Taxa recorde de anomalias de bicos em pássaros do Alasca

29/11/2010 00:00 Atualizado: 06/08/2013 19:27

Um chapim de cabeça preta com deformidade no bico. (USGS Photo)

No Alasca, um fenômeno crescente que envolve a deformação dos bicos das aves, entre muitas variedades de espécies de aves apontam para potencias problemas graves no meio ambiente.

As deformações do bico estão entre as maiores já registradas na história, e afetam as espécies de aves no Alasca e em outras partes do noroeste norte-americano, como British Columbia e o estado de Washington.

Os chapins de cabeça preta, bem como os corvos do noroeste e outras espécies de aves estão sendo afetados pelo fenômeno cujo termo técnico é “distúrbio da queratina aviária”. O distúrbio manifesta-se como um crescimento excessivo da camada de queratina do bico, que aparece como um alongamento do bico.

Às vezes, a condição é acompanhada pela desfiguração da pele, pernas, pés, unhas e até penas. Este problema é bastante grave, pois tem o efeito combinado de afetar a capacidade da ave de se alimentar e de limpar a si mesma e aos seus filhotes.

“O predomínio dessas deformidades estranhas é mais de dez vezes o que normalmente é esperado em uma população de aves selvagens. Nós temos visto efeitos não só sobre as taxas de sobrevivência das aves, mas também na sua capacidade de se reproduzir e criar novos filhotes. Estamos particularmente preocupados porque não temos sido capazes de determinar a causa, apesar dos testes para determinar os culpados mais prováveis”, disse Colleen Handel, um biólogo do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) em um comunicado no início deste mês.

As deformações no bico dos chapins de cabeça preta foram vistos pela primeira vez no início dos anos 90. Os números aumentam a cada ano com 6,5% dos adultos dos chapins de cabeça preta sendo afetados e 2.100 tendo sido visualmente contabilizados. Os números também estão aumentando para outras espécies, com uma estimativa de 17% dos corvos do noroeste adultos já afetados.

No entanto, a causa do distúrbio da queratina aviária ainda é um mistério para os biólogos. Estes cientistas especulam que os contaminantes ambientais, deficiências nutricionais, bactérias, vírus, fungos ou infecções parasitárias poderiam ser a causa.

Até o presente momento, as melhores suposições dos cientistas incluem contaminantes ambientais como sendo o principal suspeito. No passado, tais deformações eram resultado de contaminação ambiental, como os organoclorados poluentes na região dos Grandes Lagos e do escoamento de selênio na Califórnia. Os cientistas nestas áreas, eventualmente, perceberam o problema e correções foram feitas.

“Estamos vendo espécies ecologicamente únicas afetadas em toda uma vasta gama de habitats. O âmbito desta questão levanta preocupação com fatores ambientais na região”, disse Caroline Van Hemert, outra bióloga do Serviço Geológico e de Animais Selvagens dos Estados Unidos, em um comunicado.

As deformações existem em muitos tipos diferentes de aves em diferentes locais na região noroeste. Estas conclusões levam estes biólogos a pensar que possa ser um poluente ambiental invisível.

Biólogos estudando este problema, recentemente, publicaram suas descobertas na edição The Auk deste mês, que é um jornal de ornitologia publicado quatro vezes por ano. “Epizoótica das deformidades nos bicos dos pássaros selvagens no Alasca: Uma doença emergente na América do Norte” e “Deformidades nos bicos dos Corvos do Noroeste: Evidências de uma epizootia multiespecífica” estão disponíveis na edição The Auk de novembro de 2010.

Os biólogos do Serviço Geológico dos Estados Unidos continuam a estudar o problema sem nenhuma conclusão ainda encontrada. A pesquisa atual está focada na compreensão da doença e nas possíveis fontes de deformação. O sítio de internet do Serviço Geológico dos Estados Unidos (http://alaska.usgs.gov/) está pedindo que os residentes da região noroeste os contatem se eles virem um pássaro com o bico desfigurado.