Sete pessoas tentam suicídio em frente à mídia estatal na China

17/07/2014 14:14 Atualizado: 17/07/2014 14:14

Sete pessoas tentaram suicídio coletivo diante do escritório de uma grande mídia estatal em Pequim, China, em 16 de julho, bebendo pesticida para expressar sua frustração e desespero pelo roubo de suas casas por funcionários locais do Partido Comunista Chinês (PCC).

O incidente parece ter sido projetado para causar o máximo de impacto público. Por volta das 8h de quarta-feira, os sete se reuniram diante do escritório do jornal estatal Diário Jovem da China e cada um bebeu uma garrafa de pesticida, segundo a mídia estatal Beijing News. Os quatro homens e três mulheres foram enviados para três hospitais e teriam se recuperado posteriormente.

Fotografias publicadas online mostraram-nos vestidos de camisa branca com suas queixas escritas em preto, enquanto jaziam no chão aparentemente inconscientes. Alguns pareciam estar espumando pela boca, enquanto garrafas de pesticidas e papéis podiam ser vistos ao redor deles.

Todos eram peticionários da cidade de Qingyang, no condado de Sihong, província de Jiangsu, segundo reportagens. O governo local teria demolido suas casas à força e fornecido compensação mínima, dizem relados. Mas esses incidentes acontecem frequentemente em toda a China.

Tanto os manifestantes desta quarta-feira quanto uma dúzia de outras vítimas de demolição forçada em Qingyang têm apelado, ou seja, recorrido às autoridades locais e apresentado suas queixas inúmeras vezes, mas nunca recebem uma solução adequada. Em vez disso, as autoridades locais do Partido Comunista os detêm ilegalmente e inclusive os torturam, segundo testemunhos.

“O governo roubou minha casa. Minha família apelou várias vezes, mas não obteve resposta. Os tribunais também não aceitam nosso caso. Não temos para onde ir e somos forçados a recorrer a métodos extremos”, disse Wang Jianbing, marido de Zhang Chengmei, um dos sete peticionários que tentaram suicídio, em entrevista por telefone com o Epoch Times

Apropriação e demolição forçada de imóveis para abrir caminho para o desenvolvimento imobiliário, juntamente com a falta de compensação adequada, deixaram muitos desabrigados na cidade, dizem os manifestantes. “Nossa casa foi roubada e a compensação não é razoável. É muito pouco”, disse a esposa de Cai Fuxi, outro dos sete peticionários, ao Epoch Times. E acrescentou: “Quando meu marido apelou ao governo sobre nossa situação, ele foi detido num pequeno quarto escuro sem comida ou água. E também não o deixaram dormir.”

A sra. Zhu, um aldeã conterrânea dos sete peticionários, sofreu tratamento semelhante. Ela disse ao Beijing News que mais de 400 metros quadrados de sua propriedade familiar, incluindo uma casa e um supermercado, foram demolidos arbitrariamente em novembro passado e sem compensação. Sua propriedade foi demolida diante de seus olhos antes que a sra. Zhu e sua família sequer tivessem se mudado, destruindo todos os seus pertences sob os escombros.

“Quão grande é o sofrimento a que eles têm sido submetidos!”, exclamou Ding Laifeng, um veterano da mídia chinesa, no Sina Weibo. Muitos internautas chineses expressaram sentimentos semelhantes, simpatizando profundamente com os peticionários e condenando o regime comunista chinês. “Um governo que obriga as pessoas a recorrerem à morte deve ser definitivamente condenado!”, escreveu Ding Laifeng.

Outros suicídios coletivos, ou tentativas, ocorreram em Pequim recentemente, pelas mesmas razões que o incidente atual.

Em 24 de junho de 2014, cinco peticionários beberam pesticida em frente à sede do Comitê Central de Inspeção Disciplinar, a agência anticorrupção do Partido Comunista, em Pequim.

Em 26 de março de 2014, nove peticionários beberam pesticida diante de Zhongnanhai, o complexo central do Partido Comunista Chinês, em Pequim.

Em 10 de dezembro de 2013, doze peticionários beberam pesticida em Qianmen, ao sul da Praça da Paz Celestial, em Pequim.

Em 29 de dezembro de 2013, outros seis peticionários também beberam pesticida na Praça da Paz Celestial, após espalharem panfletos que descreviam suas queixas.