Suicídio de médicos causam suspeitas no povo chinês sobre extração forçada de órgãos

04/05/2012 14:48 Atualizado: 04/05/2012 14:48

David Matas, investigador da extração de órgãos  dos praticantes de Falun Gong. (Epoch Times)Internautas na China sugerem que possa haver conexão com crimes cometidos contra milhares de praticantes da prática do Falun Gong.

A notícia do suicídio de dois médicos, fizeram crescer os comentários pela internet de uma terrível atrocidade que o regime chinês estava mantendo em segredo.

Os comentários são sobre o suicídio de dois médicos envolvidos com transplantes de órgãos de pessoas vivas, algo condenado como “um mal sem precedentes”. Segundo as publicações na internet, os médicos teriam tirado suas próprias vidas porque não poderiam viver com a culpa da participação de uma prática brutal.

David Matas, um advogado e investigador conhecido por ser coautor de um informe sobre o uso indevido de transplantes de órgãos na China, foi mais cuidadoso no seu comentário. Pensa que a conexão entre os fatos possa ser um exagero.“É muito difícil explicar o suicídio de uma pessoa sem uma carta de suicídio” mas também diz “ o importante, é que isso agora está circulando na China”.

O fato, é que desde a insistência incomum chinesa de censurar o tema da coleta de órgão de seres humanos vivos, a discussão e a especulação sobre o assunto ganhou notoriedade.

O destaque principal nos assuntos da internet é que o abuso na prática de extração de órgãos possa estar diretamente ligado à perseguição do governo aos praticantes de Falun Gong. São indivíduos saudáveis que David Matas acredita terem sido alvo do regime comunista de forma massiva.

Apesar da falta de provas diretas, o fato é que os internautas chineses implicitamente estão associando o enorme crime documentado por Matas, com os estranhos suicídios destes médicos.

O primeiro foi Li Baochun, especialista em transplantes do segundo hospital militar de Shangai, que saltou do décimo segundo andar no hospital de transplantes de rins em 2007.

O segundo foi Lie Leishi, de 84 anos de idade, vice-diretor do comando militar da área de Nanjing e especialista em transplantes de rins, que saltou do décimo quarto andar de seu apartamento, em 16 de março de 2010.

Leishi saltou do 12º andar de seu apartamento em Nanjing em 16 de março de 2010. (imagem da internet)De acordo com o artigo no Diário Ciência e Tecnologia, sobre o governo chinês e sites da web militares, o centro de transplantes de Li Baochun, realizou mais de 1.000 transplantes de rins. Uma média mais de 3 transplantes por dia.

O número sugere um problema muito sério. “É necessário uma grande quantidade de doadores para isso” disse Matas em entrevista por telefone “ e precisam esperar… o grande número, por si só, sugere que há outras fontes de órgãos: a partir dos presos que serão condenados a morte.”

Essa fonte são os praticantes de Falun Gong, segundo a investigação de Matas. Internautas disseram que os suicídios aconteceram três meses depois das revelações de um ex-policial, da província de Shenyang, participante da extração de órgãos de um praticante vivo de Falun Gong. O fato de reconhecer a culpa por parte do policial pode ter tocado ao médico Li e o conduzido ao suicídio.

Talvez eu esteja “criando rumores”, escreveu um internauta identificado como Weibo médico militar aposentado, zombando da prática das autoridades chinesas para descrever uma “discussão indesejada on-line” como boato prejudicial. “Li Leishi Nanjing do Hospital Geral e professor de Shangai cometeu suicídio, estranhamente. Isso pode ter algo a ver com a extração de órgãos do Falun Gong. A água é muito profunda aqui. Ouvi dizer que existem excelentes ligações para Zhou.” Afirmou em tom de ironia.

Zhou Yongkang é o chefe de Segurança do Partido Comunista Chinês. É responsável pela agência secreta que cuida da perseguição ao Falun Gong.

A outra morte comentada foi a de Li Baochun. Li era um especialista em rins de destaque que se envolveu em um grande volume de transplantes de órgãos. De acordo com os seus amigos e parentes citados nos artigos da mídia chinesa após a sua morte, nos seus últimos meses de vida, ele estava deprimido.

Mas esta depressão era um “palavra sensível” No hospital de Shangai, onde trabalhou Li, de acordo com Ma, chefe de relações públicas, em um comunicado aos meios de comunicação chineses. A equipe do hospital não quis comentar à mídia sobre sua morte e os médicos não se sentiam bem quando ouviam seu nome. O suicídio foi ruim para a reputação do hospital, disseram as fontes.

Li se suicidou em 04 de maio de 2007, cerca de 10 meses após a publicação em julho de 2006, de Matas, coautor do “Relatório sobre as alegações de extração de órgãos de praticantes de Falun Gong na China.”

De acordo com uma fonte citada numa matéria da Yangzi Evening News, sobre a morte de Li, ele primeiro saiu da sala dos pacientes no segundo andar e se dirigiu para o departamento de rins, no sétimo andar, onde trabalhava. Logo foi para o décimo segundo andar, onde eram realizados os transplantes.

“Ele pulou de seu local de trabalho. Ninguém sabia o que passava na sua mente naquele momento. E não deixou nenhuma palavra.”