Termos proibidos pela censura são permitidos na internet chinesa

05/09/2014 13:12 Atualizado: 05/09/2014 13:12

O aparato de censura da internet gerido pelas autoridades chinesas é notoriamente estrito (e paranoico) – então quando há enormes lapsos em seu bloqueio, especialmente no principal motor de busca online na China, o Baidu, as pessoas logo tomam conhecimento.

Em 2 de setembro, o Baidu permitiu buscas para termos como “renunciar ao Partido”, “a verdade sobre o Falun Gong”, “Falun Dafa é bom” e uma série de termos correlatos.

“Renunciar ao Partido” refere-se ao movimento de ‘Renúncia ao Partido Comunista Chinês’, chamado ‘Tuidang’ em chinês. Esse é um website originalmente em língua chinesa administrado pelo ‘Centro Global de Serviços para Renunciar ao Partido Comunista Chinês’ que mantém um registro do número de pessoas que deixaram ou abandonaram ao Partido Comunista Chinês (PCC) e suas organizações afiliadas – atualmente o número ultrapassa 176 milhões.

O movimento Tuidang é altamente sensível politicamente na China e há casos de pessoas que foram para a prisão ou condenadas a campos de trabalho forçado por incentivarem outros chineses a renunciarem ao PCC ou por distribuírem literatura que defende o movimento.

O Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional que tem sido perseguida desde 1999 pelo regime comunista chinês, é também um termo fortemente censurado na China.

Não está claro por que repentinamente esses dois termos e outros similares foram permitidos em buscas no Baidu, retornando imagens que são normalmente tabus para o regime chinês – e que comumente aparecem em faixas e protestos de praticantes do Falun Gong.

Se casos passados servem como referência, o conteúdo proibido ficaria disponível para acesso online apenas por um ou dois dias.

Recentemente, o Baidu permitiu pesquisas semelhantes para termos como “Levem Jiang Zemin à Justiça”, referindo-se a apelos de praticantes do Falun Gong para julgar o ex-líder chinês Jiang Zemin, que lançou a perseguição à prática durante seu mandato, e responsabilizá-lo por seus crimes de tortura, genocídio e etc.

Dias antes, as únicas imagens retornadas para esse tipo de busca eram resultados que não tinham relação com o Falun Gong. Em casos anteriores, termos políticos sensíveis foram temporariamente permitidos para pesquisa quando havia lutas políticas nos mais altos escalões do Partido Comunista.

Antes do expurgo de Bo Xilai, um ex-membro do Politburo e ex-prefeito da megalópole de Chongqing, no início de 2012, pesquisas online foram autorizadas em referência a seu braço-direito Wang Lijun, e sobre o envolvimento de ambos na extração forçada de órgãos de inúmeros praticantes do Falun Gong. Essas pesquisas foram posteriormente bloqueadas. Analistas políticos pensaram na época que o desbloqueio foi uma forma deliberada de mensagem política.

Rumores de que Jiang Zemin agora seria alvo da campanha anticorrupção, ou expurgo político, coordenada pelo atual líder chinês Xi Jinping, se espalharam amplamente por toda a comunidade de língua chinesa recentemente. Dias atrás, um jornal chinês pareceu zombar de Jiang Zemin em sua manchete com uma grande imagem de um sapo – Jiang Zemin é frequentemente associado com um sapo pelo povo chinês – ligado a vários tubos de injeção intravenosa indicando o estado terminado do sapo.

Com pesquisa adicional de Frank Fang.