O povo suíço votou ontem contra a adoção de um salário mínimo que equivaleria a dez mil reais, o que faria da Suíça o país com maior salário mínimo do mundo. A rejeição foi sonora: 77% dos eleitores foram contra a proposta de referendo apresentada por partidos de esquerda e sindicatos, que argumentaram ser essa medida essencial para promover um salário digno, distribuir a renda no país e também ajudar a diminuir a diferença de salários pagos a homens e mulheres (que representam a maioria entre os que recebem menos).
Na verdade, a adoção do salário mínimo retiraria o poder de barganha de todas as pessoas que recebem baixos salários em virtude da sua baixa produtividade e baixa qualificação. Havendo excesso de oferta de trabalho, os empresários escolheriam os trabalhadores mais qualificados, deixando os menos qualificados de fora, no caso de um alto piso salarial. É justamente a liberdade de preço que torna o trabalho dos menos qualificados mais competitivo. No caso de escassez de trabalho, os salários crescem acima do mínimo naturalmente e não há necessidade dessa legislação.
Por conta da liberdade contratual suíça, a taxa de desemprego do país é de apenas 3,5%. A competitividade dos pobres na Suíça é muito grande, e a liberdade econômica ainda cria um incentivo para maiores salários e mais empregos.
Além disso, tendo o salário mínimo como indexador, a criação de efeito inflacionário é muito grande, e poderia levar a uma deterioração completa da forte economia suíça.
A pergunta que fica é: havendo um modelo político e econômico tão bem sucedido, por que continuamos a teimar em reproduzir modelos falidos? OS bons modelos precisam ser copiados, não os ruins.
Bernardo Santoro é diretor do Instituto Liberal e professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ.
Essa matéria foi originalmente publicada pela Instituto Liberal