Lai Changxing, o homem mais procurado na China e um contrabandista de grande sucesso, foi condenado a prisão perpétua, o que foi considerado uma estratégia política deliberada segundo analistas.
Lai, de 53 anos, um ex-agricultor, foi condenado num tribunal de Xiamen e todos seus bens foram confiscados, informou a mídia porta-voz do regime chinês Xinhua na sexta-feira.
Ele foi condenado por contrabando de cigarros, gasolina e carros de luxo no valor de cerca de 4,3 bilhões de dólares, evasão fiscal de 2,2 bilhões, e suborno de 64 oficiais com cerca de 6,3 milhões entre 1996 e 1999.
Durante seu auge, Lai essencialmente transformou Xiamen em seu próprio feudo privado e tinha um estilo de vida opulento infame, até mesmo viajando ao redor num Mercedes à prova de balas que pertenceu ao ex-presidente Jiang Zemin, segundo o Telegraph de Londres. Ele também comprou e tentou jogar pela equipe de futebol de Xiamen.
Quando foi implicado por seus crimes, Lai fugiu para o Canadá e viveu em Vancouver por 12 anos antes de ser extraditado de volta à China em julho passado.
Alguns analistas têm apontado que quando Lai foi enviado de volta à China, o regime não se moveu sobre o caso até o incidente de Wang Lijun em fevereiro. Na época em que o império de Lai ainda estava intacto em meados dos anos 90, vários membros do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC) eram funcionários de alta posição na província de Fujian.
O comentarista social Wen Zhao acredita que colocar Lai em julgamento e sentenciá-lo este ano foi tudo parte do plano do presidente Hu Jintao. Ele disse que dois funcionários que agora são membros do Comitê Permanente provavelmente foram pagos por Lai quando estavam em Fujian. Esses dois funcionários, He Guoqiang e Jia Qinglin, juntamente com o czar da segurança supostamente deposto Zhou Yongkang são ou fizeram parte da facção do ex-presidente Jiang Zemin.
Há relatos de que Lai forneceu provas para o atual presidente Hu Jintao, o primeiro-ministro Wen Jiabao e o indicado próximo presidente Xi Jinping de que He Guoqiang e Jia Qinglin foram subornados, e Hu e Wen poderiam usar isso contra eles para pressionar Zhou Yongkang, o principal apoiador do ex-líder de Chongqing deposto Bo Xilai.
Isso faz de Lai Changxing uma carta que a coalizão de Hu, Wen e Xi jogou contra He e Jia para impedi-los de interferir na punição de Zhou Yongkang.
O comentador Wen Zhao disse que este fato dá a Hu e Wen uma posição dominante no Politburo, o que significa que a facção leal a Jiang Zemin está praticamente liquidada. Enquanto isso, o jornalista chinês veterano Jiang Weiping disse que os segredos obscuros desenterrados durante o caso de Lai podem ser a gota d’água para eliminar a facção de Jiang Zemin.
O advogado de direitos humanos Ye Ning baseado em Washington DC comentou que o fim do caso de Lai mostra que o arranjo básico para o 18º Congresso Nacional está definido, em que Hu Jintao e Wen Jiabao sairão e Xi Jinping e Li Keqiang assumirão.
Em outro possível sinal de que a facção de Jiang Zemin está encurralada, Zhou Yongkang não foi listado como um dos participantes do 18º Congresso Nacional da província de Hebei, de acordo com relatos na quinta-feira. O significado disso é claro. Zhou participou do 17º Congresso como um representante de Hebei, no entanto, isso não significa que ele participará do 18º Congresso como representante de Hebei. Observadores assistem atentamente como isso se desenvolverá.
Recentemente, foi relatado que Zhou foi destituído de seu poder, com vazamentos detalhados discutindo um confronto entre Zhou e Wen Jiabao numa reunião a portas fechadas.
Li Tianxiao, um comentarista da NTDTV, diz que a sentença de Lai confirma a derrota de Zhou.
O jornal Yomiuri Shimbun com sede no Japão publicou nesta terça-feira que o PCC produziu uma lista de 10 candidatos ao Comitê Permanente, e pode cortar para sete o número real de assentos. Ele previu que a facção da Liga da Juventude Comunista, alinhada com Hu Jintao, terá quatro lugares, enquanto os outros três serão ocupados por “príncipes”, incluindo Xi Jinping.