Será que os testes de armas nucleares fazem buracos no céu?

07/08/2012 03:43 Atualizado: 06/08/2013 18:35

Foto arquivada de 1971 de um teste nuclear no Atol de Mururoa.Se você já assistiu algum dos inúmeros vídeos disponíveis na web sobre teste de armas nucleares, talvez você tenha experimentado mais uma destas reações, especialmente os com grandes as bombas de hidrogênio.

Esses testes não causam danos permanentes a Terra? Eles não, quem sabe, fazem uma cicatriz ou algo do tipo? Se o governo teve de desenvolver armas nucleares, não poderiam ter sido testadas no espaço sideral?

Claro que, no momento em que armas nucleares foram desenvolvidas, a capacidade de lançar mísseis para o espaço não existia. Mesmo se existisse os testes espaciais eram de uso limitado para os cientistas nucleares, pois as armas nucleares se comportam de forma diferente no espaço do que na Terra onde, é claro, eles seriam utilizados.

Eventualmente, porém, antes que o Tratado de Proibição Parcial de Testes acabasse com elas em 1963, os Estados Unidos e Rússia testaram uma série de armas nucleares fora da atmosfera – um pelos Estados Unidos, há 335 quilômetros da Terra. Além da diferença na aparência, tal o efeito parecido com uma aurora no espaço, em oposição à nuvem de cogumelo da Terra, o pulso eletromagnético que as armas nucleares emitiam eram de difícil controle e ameaçavam satélites que orbitam a Terra naquela época.

Entretanto, quando as armas nucleares foram testadas, os cientistas – alguns, pelo menos – devem ter engolido seus sentimentos de que o planeta estava sendo irremediavelmente danificado pelos testes de maneira que eram difíceis de quantificar. Mas se, como eu, você não pode deixar de suspeitar que a atmosfera ficou gravemente ‘queimada’, o que segue irá reforçar os seus medos.

Enquanto na Marinha em 1956, Robert Osborn, que mantém o site “Palavras do Wildernesse”, testemunhou os testes da bomba de hidrogênio no atol de Bikini. Ele descreve as consequências de um deles.

A nuvem foi bem definida, como uma tempestade, e tinha um brilho fluorescente, ametista colorido, que mudou para um vermelho escuro. É impossível comunicar a escala da nuvem… Ficamos ali em silêncio, olhando para a nuvem e em silêncio comentando sobre as cores.

No lado direito, perto da nuvem, pudemos ver duas luzes brilhantes, estacionadas. Elas foram visíveis por um tempo curto, então elas desapareceram… nós estávamos bastante curiosos sobre as misteriosas luzes que vimos ao lado da nuvem. Cerca de quase uma semana após ser lançada, eu estava falando com um dos cientistas que estavam a bordo. Ele disse que também tinha ficado intrigado com a aparência das luzes. Eles finalmente concluíram que o que vimos eram duas estrelas brilhantes, essencialmente como se as víssemos do espaço. Aparentemente, o calor da explosão foi tão grande que literalmente queimou a atmosfera ao redor da bola de fogo.

Chame do que você quiser – um buraco no céu, uma renda no próprio tecido da existência – de guerra nuclear poderia deixar o céu em farrapos como uma bandeira que esteve numa batalha.

Russ Wellen é um colaborador da ‘Foreign Policy in Focus’ (www.fpif.org).