TEPCO admite que não estava preparada para desastre nuclear

22/06/2012 03:00 Atualizado: 22/06/2012 03:00

O então primeiro-ministro japonês Naoto Kan deixa a sede da TEPCO em 15 de março de 2011, na sequência da terceira explosão na usina nuclear de Fukushima, três dias depois do desastroso terremoto e tsunami. (-/AFP/Getty Images)Relatório de investigação interna sobre acidente de Fukushima

A Companhia de Energia Elétrica de Tóquio (TEPCO) admitiu na quarta-feira com o lançamento de seu completo Relatório de Investigação de Acidentes que não estava totalmente preparada para a catástrofe nuclear desencadeada pelo terremoto que se abateu sobre a usina Fukushima Daiichi em 11 de março de 2011.

Num comunicado de imprensa, a TEPCO começou dizendo, “Nós […] reconhecemos que somos os principais envolvidos no acidente nuclear.” A TEPCO disse que havia “lições especialmente importantes aprendidas” durante a investigação, quando aceitou a responsabilidade. “Nós sentimos profundamente a responsabilidade pelo acidente e estamos determinados a nos envolver em operações de negócios com a segurança sendo a prioridade para prevenir futuras recorrências”, diz o comunicado.

A TEPCO admitiu que não estava preparada para tão grande evento como o terremoto de magnitude 9,0 e o tsunami que se seguiu, desativando os sistemas de refrigeração da usina e os núcleos de combustível. Apesar de toda sua inquietação sobre o incidente, o utilitário criticou a administração do então primeiro-ministro Naoto Kan por interferir nas fases iniciais da crise de Fukushima e disse que a medida agravou o desastre, relatou o Japan Times, que citou o relatório completo, ainda pendente de lançamentos em inglês.

Durante as fases iniciais da crise, Kan estava preocupado com a injeção de água do mar no debilitado reator nº 1 da usina e disse aos funcionários da TEPCO para pararem o bombeamento de água em 12 de março. O chefe da usina Masao Yoshida julgava que continuar as injeções de água era necessário e seria muito perigoso parar. “O chefe da usina ficou dividido entre (o governo e a sede TEPCO) e (pedidos ao gabinete do primeiro-ministro) não ajudaram os esforços de contenção”, disse TEPCO, segundo o Times.

Em depoimento perante a Assembleia Japonesa em 28 de março, Kan negou ter ordenado parar as injeções dizendo que a mensagem veio de um oficial da TEPCO no gabinete do primeiro-ministro. Kan também testemunhou que estava frustrado com a falta de informação que recebeu da TEPCO e da Agência de Segurança Nuclear e Industrial, razão pela qual ele visitou pessoalmente a fábrica em 12 de março.

“Infelizmente, não houve informes fundamentais sobre a situação”, disse ele, em resposta às acusações de que ele criou o caos, segundo um artigo do jornal Mainichi. “Decidi realizar a inspeção no local na esperança de que eu seria capaz de compreender a situação. Foi extremamente crucial no aprendizado da maneira de pensar e dos pontos de vista dos que estavam em cena”, disse Kan conforme citado.

O governo do primeiro-ministro Yoshihiko Noda anunciou no início desta semana que reiniciaria duas usinas de energia nuclear do Japão. Elas são as primeiras a serem reiniciadas uma vez que todos os reatores do Japão foram desligados na sequência do desastre para inspeção. A decisão foi recebida com críticas generalizadas enquanto as repercussões do incidente de Fukushima ainda pairam fortemente na mente do público.