Sobrevivente do massacre estudantil de 1989 exige retornar a seu país

22/05/2012 17:00 Atualizado: 22/05/2012 17:00

O dissidente chinês Wu'er Kaixi, um dos principais líderes estudantis dos protestos de 1989 na Praça Tiananmen, fala no aeroporto de Taoyuan em 4 de junho de 2009, após uma tentativa fracassada de entrar em Macau para se entregar ao governo chinês. (Sam Yeh/AFP/Getty Images)Um líder estudantil dos protestos de 1989 da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em Pequim aproximou-se da embaixada chinesa em Washington DC na sexta-feira numa tentativa de ser autorizado a regressar à China. Ele foi ignorado pelo pessoal da embaixada. Wu’er Kaixi concluiu a visita de protesto lendo uma declaração pessoal expressando sua esperança de poder voltar à China e passar o tempo com seus pais idosos. Wu’er disse que o seu “esforço e luta para voltar para casa nunca pararão”.

Foi a terceira tentativa do ex-aluno ativista de se aproximar do regime chinês para ser autorizado a regressar para casa na China. Antes do aniversário do incidente de 4 de junho em 2009, Wu se aproximou do Escritório Representante do Partido Comunista em Macau e foi deportado. Novamente, em 4 de junho de 2010, ele exigiu um diálogo com o regime na embaixada chinesa em Tóquio. Depois, ele pulou a cerca de ferro em frente à embaixada e foi preso pela polícia japonesa.

Em 2011, a entrada de Wu’er em Hong Kong foi negada, quando planejava assistir ao funeral de Szeto Wah, uma figura política proeminente de Hong Kong. Num comunicado publicado em seu site oficial sobre a questão, ele se referiu a suas duas tentativas anteriores de se aproximar do governo chinês.

“Depois que eu tentei voltar à China usando a forma de rendição, muitos ficaram chocados ao descobrir que o governo chinês ainda restringe as viagens internacionais de meus pais e que não tenho sido capaz de visitar minha família por mais de 20 anos. Muitos ficaram surpresos ao ver que o governo chinês se recusou a aceitar minha rendição apesar de eu estar na ‘lista de procurados'”, disse Wu. “Às vezes, nós consideramos absurdos indiferentemente. Mas, mesmo se fizermos isso, não devemos considerar absurdos como naturais.”

Recentemente, com as lutas de poder no Partido Comunista Chinês se intensificando, sinais de um movimento pela democracia têm começado a aparecer com frequência. Pesquisas específicas relacionadas com “4 de junho” parecem estar temporariamente suspensas em buscadores chineses desde 20 de março. Retratar os ativistas estudantis perseguidos nos protestos de Tiananmen também foi aparentemente comentado pelo primeiro-ministro chinês Wen Jiabao em reuniões a portas fechadas do Partido.

Em abril de 1989, Wu’er, então um estudante na Universidade Normal de Pequim, participou em manifestações de massa na Praça da Paz Celestial pedindo por uma reforma democrática na China. Wu’er Kaixi foi um dos líderes estudantis que participou de um diálogo com o então primeiro-ministro Li Peng. A multidão foi violentamente reprimida com armas e tanques. Wu partiu para a França logo após o incidente e mais tarde estudou na Universidade de Harvard nos EUA. Atualmente, ele reside em Taiwan e trabalha como comentarista político.