Setor privado da China acumula ouro

28/04/2014 11:09 Atualizado: 28/04/2014 11:09

O setor privado da China está acumulando ouro e já ultrapassou a Índia, colocando o país no 2º lugar em 2013, segundo um relatório de meados de abril pelo Conselho Mundial de Ouro (WGC).

As compras do setor privado de ouro da China no mercado mundial de ouro foram responsáveis por 26% do total de compras mundiais de ouro em 2013.

No relatório do WGC, as compras do setor privado de ouro da China foram excepcionalmente elevadas em 2013 devido a uma queda nos preços do ouro. Por isso, muitos compradores de ouro podem não ter os meios necessários para comprar ouro em 2014.

“A queda de preço repentina em 2013 significou que alguns consumidores chineses adquiriram joias e barras de ouro, o que pode limitar o crescimento da demanda em 2014. A expansão do comércio também deverá diminuir, particularmente em termos de capacidade de produção adicional”, segundo o relatório do WGC.

Holdings oficiais, outra história

Por outro lado, as participações oficiais de ouro da China representam apenas 1,2% das reservas do país, segundo outra publicação de abril do WGC. O Banco Popular da China (BPC), o banco central do país, estoca esse ouro.

Comparar os holdings de ouro da China com suas reservas é enganoso, embora a maioria da mídia e pesquisadores faça essa comparação. Na verdade, quando se trata do montante total de ouro, a China está em sexto lugar entre os bancos centrais do mundo, com 1.054,1 toneladas. Isso é muito menos do que os Estados Unidos, que detém a maioria do ouro do mundo, com 8.133,5 toneladas.

Os números acima parecem ser falsos quando se lê o blog de Jeffrey Nichols, que afirma que, segundo rumores, o banco central da China aumentou suas reservas de ouro para 2.710 toneladas até o final de 2013.

Especialistas em ouro afirmam que a maioria dos números utilizados pela comunidade internacional é mera suposição, pois a última vez que o banco central da China divulgou suas participações oficiais de ouro foi em 2009. O WGC e o Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda reportam os números de 2009 em suas listas.

Rumores e táticas da China

Em janeiro, a empresa de consultoria Grupo CPM afirmou que os rumores sobre o BPC ter aumentado suas participações eram invencionices. O artigo afirmava que o BPC anunciou publicamente que está satisfazendo os relatórios padrões do FMI em liberar os dados de reserva monetária.

No entanto, o Grupo CPM complementou suas declarações afirmando que é mais provável que a Corporação de Investimento da China (CIC), um fundo de riqueza soberana, comprou ouro para sua carteira de investimentos. Devido a seus mandatos diferentes, os dois não são comparáveis.

De acordo com o Grupo CPM, o regime chinês pode ter orientado o BPC a comprar algum ouro no início de 2009. Isso poderia ter acontecido “com o propósito expresso de enviar uma mensagem ao Tesouro dos EUA e ao Banco Central Europeu que eles não estavam satisfeitos com a maneira como o Tesouro socorreu um punhado de banqueiros norte-americanos à custa de todos os outros, incluindo o BPC”, segundo o Alerta de Mercado de janeiro do Grupo CPM.

A China poderia usar outra tática para acumular ouro, incentivando a “absorção doméstica de ouro pelo setor privado. O raciocínio seria… que estas ‘reservas’ possuídas pela população poderiam sempre ser usadas pelo Estado”, segundo o relatório do WGC.

Margem de erro

Há muita especulação sobre as reservas de ouro da China, privadas ou oficiais. O Grupo CPM afirma que as compras de ouro da China em 2013 provavelmente não foram dirigidas pelo BPC para aumentar suas reservas, mas podem ter sido em nome do CIC.

O Grupo CPM também afirmou que a informação estatística citada por uma série de gurus do mercado e empresas de investimento de ouro não foi fundamentada em dados bem pesquisados, mas foi “baseada numa miscelânea de inferências de uma variedade de fontes, que vão desde os dados de comércio entre a China e Hong Kong (que não captam com precisão os fluxos líquidos de ouro), dados chineses do suprimento de mineração e dados da demanda de produção chinesa”.

Um problema é que o sistema de coleta de dados utilizado pela aduana China-Hong Kong poderia inflar os dados. Especificamente, o ouro pode atravessar as fronteiras entre os dois países várias vezes, inflacionado ou deflacionando alguns dados.

Por exemplo, pelo menos uma fonte usou as remessas de ouro do Mercado de Ouro Físico de Shanghai em seus cálculos de abastecimento, sem entender que estas remessas de ouro são enviadas de um lado para o outro entre os dois países.

Há muitos outros cenários que poderiam distorcer as informações de entrada e saída da China. A maioria das estimativas “é provavelmente falha. O mercado de ouro é um mercado livre, povoado por muitas pessoas com vários objetivos e sem regulamentação sobre o que elas podem dizer ou escrever sobre o ouro”, comenta o Alerta de Mercado do Grupo CPM.

De acordo com especialistas da China, não importa que números sejam reportados por publicações internacionais, eles muito provavelmente não representam os valores reais. A China não é conhecida por reportar números verdadeiros, sejam importações de ouro ou quaisquer outros dados estatísticos. Assim, cada relatório deve ser considerado tendo-se isso em mente.