A taxa de suicídio está subindo entre funcionários do Partido Comunista Chinês e internautas chineses acreditam que isso é uma consequência da campanha anticorrupção em andamento. Em 26 de julho, Wang Yunqing, da província de Hubei, tornou-se o oficial mais recente a tirar a própria vida.
De acordo com a agência de notícias estatal Xinhua, Wang Yunqing, de 50 anos, deixou uma nota de suicídio, dizendo: “Estou muito deprimido, insuportavelmente deprimido. Estou partindo mais cedo.” Em seguida, ele pulou de um prédio. A polícia estaria investigando o caso, mas nenhum detalhe foi divulgado.
Wang trabalhou em departamentos governamentais de Hubei por 30 anos. Ele era o presidente da terceira Comissão de Supervisão das Empresas Estatais (CSEE), do Comitê de Administração e Supervisão dos Ativos Estatais, do governo da província de Hubei.
Pouco depois de assumir a chefia do Partido Comunista Chinês (PCC) em novembro de 2012, o líder chinês Xi Jinping lançou uma vigorosa campanha anticorrupção. Até julho deste ano, 521 funcionários em 31 províncias foram expurgados.
Na província de Hubei, 36 funcionários foram investigados por corrupção e dois deles eram da CSEE de Hubei, onde Wang trabalhou, segundo uma mídia estatal. Alguns internautas especulam que o suicídio de Wang foi estimulado pela campanha anticorrupção. “Ele é obviamente um funcionário corrupto que roubou muito, estava com grande medo e não pôde suportar a pressão”, comentou um internauta chinês.
No início de julho, quatro funcionários cometeram suicídio em quatro dias, informou a imprensa chinesa:
• Em 10 de julho, Luo Liangpin, o vice-diretor da Secretaria de Finanças da cidade de Qingyuan, província de Guangdong, enforcou-se em seu escritório.
• Em 9 de julho, Li Haihua, o diretor do Comitê Permanente da cidade de Xiaogan, província de Hubei, pulou de um prédio e morreu.
• Em 8 de julho, Zhang Bocheng, o diretor da Secretaria de Saúde da cidade de Xinyang, província de Henan, cometeu suicídio pulando de um prédio.
• Em 7 de julho, Zhong Junbin, o presidente do tribunal do condado de Heyuan, província de Guangdong, cometeu suicídio deitando-se nos trilhos de uma linha de trem local.
O número de funcionários do PCC que cometem suicídio tem aumentado nos últimos anos. Estatísticas incompletas da revista de negócios Caixin mostram que 48 funcionários teriam se suicidado em 2013, 21 em 2012 e 19 em 2011. Na maioria dos casos, as causas de suicídio de funcionários não são esclarecidas, mas quando mais informações são dadas, depressão e grande estresse são sempre apresentados como razões.
Muitos chineses perderam a confiança nos relatórios oficiais e questionam essas conclusões. “Quem pode garantir que ele pulou do prédio por vontade própria? Ele poderia ter sido forçado a saltar ou talvez tenha sido jogado do prédio por outros? Talvez aqueles que foram julgados como suicidas sejam os que mostraram consciência, mas não eram confiados por funcionários corruptos e sabiam demais”, disse um internauta anônimo da província de Heilongjiang.
Outro internauta de Henan disse: “Sua morte deve estar relacionada a funcionários de alto escalão… sua morte poderia proteger um grupo de funcionários corruptos por trás dele que obtive mais lucros.” Muitas disseram que se tornar um oficial comunista é um trabalho de alto risco nos dias de hoje. “É preferível morrer do que ser um funcionário público. Inacreditável”, comentou um internauta de Nanjing, na província de Jiangsu.