Taxa de mortalidade da enchente em Pequim maior que dados oficiais

27/07/2012 03:00 Atualizado: 27/07/2012 03:00

Trabalhadores chineses removem carros danificados e detritos após as chuvas pesadas em Pequim. (AFP/AFP/Getty Images)Uma tempestade violenta atingiu Pequim em 21 de julho, inundando a cidade. As autoridades de Pequim afirmaram que 37 pessoas morreram até às 17h de 22 de julho.

No entanto, a mídia chinesa informou que o povo continua a recuperar corpos depois que o dilúvio recuou no domingo. Apesar disso, as autoridades não atualizaram o número de mortos. Muitos chineses afetados pelas enchentes postaram mensagens e relatos na internet sobre o número de mortes e questionaram o valor oficial.

A imprensa chinesa também informou que o tráfego foi interrompido, algumas estradas e pontes foram destruídas e casas foram inundadas em 12 municípios, inclusive na região mais severamente atingida do distrito de Fangshan.

Em 22 de julho, uma rua na vila de Nanhanji, no distrito de Fangshan, estava cheia de pessoas chorando desesperadamente procurando seus entes queridos ou já tinham perdido um ou mais membros da família, informou o Diário Metropolitano do Sul.

Um morador na vila de Dongnanzhang, no distrito de Fangshan, contou ao Diário Metropolitano do Sul que os moradores recolheram 16 cadáveres de um rio entre 22 e 23 de julho.

A Sra. Gao, uma residente da vila de Louzishui, no distrito de Fangshan, disse à NTDTV que há cerca de 4 a 5 mil moradores em sua aldeia e mais de 37 pessoas morreram somente em sua aldeia.

Com base nisso, ela estima que mais de mil pessoas em muitas aldeias diferentes em Fangshan morreram. “Tantos carros foram levados pela enchente. Muitos foram recuperados com corpos dentro”, disse ela.

O Epoch Times entrevistou dois moradores da vila de Shidu, no distrito de Fangshan, e um morador de Pequim. Eles disseram que o número de mortos é maior do que os 37 reivindicados pelo governo.

A Sra. Zhang, da vila de Shidu, disse, “Isso não inclui as mortes nos subúrbios. Dizer que houve apenas 37 mortes é encobrir a verdade.”

Ela também disse que, na região com as maiores baixas na área turística de Shidu, todos os edifícios foram inundados e muitos turistas morreram. “Quando a água recuou, encontramos dezenas de corpos que foram carregados de lá pela água.”

Outra Sra. Zhao, também da vila de Shidu, disse que muitos corpos foram trazidos de locais acima pela correnteza do rio.

Muitos sobreviventes da inundação escreveram sobre seus sofrimentos em microblogues ou fóruns da internet.

O blogueiro Wang Ji da vila de Shidu escreveu que, “veículos, barcos, gado, ovelhas e porcos carregados pela inundação estavam por todas as ruas”, e que ele e sua esposa andaram ao longo da linha férrea para um dia antes que pudessem encontrar um táxi, acrescentando que, “O motorista disse que pelo menos mil pessoas morreram.”

Muitas pessoas reclamaram sobre as autoridades não tomarem uma ação rápida de socorro.

O Sr. Liu de Pequim disse ao Epoch Times que 40 a 50 funcionários de sua empresa, incluindo uma mulher grávida, ficaram presos num caminhão por três horas. A água dentro e fora do prédio da companhia chegava a quase 2 metros e eles não puderam alcançar ninguém por telefone durante as três horas.

“Muitas pessoas morreram. Eu não posso dizer exatamente quantas. Eu não suporto mais olhar para cenas trágicas. Os que morreram ficaram presos em casa e ninguém os salvou”, disse Liu.

Outro blogueiro que foi para Shidu em 23 de julho para ajudar no trabalho de resgate escreveu em seu microblogue, “Os moradores disseram que não havia eletricidade ou água por três dias. Até agora, as autoridades locais não lhes ofereceram qualquer ajuda.”

“Os moradores disseram que há numerosos mortos e feridos na área mais atingida, ainda existem pessoas presas lá”, escreveu o blogueiro.

A Sra. Gao, uma residente da vila de Louzishui, no distrito de Fangshan, disse à NTD que as autoridades locais não apareceram para oferecer ajuda aos moradores. “Foi terrível”, disse Gao, “estamos fora da água há um dia, mas ninguém se preocupa conosco.”

O jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) de Pequim informou que Guo Jinlong, o prefeito da cidade e secretário do PCC, realizou uma reunião de emergência na noite de 22 de julho e disse aos líderes da cidade para se concentrarem nos trabalhos de socorro e manutenção da estabilidade e para garantirem a estabilidade na sociedade, a fim de terem um 18º Congresso Nacional bem-sucedido.

A Rádio France Internationale citou um jornalista de Pequim dizendo que o Departamento de Propaganda da cidade de Pequim ordenou a mídia que reportasse notícias positivas e que provedores de serviço de microblogue reforçassem a censura.

As observações de Guo geraram fortes críticas dos internautas. Um blogueiro escreveu que, “As autoridades não fazem um bom trabalho, elas só se preocupam com o clamor público.”

Outro blogueiro escreveu que, “O prefeito Guo enfatizou a manutenção da estabilidade porque ele está preocupado que a inundação arruíne sua chance de ganhar um assento no Politburo do PCC no próximo Congresso.”

O escritor independente Zhu Jianguo de Shenzhen disse à NTD que as autoridades bloquearam novamente as críticas e o monitoramento das pessoas e concluiu, “A tempestade não afogará Pequim. Mas a raiva das pessoas irá. Este é o verdadeiro desastre.”