Um tratamento mais suave dos incidentes relacionados ao Falun Gong na China nas últimas semanas mostra que a força do punho de ferro de Zhou Yongkang, o chefe do aparato de segurança chinês, e sua influência estão em declínio.
Desde 1999, as autoridades chinesas de aplicação da lei, que Zhou chefia desde 2007, têm sistematicamente perseguido os praticantes do Falun Gong e quem quer que se atreva a defendê-los. Recentemente, sinais mostram que as autoridades chinesas estão se tornando mais suaves na aplicação da perseguição. Ao mesmo tempo, os cidadãos chineses estão começando a se levantar em maior número em defesa dos praticantes.
Na semana passada, um caso importante contra 300 aldeões que se atreveram a apoiar publicamente o Falun Gong foi rejeitado pela Procuradoria chinesa. Normalmente, o Partido Comunista Chinês (PCC) encontraria qualquer pretexto para processar um caso envolvendo o Falun Gong. Desta vez, o tribunal citou “falta de provas”, e retornou o processo à Secretaria de Segurança Pública local para mais investigações.
Conhecido como os “300 bravos”, é dito que os aldeões chocaram as autoridades superiores ao permaneceram firmes em seu apoio ao admirado professor e praticante do Falun Gong, Wang Xiaodong, apesar do assédio e da intimidação diários da polícia local leal a Zhou.
Zhou pertence a um grupo de figuras políticas informalmente conhecidas como a facção das mãos ensanguentadas, liderada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin. A facção tem usodo seu poder para realizar a perseguição brutal e genocida aos praticantes do Falun Gong desde 1999.
Zhou foi relatado estar sob investigação e sua autoridade sobre o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos, o órgão do PCC que dirige quase todas as entidades de aplicação da lei na China, foi entregue a um subordinado.
Outro membro líder da facção, Bo Xilai, foi removido de todas as suas posições no PCC e também está sob investigação.
Dezesseis oficiais aposentados do PCC de Zhaotong, na província Yunan, publicaram uma carta aberta aos líderes do PCC em 9 de maio pedindo a demissão de Zhou Yongkang e chamando a perseguição ao Falun Gong de uma “mancha insuportável” e uma “vergonha” para o PCC.
Um por um, os veteranos foram chamados para interrogatório pela polícia local. Apesar dos velhos oficiais terem tocado num assunto político extremamente sensível, a polícia foi relatada ter sido calma e civilizada em seu tratamento do caso e tratou-o como rotina.
A reversão súbita na posição da mídia sobre o qigong, que são técnicas ou práticas tradicionais chinesas de exercícios lentos que mobilizam energia pelo corpo, só poderia ser possível com a autorização dos oficiais do PCC. O Falun Gong é a forma mais conhecida e praticada de qigong na China.
Apesar de o qigong ser muito popular na China, depois que a perseguição ao Falun Gong começou em 1999, a mídia chinesa tem evitado publicar artigos que abordam diretamente o qigong. Mas recentemente se tornou aceitável discutir publicamente o qigong na China novamente.
Talvez o mais revelador sinal do declínio de poder de Zhou seja o discurso que ele deu num simpósio em 25 de maio sobre o Código de Processo Penal da China. Foi amplamente divulgado que Zhou foi forçado a apoiar publicamente os direitos humanos como um sinal de reverência ao PCC, ao atual líder chinês Hu Jintao e ao primeiro-ministro Wen Jiabao.
Falando no simpósio, Zhou pediu a todos os níveis de aplicação da lei para reforçar seu apoio aos direitos humanos e, finalmente, alcançar o duplo objetivo de aplicar da lei e a proteger os direitos humanos. Ele também fez uma aparição na televisão nacional promovendo os direitos humanos. Zhou nem sequer gastaria saliva abordando os direitos humanos até agora.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.