Casa Branca: Liberação de Snowden tem “impacto negativo” nas relações EUA-China
Antes das autoridades chinesas deixarem Edward Snowden, o ex-contratado da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, sair de Hong Kong, eles se certificaram de obter toda a inteligência que ele possuía.
Um carro separado carregou sua bagagem para o aeroporto de Hong Kong para seu voo para a Rússia, segundo a senadora norte-americana Dianne Feinstein, presidente do Comitê Seleto do Senado sobre Inteligência, que falou no programa “Face the Nation” da CBS no domingo.
Devido à liberdade de manobra das agências de inteligência da República Popular da China (RPC) em Hong Kong e do forte interesse da RPC na inteligência possuída por Snowden, é bem provável que todos os dados de computador que ele detinha tenham caído nas mãos da RPC.
Dois agentes ocidentais de inteligência afirmaram o mesmo ao New York Times – que agentes de inteligência da RPC tinham provavelmente adquirido o conteúdo dos quatro laptops de Snowden.
Antes da partida, Hong Kong recebeu um pedido de extradição dos EUA, que as autoridades optaram por não obedecer após alegarem que não foi requisitado corretamente. Esse desafio foi amplamente visto, inclusive por políticos norte-americanos, como um dedo no olho dos EUA.
“Acho que isso é um grande surpresa”, disse o senador Feinstein. “Eu realmente pensei que a China veria isso como uma oportunidade para melhorar as relações e que o extraditaria para os EUA. A China claramente teve um papel nisso, em minha opinião. Não acho que Hong Kong agiu isoladamente sem a aquiescência chinesa.”
A Casa Branca, que normalmente é muito mais contida em suas declarações públicas sobre a RPC, expressou um sentimento similar. “Simplesmente não acreditamos que isso tenha sido uma decisão técnica de um oficial da imigração de Hong Kong”, disse o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, a repórteres numa coletiva em 24 de junho. “Esta foi uma escolha deliberada do governo de liberar um fugitivo, apesar do mandado de prisão válido, e essa decisão sem dúvida tem um impacto negativo na relação EUA-China.”
“Os chineses têm enfatizado a importância da construção de confiança mútua. E pensamos que eles têm tratado esse esforço ao revés”, continuou Carney. “Se não podemos contar com eles para honrar suas obrigações legais de extradição, então há um problema. E esse é um ponto que estamos deixando claro para eles muito diretamente.”
Snowden voou para Moscou em 23 de junho e é provável que os russos também estejam avaliando a inteligência que ele tem. Declarações oficiais dos EUA desde sua chegada à Rússia pediram que Moscou prenda Snowden e o expulse para os EUA, mas a probabilidade disse ocorrer é baixa.
Para o regime chinês, desfazer-se de Snowden enviando-o para os russos foi uma jogada estratégica, segundo Shi Cangshan, um analista independente de Washington DC especialista no Partido Comunista Chinês (PCC) e em suas políticas.
“Xi Jinping acaba de concluir dois dias de reuniões informais com o presidente Obama”, disse Shi numa entrevista por telefone. “Isso teria um grande impacto nas relações entre as duas nações se esse incidente se intensificasse e Xi Jinping odiaria ver isso acorrer desse jeito.”
“O incidente de Snowden poderia fazer tudo o que ele alcançou em sua viagem à Califórnia ir pelo ralo.” Em vez de enviar Snowden de volta para os Estados Unidos – o que seria visto como um sinal de fraqueza e repeliria possíveis desertores no futuro – enviá-lo para outro país foi “menos problemático”, disse Shi.
“Na verdade, o PCC não chega a se atrever a provocar os norte-americanos.” E os EUA estão cientes disso, acrescentou Shi. “É por isso que Washington sempre enfatiza a ‘diplomacia das aparências’ com a China, ou seja, você deixa a China ganhar prestígio tanto quanto possível e em troca eles o fornecerão algo substancial.”
Neste caso, no entanto, a RPC deixou Washington na mão. Durante um episódio importante de deserção no início de 2012, quando Wang Lijun, o chefe de polícia da megalópole chinesa de Chongqing, fugiu para o consulado dos EUA em busca de asilo, os norte-americanos o deixaram ir depois de interrogá-lo.
Snowden teria aterrissado no Aeroporto Sheremetyevo em Moscou em 23 de junho – supostamente a caminho de outro país não aliado dos EUA, como Equador, Venezuela ou Cuba – mas ninguém o viu chegar à Rússia. Questões estão sendo levantadas sobre se ele chegou de fato.
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