Terrorismo: uma ameaça global

02/12/2015 07:00 Atualizado: 01/12/2015 20:48

Os recentes acontecimentos em Paris demonstraram novamente que o terrorismo contemporâneo continua sendo uma ameaça global. A matança deliberada de 130 vítimas inocentes em Paris parece estar sendo o catalisador da união entre os governos do mundo para derrotar o “Daesh” (também conhecido como Estado Islâmico, ou ISIS).

Afirmando o absurdo de estarem agindo em nome de muçulmanos sunitas, o ISIS, nos poucos anos desde que surgiu, já acumulou um terrível currículo de violência.

Só no Iraque, de acordo com um relatório da ONU, o conflito do ISIS matou quase 15 mil civis e feriu outros 30 mil durante um período de 18 meses. Mais de 2,8 milhões de iraquianos estão hoje desabrigados em seu país, incluindo 1,3 milhão de crianças.  A violência cometida pelo ISIS em todo o Iraque pode ser constituída como crimes contra a humanidade e provavelmente genocídio.

Ninguém está imune aos terroristas, que usam todas as oportunidades para atacar por todo o mundo aqueles que consideram ser seus inimigos.

O caos regional originou até agora um número estimado de 5 milhões de refugiados sírios espalhados por todo o Oriente Médio e Europa. Muitos outros estão desabrigados dentro da Síria e lutam diariamente para fugir de assassinos do ISIS, de soldados do tirano Bashar Assad, e de bombas das aeronaves de Putin que defendem Assad.

A Rede Síria de Direitos Humanos documentou a morte de 9.025 civis no primeiro semestre de 2015, com o regime de Assad matando sete vezes mais do que o ISIS.

Com milhões de refugiados sírios vivendo agora em campos improvisados em países vizinhos da Síria, a ajuda do Canadá prevista para receber 25 mil refugiados antes do final de 2015 fará uma diferença tão pequena no geral, que Ottawa deve aumentar significativamente este número após verificações de segurança. Os Estados Unidos devem também aceitar muito mais refugiados do que o número inicial de 10 mil acordado pela administração de Obama até a data.

A comunidade internacional responsável enfrenta hoje o desafio de derrotar o terrorismo no Oriente Médio e de derrubar o regime de Assad na Síria. O massacre de mais de 250 mil sírios inocentes durante quase cinco anos de guerra civil, e o apoio inexplicável das democracias ocidentais a Maliki durante oito anos no Iraque, ignorando a intromissão destrutiva do regime iraniano no Oriente Médio, também tem, no conjunto, contribuído para o caos que se vive hoje em dia.

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Os autoproclamados Jihadistas têm procurado dominar o mundo através da criação de seu califado especialmente agressivo desde a revolução iraniana de 1979. Muitos iranianos, em sua grande diáspora ao redor do mundo, afirmam que o regime de Teerã é o real mandachuva do ISIS.

Ninguém está imune aos terroristas, que usam todas as oportunidades para atacar por todo o mundo aqueles que consideram ser seus inimigos. Isso inclui o Boko Haram na Nigéria, o al-Shabab na Somália, o Lashkar-e-Taiba no Paquistão, e os talibãs no Paquistão e Afeganistão.

Talvez seja útil considerar por que Paris foi escolhido para os recentes ataques. Desde o fim da guerra da Argélia, em 1962, como a jornalista Erna Paris assinala, a França não conseguiu integrar os seus cidadãos muçulmanos.

Compondo apenas 8 por cento da população francesa, os muçulmanos formam hoje 70 por cento da população prisional da França. Em 2004, a França proibiu os alunos de usarem símbolos religiosos na escola, como os lenços na cabeça. Em suma, os muçulmanos eram vistos como indesejáveis numa França fortemente secular.

Os Estados Unidos e o Canadá estão ambos bem posicionados para responder de forma eficaz aos terroristas, principalmente por serem sociedades multiculturais relativamente bem-sucedidas. Apesar de lapsos que são amplamente e corretamente noticiados, a maioria dos residentes americanos e canadenses, oriundos de uma miríade de culturas e religiões, procuram hoje ativamente viver em harmonia e respeito mútuo com os seus vizinhos.

Quando, por exemplo, um incêndio danificou uma mesquita no Canadá, um projeto de financiamento público para repará-lo superou rapidamente sua meta financeira. Em ambos os países, a maioria dos cidadãos compreende que o ISIS e os seus homólogos iranianos anseiam por atos contra muçulmanos em qualquer lugar do mundo.

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Seus líderes desejam transformar os muçulmanos no Ocidente em inimigos das nações onde vivem, querem colocar lenha na fogueira para gerar guerras religiosas. Um confronto apocalíptico entre o Ocidente e os muitos ramos do Islã que já enfrentaram a própria violência desumana é esperado.

Tanto o Presidente Obama como o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, precisam reconhecer o fato de que a carnificina em Paris mudou o que é necessário. Uma campanha militar estreitamente coordenada contra o ISIS e um cessar-fogo intermediado na Síria são necessários rapidamente. A Turquia e outros aliados do Ocidente devem ser persuadidos a fazer muito mais.

As tropas terrestres ocidentais, devido a diversas razões, não devem ser enviadas para o Iraque, mas pleno apoio deve ser dado ao parceiro mais confiável na luta contra a ISIS: os curdos e suas forças peshmerga. Os curdos têm provado que são eficazes contra o ISIS, e agora parecem dispostos a auxiliar as forças do governo iraquiano contra o Estado Islâmico.

Apesar de tudo, o ISIS pode e deve ser derrotado na Síria e no Iraque se a coligação internacional se tornar o suficientemente clara e determinada em seus objetivos.

David Kilgour, é advogado, e trabalhou na Câmara do Canadá por quase 27 anos. No gabinete de Jean Chretien, ele era secretário de Estado da África e América Latina, e secretário de Estado da Ásia-Pacífico. Ele é o autor de diversos livros e co-autor com David Matas doBloody Harvest: The Killing of Falun Gong for their Organs”.

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