Na tentativa de curvar o condado de Driru no Tibete e pô-lo sob controle, as forças de segurança chinesas cercaram mosteiros, detiveram monges, prenderam mais de mil tibetanos, restringiram as comunicações e instituíram um programa intensivo de “reeducação política”, informou a Rádio Free Asia (RFA).
Desde setembro, a resistência no Tibete se endureceu em oposição a uma campanha do Partido Comunista Chinês (PCC) que obriga os tibetanos a expressarem patriotismo e gratidão em relação à China e a içar a bandeira chinesa de seus telhados. Apesar da presença de mais forças de segurança para impor as medidas, os nativos reagiram atirando as bandeiras no rio, protestando e postando cartazes.
A Administração Central Tibetana (ACT), que é comumente referida como o governo do Tibete no exílio, comparou o aumento da repressão às imposições durante a Revolução Cultural. Residentes em Driru sofreram graves abusos dos direitos humanos, diz a ACT, citando detenções arbitrárias, tortura, prisão ilegal e desaparecimentos forçados.
“Mais de mil tibetanos do condado de Driru estão sendo mantidos em detenção agora”, disse um tibetano que vive na Europa ao serviço tibetano da RFA. “Todos esses tibetanos sob detenção estão sendo interrogados e submetidos a programas de reeducação política”, disse ele.
Dezenas dos monges presos foram capturados nos mosteiros Tarmoe, Rabten e Dron Na, entre outros, e não há informação disponível sobre o status deles, disse a fonte à RFA, e acrescentou que esses mosteiros foram cercados pelas forças de segurança chinesas.
As forças de segurança invadiram o Mosteiro Tarmoe enquanto a maioria dos monges estava ausente e saquearam seus quartos, confiscaram computadores, celulares e CDs. Em outras incursões, as forças de segurança levaram itens pessoais de habitações tibetanas.
Como parte de um programa intenso para monitorar a opinião pública dos tibetanos rurais, as autoridades instituíram sessões de reeducação política diária para residentes na área, disse uma fonte à RFA. Um tibetano idoso que protestou contras as sessões de reeducação e disse aos chineses que voltassem para suas casas foi espancado tão severamente em setembro que os vizinhos não sabiam se ele viveria.
Controles sobre os canais de informação são extremamente rigorosos, dizem os moradores. Em outubro, a RFA relatou: “As autoridades chinesas enviaram mais de 200 veículos paramilitares e policiais para as aldeias [em Driru] e estabeleceram postos de controle em todas as estradas principais” após um incidente em que a polícia atirou contra uma multidão desarmada, ferindo pelo menos 60 pessoas.
“Eles confiscaram os telefones celulares dos tibetanos e bloquearam as comunicações por telefone e internet. Agora, as pessoas têm de levar seus documentos de identidade consigo o tempo todo, mesmo quando saem para fazer compras, e a polícia está levando todos os tibetanos que não mostram suas identificações”, disse uma fonte à RFA.
A situação é tensa em Driru e por causa do rigoroso monitoramento da informação e da severa repressão é difícil para as fontes saberem muitos detalhes ou verificarem as informações, relatou o Phayul, um website de tibetanos no exílio.