Terras raras da China influenciam menos o Japão

09/10/2012 18:06 Atualizado: 31/10/2012 18:08
Uma escavadeira trabalha o solo contendo minerais de terras raras num porto chinês para exportação para o Japão em 2010. (STR/AFP/Getty Images)

O recente conflito sobre as ilhas Senkaku, em disputa entre o Japão e a China, levou observadores a se perguntarem se a China travará outra guerra de terras raras, já que o regime anteriormente reteve exportações como forma de represália econômica sobre outra disputa territorial com o Japão em 2010. O Japão, no entanto, tem feito um enorme esforço para abrir novas fontes de fornecimento contra tal contingência e uma tentativa semelhante de sanções econômicas por parte da China pode ser inútil.

Em 18 de setembro, o 21st Century Business Herald citou vários exportadores de terras raras na China, dizendo que a disputa pelas ilhas Senkaku pode levar a China a encerrar exportações para o Japão novamente.

No entanto, o preço das terras raras caiu drasticamente no ano passado. De acordo com um artigo do Baichuan Zixun, o maior fornecedor de informações de mercado de matérias-primas, publicado em 29 de setembro, o índice de preços de terras raras da China (BAIXT) é 2,81, em comparação com alta do ano passado de cerca de 12 pontos em novembro. O BAIXT calcula a variação do preço de terras raras de acordo com o consumo do mercado dos 10 principais produtos de terras raras.

Desde sua alta de mais de 222 mil dólares por tonelada em 2011, o preço do óxido de praseodímio, usado para fazer motores de avião, caiu 70% para quase 78 mil dólares por tonelada no início de 2012. Ele está atualmente avaliado em pouco mais de 57 mil dólares por tonelada, uma nova queda de 27% desde o início do ano.

Artigos do China Securities Journal dizem que a queda nos preços é devido a uma falta de demanda resultante da economia lenta, bem como do excesso de capacidade na indústria de terras raras.

O preço do óxido de disprósio, um elemento crucial em motores, caiu para 477 mil dólares a tonelada, um terço de seu preço original em setembro na província de Jiangxi, que é uma das principais fornecedoras de terras raras, segundo o Sankei Shimbun do Japão, citando a mídia estatal chinesa Xinhua. O óxido de neodímio, um elemento nos poderosos ímãs usados em motores de carros elétricos, também viu uma queda de preço de 38% em setembro.

Analistas de mercado de terras-raras do Baichuan Zixun acreditam que a baixa demanda por ímãs de neodímio tem levado muitas empresas a pararem ou diminuírem a produção.

Segundo estatísticas do Grupo de Material Magnético de Shanxi, a capacidade de produção nacional de neodímio-ferro-boro, com o qual se faz os ímãs, é de 220-260 mil toneladas, no entanto, a produção atual é de apenas cerca de 100 mil toneladas.

Ao mesmo tempo, a procura internacional por terras raras da China também diminui.

Os principais importadores estrangeiros de terras raras da China são o Japão, os Estados Unidos e a Europa. Como resultado da crise da dívida europeia, as exportações totais de terras raras para a Europa diminuíram 43% em relação ao ano passado.

Antes de 2009, o Japão havia importado mais de 90% de suas terras raras da China, um total de até 20 mil toneladas anuais de materiais e ligas oxidados de terras raras.

Depois de um incidente de colisão de barcos em setembro de 2010 nas disputas ilhas Senkaku, a China deixou de exportar terras raras para o Japão por dois meses. O Japão disse que foi a primeira vez que a China impôs uma sanção econômica sobre ele desde o início da diplomacia sino-japonesa.

Logo depois, o Japão alterou suas políticas e começou a buscar novas fontes de terras raras, a fim de diminuir a dependência da China. Em 2011, o Japão importou 15.400 toneladas de terras raras da China, uma diminuição de 34% desde 2010.

Segundo a Nikon Keizai Shimbun, o Japão importou 49,3% de suas terras raras, um total de 3.007 toneladas, da China no primeiro semestre deste ano; esta é a primeira vez que as importações da China caem para menos de 50% das importações de terras raras do Japão desde 2000.

O China Securities Journal informou em 27 de setembro que a maioria das novas fontes do Japão fornece terras raras leves, como cério e neodímio, satisfazendo 60-80% das demandas do Japão por esses materiais. No entanto, o Japão ainda é dependente da China para 90% de suas terras raras pesadas.

O artigo do China Securities Journal diz que as indústrias japonesas, como a Toyota, têm desenvolvido minas no Canadá com indústrias locais e espera-se fornecer terras raras pesadas, incluindo disprósio, para o Japão até 2015.

Algumas mídias continentais chinesas opinaram que a China deveria limitar as exportações para o Japão a fim de dar um golpe na economia japonesa.

Mas Feng Zhaokui, pesquisador da Associação Chinesa para Estudos Japoneses, disse no Diário do Povo online, um jornal porta-voz do regime chinês, que a questão das terras raras já não é um trunfo que possa ser jogado contra o Japão.

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