NOVA YORK – Nas últimas notícias sobre o planejamento de transferência da estação de lixo da rua 91 de NY, um complexo desportivo das proximidades, chamado Asphalt Green, surgiu com uma proposta alternativa de construir parques sobre o local.
Os caminhões de lixo trazem a sujeira para a estação, para que esta possa ser colocada em containers que serão transportados para lixões fora da cidade. O debate contínuo sobre a construção da estação levantou muitas dúvidas sobre uma maneira na qual Nova York possa liberar seus resíduos de forma ecologicamente correta.
A cidade planejou construir mais destas estações, para que o lixo seja ainda mais bem distribuído entre os cinco distritos. O lixo de Manhattan normalmente é transferido junto com outros distritos, por não possuir estação própria. Transportar por vias aquáticas pode ser uma forma de menor impacto ambiental, ao contrário dos caminhões movidos a diesel que emitem gases poluidores constantemente.
As comunidades locais e residentes locais, por outro lado, argumentaram que criar uma estação em seus bairros, com caminhões transportando o lixo na área, pode poluir o ar e afetar a saúde das pessoas. No entanto, construir um parque nas áreas próximas pode mitigar os efeitos negativos, afirma o Asphalt Green.
A ideia de converter os lixões em parques não é nova. No outro lado da ilha, na região noroeste da cidade, foi desenvolvido um parque em cima do tratamento de esgoto de North River, após reclamações dos moradores de problemas respiratórios e cheiros desagradáveis.
Após sete anos da aprovação da planta do parque, em 1993, o Riverbank State Park foi construído, no valor de US$ 129 milhões e com 28 acres. Inclui uma piscina olímpica, pista de skate, teatro e um restaurante. Ao mesmo tempo, o complexo processa em torno de 170 milhões de galões de esgoto por dia.
Apesar do embelezamento das estações de esgoto, proporcionando um espaço recreativo ao público, o problema das crescentes pilhas de lixo ainda não foi resolvido.
Alternativas
Atualmente, a cidade desvia seus resíduos para incineradores e aterros fora do Estado. A maior parte do lixo da cidade vai para New Jersey, mas também vai para o Norte do Estado, Pensilvânia e Carolina do Sul. Transportar enormes quantidades de lixo é caro e polui consideravelmente o ar.
As comunidades de baixa renda têm sido historicamente desproporcionalmente sobrecarregadas com instalações de lixo próximas de seu quintal, e estão condenadas a viver com o estigma e a poluição do ar que vem com as instalações, afirmou Ana Baptista, professora de política ambiental e programa de gestão sustentável na New School de Milano.
Para eliminar de fato os resíduos de forma sustentável, Baptista diz que as pessoas precisam reduzir a quantidade de resíduos que produzem.”Esse é o cerne do problema. Infelizmente, estamos em um ponto em que temos que nos preocupar com a distribuição, porque temos muito lixo e um pequeno espaço para colocá-lo, não é justo despejar tudo nessas comunidades”, disse ela.
A cidade pode estabelecer um programa de incentivo, como em São Francisco, onde os residentes e as empresas são obrigadas a separar o lixo em não-recicláveis, recicláveis e compostáveis, e são diretamente lançados para coleta de lixo. Isso incentiva as pessoas a jogar fora menos lixo, uma vez que pagarão menos, disse Baptista.
Em Nova York, os moradores pagam impostos que são direcionados para a coleta de lixo do Departamento de Saneamento da cidade, de modo que os incentivos são menos aparentes. Mas a cidade poderia criar um programa de redução de impostos, onde os moradores sejam reembolsados de seus impostos em troca de separar o lixo corretamente, disse Benjamin Miller, co-fundador da Closed Loops, uma empresa de planejamento urbano sustentável.
Ele estima que um programa de incentivo pode reduzir o desperdício de Nova York, em pelo menos 12%, com base em outras cidades que adotaram esta estratégia ao poupar os milhões de dólares dos cofres públicos. “Seria a solução mais simples e também politicamente popular”, disse Miller.
Além disso, a cidade poderia reduzir a quantidade de lixo que transporta para fora, se construísse uma infraestrutura para processar resíduos orgânicos, que atualmente representam cerca de um terço do total, de acordo com o departamento de saneamento. O composto pode ser dividido em tanques anaeróbicos e convertido em gás natural ou fertilizante.
No outono de 2012, o departamento de saneamento iniciou um programa piloto para a coleta de compostagem em bairros selecionados e escolas. Ele será executado até julho de 2015.
O ex comissário da cidade do departamento de saneamento Brendan Sexton afirma que para reduzir os resíduos da cidade, a reciclagem deve ser aplicada com mais rigor. “É a lei. Deveríamos exigir em virtude de ter pessoas saindo e escrevendo bilhetes”, disse Sexton, que agora é consultor ambiental. Ele observou que as taxas de reciclagem foram especialmente baixas em projetos habitacionais públicos da cidade.
Sexton afirma que é preciso haver mais consciência social, que a reciclagem não é um incômodo, mas uma exigência da lei. “Precisamos criar uma geração que desperdiça menos e recicla tudo o que pode”, disse ele.