações sobre este assunto. Elas não saem por aí ventilando ideias tolas sobre o ‘desvio para o vermelho‘ ou sobre os eventos que ocorreram no primeiro milionésimo de segundo após o Big Bang. Elas estão perfeitamente cientes de que fingir tal conhecimento sobre astrofísica faria com que elas parecessem idiotas perante qualquer um que se dispusesse a ouvir o que elas têm a dizer. Se ao menos as pessoas tivessem a mesma sensatez para entender que, com raras exceções, elas sabem o mesmo tanto de economia quanto de astrofísica, o mundo seria poupado desses pretensos engenheiros sociais.
Tenha em mente que saber como administrar bem uma empresa, saber como escrever uma coluna semanal de economia em uma revista prestigiada (ou em um jornal de grande circulação ou em um site de notícias de grande acesso), saber como ascender em sua profissão, e saber uma grande variedade de outras coisas não significa de maneira alguma que você sabe como uma economia realmente funciona. Quão melhor seria o mundo se, no que diz respeito a questões econômicas, todos se limitassem a pensar e agir em termos meramente locais e, acima de tudo, a jamais pedir que políticos e burocratas tomem medidas para “melhorar a economia”.
Robert Higgs é diretor de pesquisa do Independent Institute
Instituto Ludwig von Mises Brasil