O governador de São Paulo e candidato à reeleição pelo PSDB, Geraldo Alckmin, descartou na segunda-feira (4), a hipótese de promover o racionamento de água e disse que a Sabesp tem condições de garantir o abastecimento das cidades atendidas pelo Sistema Cantareira até o “começo do ano que vem”, segundo o jornal Diário do Poder. O tucano criticou o que chamou de “exploração política” da crise hídrica.
“Não há necessidade nem é tecnicamente adequado fazer porque poderíamos perder mais água e, com o risco do racionamento, as pessoas poderiam guardar mais água e perder toda a cultura de evitar o desperdício”, afirmou Alckmin. O governador citou duas vezes o presidente do Conselho Mundial de Água, Benedito Braga, que se posicionou contra a adoção de racionamento por motivos técnicos e sociais.
“O que estamos fazendo em economia de água (com o bônus para quem economiza água) equivale a um racionamento de 36 horas com água e 72 horas sem. Sem a população ser prejudicada”, disse Alckmin. O tucano afirmou que essa prática tem resultado em economia de 8 metros cúbicos por segundo no sistema Cantareira durante a maior seca dos últimos 84 anos”.
Reportagem realizada pela empresa Climatempo – dedicada a fazer previsões meteorológicas -, fala sobre as previsões de chuva para o período entre outubro e março e as possibilidades de recuperação do sistema Cantareira. No vídeo, eles entrevistam o professor Antônio Zuffo, chefe do Departamento de Recursos Hídricos na Universidade de Campinas (Unicamp), que revela ser grave a situação do sistema Cantareira. Leia abaixo a transcrição de parte de sua fala, realizada pelo jornalista Renato Guimarães, do Brasil Post:
“Com a falta de água, cessariam as outorgas de irrigação e de indústrias e, talvez, de comércio. Seria um caos completo. Você teria de viver com a compra de água a granel, por caminhão pipa, mas você não tem a garantia da qualidade. É uma situação muito grave. E a gente passa ainda pela rua e vê pessoas lavando carro, lavando calçada. Não sabem da gravidade do problema. É muito grave. Nós nunca passamos uma situação como essa. E por causa do ambiente político desse ano, essa história não está vindo a público. Então, está se negando o problema e o problema já está instalado. Se não ocorrerem chuvas para reabastecer ou encher os reservatórios pelo menos 5 ou 10% a situação vai ficar extremamente grave. E esse cenário nebuloso está cada dia mais próximo.”
Segundo a meteorologista da Climatempo, Bianca Lobo, o volume médio de chuvas no período entre outubro a março no sistema Cantareira é de cerca de 1.250 milímetros, ajudando-o a recuperar de um ano para o outro cerca de 30% do seu volume. Se chover a média dos outros anos, o volume de água que entrará vai ajudar a recuperar o volume morto (cerca de 18%) e vai sobrar apenas 12% para enfrentar a próxima estação seca. Se chover menos, a situação pode virar um caos. Isto deixa um sombrio panorama sobre a situação do abastecimento de água no Estado de São Paulo, mesmo se as chuvas seguirem os padrões.
Abaixo reportagem da Climatempo: