Cada dia que se passa vejo a Venezuela mais próxima da União Soviética e Maduro mais próximo de Stalin. Dividir a população por classes e movimentar essas classes de acordo com o conceito “apoiador” x “opositor” não me parece em nada diferente das ações de Stalin, principalmente em relação à Ucrânia.
Primeiro cria-se um inimigo para servir de bode expiatório, seja o empresariado, os Estados Unidos, a oposição política e partidária, estudantes que se manifestam contra o regime, a mídia que não está sob o controle do ditador, etc. Depois, separa-se os cidadãos entre apoiadores e opositores, quem for opositor será “encaixado” num dos grupos, independente de pertencer a ele ou não. O importante é apontar o “inimigo” e garantir que assim fique estigmatizado.
Essa tática legitimará qualquer atitude contra o “inimigo”, seja matá-lo de fome, executá-lo ou prendê-lo arbitrariamente. Legitima-se a tortura, o assassinato e as maiores abominações que possamos imaginar.
Atacar os cidadãos por meio de uma “guarda civil”, com apoio de uma força armada nacional, também está entre os estratagemas soviético-stalinistas e é fácil reconhecê-los nas atitudes de Nicolás Maduro. A Guarda Nacional Bolivariana (GNB) nas ruas para atacar os manifestantes, apoiada por soldados do exército revolucionário cubano, e a expulsão da CNN do país são exemplos do quão autoritário e assassino pode ser Maduro.
A prisão do líder opositor Leopoldo López, por acusações jogadas ao ar e sem qualquer comprovação, e a intenção de sentenciá-lo a 10 anos de prisão por… pelo que mesmo? A arbitrariedade e o dedo do ditador são gritantes. Qual o próximo passo? Criar “campos de reeducação” para opositores?
Manter mercados inacessíveis a determinados cidadãos, como os de Táchira, reduto antichavista, pressionando-os com a precariedade (cortes propositais de serviços de água e eletricidade em horários não convencionais) e fome, pode ser comparado à tática stalinista (depois “copiada” por Mao Tsé-tung, na China) que causou a morte de nada menos que 14,5 milhões de ucranianos entre 1933-1934 e mais 45 milhões de chineses entre 1954-1958.
Mas, principalmente, podemos comparar Maduro a Stalin em seu jeito de estraçalhar todos que ousem levantar-lhe a voz. O povo de Táchira é majoritariamente antichavista? Pois que passem fome e vivam sem os serviços mais básicos. Um líder opositor faz barulho? Vamos silenciá-lo com 10 anos de cadeia e acusações variadas sem comprovação. Os manifestantes tomam as ruas? A GNB e soldados revolucionários cubanos matam e ferem a esmo.
Assim como Lênin antecedeu Stalin, Chávez antecedeu Maduro. Ambos os ditadores, Stalin e Maduro, assumiram após a morte dos ditadores anteriores e iniciaram uma campanha de “aprimoração” das políticas repressivas, assassinas e debilitantes de seus antecessores. Maduro coloca à prova tudo que Chávez sempre sonhou.
Chama as manifestações de “golpe de Estado” e os manifestantes de “golpistas”. Diz dos empresários que estes agem para desestabilizar a Venezuela. Stalin chamou seus inimigos de golpistas e acusou-os de tentar desestabilizar a URSS (os kulaks que o digam). Mera coincidência, ou Maduro tem bebido da cartilha stalinista?
A cada ação, Maduro se torna mais próximo a Stalin e torna mais clara sua face autoritária (provavelmente a única face que possui), outrora maquiada. Sua obsessão por controlar toda a Venezuela, desde o sistema político até o econômico, é imensurável. Maduro acredita fervorosamente ser capaz de controlar e manipular tudo e todos conforme sua vontade e na direção que quiser. Esse erro o assemelha ainda mais a Stalin (e tantos outros vermelhos).
Ou o povo venezuelano se livra de Maduro, ou Maduro acabará com a Venezuela. O país terá que passar pelo historicamente conhecido e fracassado modelo socialista-stalinista e ter o mesmo fim que a União Soviética para se livrar do Chavismo; ou seria agora “Madurismo”?
Está claro que entre Stalin e Maduro há semelhanças que vão bem além do cabelo e do bigode. Os venezuelanos que se cuidem, ou se preparem para enfrentar o que de pior o mundo já presenciou e pode voltar a presenciar.
Roberto Barricelli é assessor de imprensa e articulista do Instituto Liberal
Esta matéria foi originalmente publicada pelo Instituto Liberal