Foi testado com sucesso um dispositivo médico, controlado através de smartphone, capaz de ajustar e normalizar a quantidade de açúcar no sangue de pessoas que sofrem de diabetes tipo 1. Foram dois testes de cinco dias, um em 20 adultos e outro em 32 adolescentes. O dispositivo mostrou-se não invasivo e praticamente não mudou a rotina diária do pacientes submetidos aos testes.
Os adultos que participaram do teste, pessoas com diabetes tipo 1, tinham, cada um, a constante atenção de uma enfermeira e ficaram hospedados em um hotel por cinco dias. Eles eram livres para sair e suas exercer atividades rotineiras. Os adolescentes, 16 meninos e 16 meninas, viveram sob supervisão médica em um acampamento de verão.
A equipe que realizou os testes – especialistas da Universidade de Boston e o Hospital General de Massachusetts – disse que o dispositivo superou amplamente a expectativa no que se refere à capacidade de regular o nível de glicose do sangue, de evitar a hipoglicemia e de se adaptar automaticamente às necessidades momentâneas de cada pessoa, não importa se adulto e um adolescente. O rápido crescimento e mudanças hormonais na adolescência resultam em uma necessidade de insulina que é de duas a três vezes maior que a de adultos com o mesmo peso corporal. O dispositivo também foi capaz de lidar adequadamente com doenças típicas como resfriados ou problemas gástricos, os quais podem alterar bastante a necessidade de insulina.
Um dos destaques do dispositivo é sua capacidade de controlar o nível de açúcar no sangue assim que colocado no paciente, com base apenas no peso do paciente, e de ajustar continuamente a dose de insulina e glucagon necessária a cada momento de acordo com a necessidade de cada pessoa.
“Atualmente não existe tratamento padrão que possa alcançar os resultados alcançados com o dispositivo”, disse Edward Damiano do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Boston, um dos principais pesquisadores do projeto. Edward sabe muito bem o que é conviver com a diabetes, pois seu filho de 15 anos foi diagnosticado com diabetes tipo 1 quando tinha apenas 11 meses de idade.
O dispositivo, que exerce função de pâncreas artificial, é a última versão de um dispositivo que vem sendo redesenhado durante anos. O sistema consiste em um iPhone 4S acoplado a um monitor de glicose, duas bombas, e reservatórios de insulina e glucagon. Um pequeno sensor colocado embaixo da pele de um dos lados do abdómen mede a glicose no sangue a cada cinco minutos. O smartphone recebe informações desse sensor e calcula a quantidade de insulina e/ou glucagon a ser lançada no sangue a cada momento através de finos tubos incorporados sob a pele do outro lado do abdómen do paciente.
Diabetes tipo 1, que geralmente começa na infância ou na idade adulta jovem, é uma condição crônica que resulta de o pâncreas produzir pouca ou nenhuma insulina, um hormônio que reduz o nível de açúcar no sangue. A insulina funciona em conjunto com glucagon, este um hormônio que aumenta o açúcar no sangue, contrapondo-se aos efeitos da insulina. Juntos, eles podem manter o nível de açúcar no sangue dentro de uma faixa normal.
Um terço das pessoas com diabetes tipo 1 dependem de bombas de insulina programadas para liberar insulina no sangue de modo a imitar essa função do pâncreas e assim manter a quantidade de açúcar no sangue dentro de uma faixa normal. O problema é que quase todas essas bombas não se ajustam automaticamente às necessidades momentâneas de insulina do paciente e não liberam glucagon. Este novo dispositivo libera ambos os hormônios e faz isso sem intervenção do paciente, a cada cinco minutos.