Sol brilha em rocha lendária apenas a cada 60 anos

06/08/2012 03:00 Atualizado: 06/08/2012 03:00

Fotografia de uma pintura que descreve uma cena da obra clássica chinesa De acordo com o folclore chinês, um monge budista da Dinastia Tang secou as escrituras na rocha

A grande rocha conhecida como “a rocha para secar escrituras ao sol” fica no vale atrás do Templo Fahua, na cidade de Anning, província de Yunnan, sudoeste da China. Caracteres antigos estão esculpidos em sua superfície, mas a coisa mais notável sobre esta pedra é a que diz que o sol brilha sobre ela apenas uma vez a cada 60 anos.

Diz a lenda que quando o monge Xuanzang (602-664 d.C.) estava em seu caminho de volta para Chang’an, a capital da Dinastia Tang, vindo da Índia depois de receber as escrituras budistas, ele parou para enxugar as escrituras sobre a rocha, após deixá-las cair no rio.

Segundo um artigo do Jornal de Yunnan, esta pedra tem mais de dez metros de altura e vários metros de largura na base. Árvores e grama crescem densamente em torno dela. O curioso é que quando o sol está alto no céu, lançando raios solares em todos os cantos do vale, esta pedra não recebe um único raio.

Na face da rocha parece haver caracteres antigos cinzelados numa superfície de 9 por 6 metros. Há oito linhas de caracteres, cada uma com cerca de uma dúzia de caracteres esculpidos. Estes caracteres de forma espiralada se assemelham a símbolos hieroglíficos ou caracteres anteriores à Dinastia Chin, os quais ainda são usados em selos hoje.

Ao longo dos tempos, os caracteres se tornaram difíceis de reconhecer. Além destas oito linhas de caracteres grandes, há muitos outros caracteres finamente esculpidos que não podem ser lidos.

O Sr. Cao, um estudioso da história, cultura e geografia chinesa, disse: “O sol brilha sobre a rocha apenas uma vez a cada 60 anos. Isto acontece depois do pôr do sol quando o sol nasce por detrás das montanhas [na mesma noite].”

O Sr. Cao aprendeu com anciãos numa vila perto da rocha que um lenhador vai para as montanhas recolher lenha todos os dias. Ao pôr do sol, ele passa pela rocha a caminho de casa, enquanto carrega dois feixes de lenha. Uma noite, quando o lenhador passou pela rocha, ele viu o sol levantar depois do por do sol no mesmo dia. Uma luz brilhante iluminou a rocha. Assustado, ele largou a feixes de madeira e correu à aldeia para contar aos outros.

“A luz do sol encheu o muro”

Um monge no Templo Fahua disse: “Foi por volta de 18h no momento do equinócio da primavera de 2005 [20 de março de 2005]. Eu vi o sol iluminar a rocha por cerca de meia hora.” Ele tinha sido um monge no templo por muitos anos, mas foi a única vez que viu a luz do sol sobre a rocha.

De acordo com os arquivos da prefeitura de Anning: “Foi durante a estação chuvosa, e o templo estava mais escuro que de costume. De repente, o sol encheu o corredor. A barba e o cabelo nos retratos do Buda nas paredes tornaram-se incrivelmente vívidos. Pouco depois, o sol se foi, e tudo ficou escuro novamente.”

Isto foi relatado em 1921. A lenda local conta que no dia após o equinócio da primavera, uma vez a cada 60 anos, o sol nasce novamente depois do pôr do sol na mesma noite. A luz do sol enche os topos das montanhas e o vale, iluminando a rocha especial. As florestas tornam-se vivas em cor, os retratos do Buda irradiam uma cor dourada, e a sala do templo torna-se cheia de raios brilhantes de luz.

Xuanzang disse que as escrituras budistas caíram no Rio Sha quando ele encontrou monstros da água durante a travessia do rio em seu caminho de volta para a capital Tang vindo da Índia. Ele resgatou as escrituras da água e precisou secá-las.

O monge e seus acompanhantes abriram as escrituras sobre uma rocha e acenderam uma fogueira para secar as escrituras, mas de repente o sol se levantou quando ia cair a noite. A luz do sol iluminou o céu noturno e a rocha, secando as escrituras.

Quando o monge recolheu as escrituras, os escritos em sânscrito das escrituras ficaram impressos na rocha. Daí o nome “a rocha para secar escrituras ao sol”.