Se liberais e socialistas não conseguem pelo menos concordar que a vida deve ser preservada e protegida a todo custo, não podemos sequer começar a discutir uma das principais diferenças entre o sistema liberal e o sistema socialista.
Um sistema visa a proteção da vida, o outro visa a proteção do partido
A consequência de um sistema que visa uma ditadura como sistema ideal coloca todo o poder do Estado nas mãos de um grupo de indivíduos. Isso significa que os sistemas judiciário e legislativo desse Estado não serão nunca imparciais. O julgamento de alguém acusado de qualquer que seja o crime nunca será justo já que todos os membros do corpo de funcionários do Estado seguem recomendações do partido. Numa sociedade governada por homens com ideais deterministas e controladores que sacrificam a vida de muitos pelas vidas de poucos, a oposição se transforma num atentado contra a soberania nacional.
Qualquer um que use a lógica contra a paixão socialista é tido como inimigo número um do Estado. Inimigos devem ser eliminados, segundo a mente revolucionária socialista.
Num sistema liberal regido pelo estado de direito, as leis protegem os indivíduos dos desmandos e abusos do poder, previnem que as autoridades expandam seus poderes desmesuradamente e a oposição tem o direito de se manifestar e posicionar livremente sem sofrer retaliação por isso. O debate é de fato protegido por lei. A vida do opositor é protegida por lei, porque a lei é cega às diferenças entre cidadãos daquela nação.
Num sistema que visa a centralização do poder nas mãos de um grupo que segue uma modalidade política única e que tem visões políticas uniformes há uma tendência natural ao emprego da opressão contra aqueles que ousam discordar.
Como a ideologia comunista justifica a violência
É importante lembrar que o próprio Karl Marx usava o termo “ditadura do proletariado”, que foi usado pela primeira vez por Joseph Weydemeyer, para descrever o sistema político ideal do Estado socialista perfeito. Apologistas marxistas geralmente dizem que Marx nunca desafiou seus seguidores a derramarem sangue em nome de sua ideologia, mas o argumento que a maioria dos socialistas usa para justificar o assassinato em massa de seres humanos tem raízes maoístas, portanto marxistas também. Mao Tsé-tung, o revolucionário comunista chinês fundador do Partido Comunista da China e líder do país durante alguns dos anos mais sangrentos e nebulosos da história (1949-1976), seguia a tradição marxista-leninista. Ele justificou o ato de violência contra qualquer “classe” de pessoas em seu “Relatório sobre uma investigação do movimento camponês em Hunan” em 1929.
“A revolução não é um jantar, ou escrever um ensaio, ou pintar um quadro, ou fazer bordados, ela não pode ser tão refinada, tão agradável e gentil, tão temperada, gentil, cortês, comedida e magnânima. Uma revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba outra.”
Desonestidade ou ingenuidade?
Ao afirmar que a violência é sim uma forma legítima de revolta contra quem tem o poder, socialistas muitas vezes ingênuos ou propositalmente desonestos, acabam ignorando certas noções básicas que todos nós como humanos já desenvolvemos naturalmente desde os tempos mais primitivos. O indivíduo sempre entendeu que a cooperação é a forma mais segura de assegurar a própria sobrevivência. Nossa tendência natural em seguir certos princípios básicos como a preservação da vida é deixada de lado quando passamos a acreditar que um fim ideológico utópico justifica quaisquer métodos e atos para alcançá-lo. É a absolvição antecipada, a garantia de que a violência empregada vale a pena, porque o sangue derramado ou as misérias provocadas no processo revolucionário são aceitáveis por propiciar a surgimento do futuro idealizado.
Quando passamos a justificar o apoio a políticas agressivas ou a ideologias radicais que negam a lógica, a experiência, o direito de propriedade, as leis da economia e os limites do poder do Estado em relação ao indivíduo, abrimos mão de qualquer responsabilidade pelos nossos atos enquanto homens e mulheres dotados de razão e consciência.
Transformamo-nos em mais um membro de um exército marchando na direção de um futuro cruel. Um futuro que hoje é a realidade de milhões de seres humanos que tiveram o infortúnio de terem nascido num país como a Coreia do Norte, onde pessoas nascem em cativeiro, são jogadas em campos de concentração ou são fuziladas por motivos mal investigados mesmo após terem trabalhado a vida inteira pelo partido.
Saber que num lugar como o Brasil, jovens prestam homenagem a sistemas ditatoriais e comunistas como a Coreia do Norte é um atestado da nossa falta de visão e de noção do que seja responsabilidade pessoal, uma evidente tendência ao mimetismo social por déficit de senso crítico e independência intelectual.
Esta matéria foi originalmente publicada pela mídia Reaçonaria