Suicídio de médicos levanta suspeitas no povo chinês sobre extração forçada de órgãos

25/04/2012 16:36 Atualizado: 06/01/2013 16:40
Internautas sugerem que haja conexão entre atrocidades e o chefe da segurança pública Zhou Yongkang
David Matas, um advogado internacional de direitos humanos e investigador da extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong (The Epoch Times)

A notícia do suicídio de dois médicos trouxe à tona na internet discussões sobre uma terrível atrocidade que o regime chinês tem mantido em segredo.

Os comentários são sobre o suicídio de dois médicos envolvidos na colheita forçada de órgãos de pessoas vivas, que foi chamada de “um mal sem precedentes”. Segundo publicações na internet, os médicos teriam tirado suas próprias vidas porque não puderam viver com a culpa de terem participado nesta prática brutal.

David Matas, um advogado e investigador conhecido por ser coautor de um informe sobre o uso indevido de transplantes de órgãos na China, foi mais cuidadoso em seus comentários. Ele pensa que a conexão entre os fatos possa ser um exagero. “É muito difícil explicar o suicídio de uma pessoa sem uma note de suicídio”, mas acrescentou, “o importante é que o assunto está circulando na China agora.”

De fato, desde a suspenção incomum da censura chinesa sobre o tema da coleta forçada de órgão de pessoas vivas, discussões e especulações sobre o assunto têm abundado. O destaque principal na internet é que o abuso da prática esteja diretamente ligado à perseguição do regime comunista chinês aos praticantes do Falun Gong. Eles são indivíduos saudáveis que David Matas acredita serem alvo do regime comunista de forma massiva.

Apesar da falta de provas diretas, o fato é que internautas chineses implicitamente estão associando o enorme crime documentado por Matas com os estranhos suicídios destes médicos.

O primeiro foi Li Baochun, especialista em transplantes do 2º Hospital Militar de Shanghai, que saltou do 12º andar do prédio de transplantes de rins do hospital em 2007.

O segundo foi Lie Leishi, de 84 anos, vice-diretor do Comando Militar de Nanjing e especialista em transplantes de rins, que saltou do 14º andar de seu apartamento em 16 de março de 2010.

De acordo com um artigo no Diário de Ciência e Tecnologia, reproduzido em websites militares e do governo chinês, o Centro de Transplantes de Rins de Li Baochun realizou mais de mil transplantes de rins apenas em 2004, uma média de mais de 3 transplantes por dia.

Lie Leishi saltou do 14º andar de seu apartamento em Nanjing em 16 de março de 2010 (Imagem da internet)

O número sugere um problema seríssimo. “É necessário uma grande quantidade de doadores para isso”, disse Matas em entrevista por telefone. “E é preciso que estejam disponíveis. […] O grande número, por si só, sugere que há outras fontes de órgãos além dos prisioneiros condenados à morte.”

Essa fonte seriam os praticantes do Falun Gong, segundo as investigações de Matas. Internautas indicaram que um dos suicídios acorreu três meses depois das revelações de um ex-policial da província de Shenyang sobre seu envolvimento na extração de órgãos de um praticante vivo do Falun Gong. O fato de o policial reconhecer a culpa pode ter tocado o médico Lie Leishi e o levado ao suicídio.

“Talvez eu esteja ‘criando rumores’”, escreveu um internauta, que se identificou como um médico militar aposentado, zombando das autoridades chinesas que descrevem tais discussões indesejadas online como boatos prejudiciais. “Li Leishi, do Hospital Geral de Nanjing e professor de Shanghai, cometeu suicídio estranhamente. Isso pode ter algo a ver com a extração de órgãos do Falun Gong. A água é muito profunda aqui. Ouvi dizer que há grandes conexões com Zhou.”

Zhou Yongkang é o chefe da segurança pública do Partido Comunista Chinês e responsável pela infame e secreta Agência 610, que comanda a perseguição ao Falun Gong.

A outra morte comentada foi a de Li Baochun. Ele era um conhecido especialista em rins que se envolveu num grande número de transplantes de órgãos. De acordo com seus amigos e parentes, citados nos artigos da mídia chinesa após sua morte, em seus últimos meses de vida, ele estava deprimido.

Mas esta depressão era uma “palavra sensível” no Hospital Changhai de Shanghai, onde Li Baochun trabalhava, segundo o Sr. Ma, o chefe de relações públicas, num comunicado à mídia chinesa. A equipe do hospital não quis comentar sobre sua morte e os médicos pareciam nervosos quando ouviam seu nome. O suicídio foi ruim para a reputação do hospital, disseram as fontes.

Li Baochun se suicidou em 4 de maio de 2007, cerca de 10 meses após a publicação em julho de 2006 do “Relatório sobre as alegações de extração de órgãos de praticantes do Falun Gong na China” de Matas.

De acordo com uma fonte citada num artigo do Yangzi Evening News sobre a morte de Li Baochun, ele primeiro foi à sala dos pacientes no 2º andar e se dirigiu para o departamento de rins no 7º andar, onde trabalhava. Em seguida, ele foi para o 12º andar, onde ele realizava os transplantes.

“Ele pulou de seu local de trabalho. Ninguém sabe o que passava em sua mente naquele momento”, disse uma fonte. “Ele não deixou nenhuma palavra.”

Com pesquisa de Ariel Tian.

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