Sentença de morte de Gu Kailai suspensa

21/08/2012 16:40 Atualizado: 21/08/2012 18:46
Gu Kailai é levada para a sala de audiências no Tribunal Popular Intermediário de Hefei, província de Anhui, em 9 de agosto. Ela confessou o assassinato do britânico Neil Heywood numa narrativa que muitos observadores julgaram apócrifa. (China Central de Televisão)

Sentenças de morte suspensas são frequentemente transformadas em prisão perpétua ou sentenças fixas depois de um período de dois anos, segundo o grupo de direitos humanos Duihua.

A sentença pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood marca a conclusão de um julgamento que chamou a atenção internacional e o início da resolução do escândalo político que incomoda o Partido Comunista desde fevereiro.

Zhang Xiaojun, um assessor da família de Gu Kailai, foi condenado a nove anos de prisão. Ambos foram considerados culpados por conspirarem para acabar com Heywood, segundo uma elaborada narrativa produzida ou aceita pelo tribunal. Ambos admitiram os crimes descritos.

No entanto, muitos observadores julgaram a narrativa oficial falsa, considerando que importantes detalhes cronológicos (por exemplo, quando Heywood teria sequestrado e ameaçado Bo Guagua, o filho de Gu Kailai) não corresponderem com fatos estabelecidos.

Quatro policiais que ajudaram Gu Kailai a acobertar o assassinato de Heywood também foram condenados, embora os detalhes não tenham sido imediatamente anunciados.

Observadores consideraram uma variedade de pontos de vista sobre o resultado. Chen Pokong, comentarista político e colunista baseado nos EUA, disse que a sentença é também uma demonstração efetiva do Partido Comunista que a enorme riqueza ilicitamente acumulada por Bo Xilai e Gu Kailai de centenas de milhões ou bilhões de dólares não será investigada. Nem haverá uma investigação sobre apropriação de bens de empresários ou sobre o tráfico de órgãos e de corpos de detentos do Falun Gong executados com os quais Bo Xilai e Gu Kailai teriam se envolvido e lucrado.

Normalmente, assassinos são executados na China, como Gu Kailai se vangloriou num livro de 1998 exaltando as virtudes do sistema comunista chinês de justiça.

Tang Baiqiao, um proeminente ativista da democracia e comentador político, levantou a questão de que pode ter havido um acordo nos bastidores para Gu Kailai ter recebido um tratamento tão brando.

Gu Kailai e Bo Xilai teriam se envolvido num comércio multimilionário de corpos e órgãos humanos, envolvendo a extração de órgãos de milhares de presos políticos vivos, a maioria possivelmente de praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong.

A razão de Gu Kailai não ser condenada à morte deve ser porque ela e Bo Xilai foram capazes de negociar algo com o Partido Comunista Chinês (PCC), o silêncio sobre suas atrocidades mais graves, por exemplo, em troca de clemência, argumenta Tang. “Será uma calamidade para a China se essas pessoas ascenderem novamente”, disse ele.

A urgência de acabar o julgamento rápido e produzir uma história, qualquer história, deu a sensação de que o julgamento não foi genuíno, mas um acordo para ser embrulhado às pressas. Refletindo sobre o caso, o jurista chinês He Weifang escreveu em seu blogue em 12 de agosto, “Se este tipo de caso não é julgado com justiça, então, mentiras têm de ser usadas para encobrir mentiras, levando a uma situação impossível em que a história não se sustenta e se torna uma sátira da justiça.”

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.