O atual surto de ebola é “a mais grave emergência dos tempos modernos” e mostra que o mundo está mal preparado para responder a uma emergência sanitária crítica, afirmou ontem (13) a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“O mundo está mal preparado para responder a qualquer emergência sanitária sustentada e severa”, disse Margaret Chan num discurso lido por um representante da OMS numa reunião de responsáveis de saúde do Pacífico Ocidental em Manila e distribuído à imprensa em Genebra.
Margaret Chan frisou que esta constatação não se refere apenas ao surto de ebola na África ocidental, mas a qualquer outra emergência da mesma magnitude.
O atual surto, considerou, é a maior emergência sanitária da nossa era.
“Na minha longa carreira na saúde pública, que incluiu lidar com os surtos de H5N1 e SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Hong Kong e com a pandemia de gripe na OMS, nunca vi um assunto que atraia tanto interesse midiático mundial. Nunca vi um problema de saúde que provoque tanto medo e terror fora dos países afetados. Nunca vi uma doença contagiosa que contribua tão fortemente para o potencial fracasso de um Estado”, afirmou a diretora-geral da OMS.
A reunião de 18 de setembro do Conselho de Segurança da ONU para avaliar a situação demonstra, considerou, tratar-se de “uma crise de saúde pública que se transformou numa crise que afeta a paz e a segurança internacional”.
Margaret Chan realçou que a evolução do surto foi parcialmente determinada pelo fato de ter surgido em países pobres com sistemas de saúde muito precários.
“O surto demonstra os perigos das crescentes desigualdades sociais e econômicas no mundo. Os ricos obtêm o melhor tratamento. Os pobres são deixados para morrer”, disse.
A inexistência de tratamentos ou vacinas para um vírus conhecido desde 1976 deve-se, afirmou, ao fato de “o ebola ter sido histórica e geograficamente confinado a nações africanas pobres”.
Mais de 8.000 pessoas foram infectadas com o ebola na África nos últimos meses, mais de 4.000 das quais morreram.