Shanghai, ‘a mais vulnerável a inundações costeiras’, diz estudo

24/08/2012 18:38 Atualizado: 24/08/2012 21:53
Chineses caminham ao longo do rio Huangpu enquanto uma tempestade ameaça Shanghai em 2 de agosto de 2012. (Peter Parks/AFP/Getty Images)

Shanghai, a maior cidade da China e uma das maiores do mundo, foi avaliada como a cidade mais vulnerável a grandes inundações costeiras num novo estudo.

No estudo, publicado pela revista Natural Hazards, Shanghai superou cidades como Manila, que estaria afundando a uma taxa anual, e Daca, a capital de Bangladesh e uma cidade muito mais pobre. Shanghai é um importante centro financeiro e às vezes é chamado de centro comercial da China, com o porto mais movimentado de contêineres no mundo.

“Das nove cidades analisadas, Shanghai, na China, é a mais vulnerável a inundações costeiras em geral”, diz o estudo, acrescentando que ela está altamente “exposta a fatores hidrogeológicos tais como tempestades e elevação do nível do mar”, tendo “grande comprimento de costa e alto valor de vazão de rio”.

Nos últimos meses, áreas na China sofreram inundações devido às fortes chuvas, inclusive Pequim, onde dezenas de pessoas morreram. Muitos internautas culparam as enchentes de Pequim, em parte, a infraestrutura deficiente causada pela corrupção do governo.

Duas semanas atrás, o tufão Haikui afetou Shanghai e obrigou cerca de 200 mil pessoas a se mudarem para alojamentos temporários, informou a mídia estatal. Várias pessoas morreram.

Enquanto isso, cerca de duas semanas atrás, uma seção da Grande Muralha desabou após as chuvas, com alguns relatos sugerindo que a construção nas proximidades foi um fator.

No estudo, pesquisadores da Holanda e da Universidade de Leeds na Inglaterra usaram novos métodos para calcular a vulnerabilidade a inundação e não apenas a probabilidade de um “dilúvio de uma vez a cada cem anos”. Eles também consideraram aspectos sociais e econômicos.

“A vulnerabilidade é uma questão complexa”, disse Nigel Wright, o professor de Leeds que conduziu o estudo, num comunicado de imprensa. “Não é apenas sobre sua exposição a inundações, mas o efeito que isso realmente tem sobre as comunidades e as empresas e quanto uma grande enchente interfere na atividade econômica.”

“Nosso índice analisa a forma como as cidades estão preparadas para o pior, por exemplo, elas têm defesas contra inundações, elas têm edifícios que são fáceis de limpar e reparar depois do dilúvio? É importante saber a rapidez com que uma cidade pode se recuperar de uma grande enchente.”

Shanghai, segundo o estudo, está especialmente mal preparada contra fortes tempestades resultante do aumento do nível do mar. Além disso, um grande número de pessoas vive ao longo da costa, em áreas sujeitas a inundações.

“Um dilúvio de uma vez em cem anos em Shanghai causaria danos generalizados, com graves consequências para a cidade, para toda a China e, através de relações econômicas mais amplas, para o mundo inteiro”, disse Wright.

O estudo avaliou nove cidades, descobrindo que as cidades europeias de Roterdã na Holanda e Marselha na França são as mais bem preparadas. “Quando uma grande enchente ocorrer, você ainda terá inundações”, observou Wright, “mas essas cidades europeias se recuperarão rapidamente.”

Daca, que fica a apenas alguns metros acima do mar e está sujeita a ciclones e inundações regulares, tem pobres defesas contra inundações, segundo o estudo.