Recentemente, flagrei um meliante tentando pular a grade do meu prédio por volta da 1h30min, de uma terça-feira.
Meio sonolento, escutei pela janela um barulhinho de algo sendo arrastado e fui até a janela do banheiro espiar. Qual não foi minha surpresa quando vi um meliante tentando usar uma escada de ferro para abrir uma brecha na grade ou talvez tentando puxá-la para saltar por cima (e olha que é daquelas que têm cercas com alarme em cima). Gritei na hora “POLÍCIA!”, o que foi o suficiente para afugentá-lo.
Na hora passaram pela minha cabeça diversas coisas. A impotência diante de uma ameaça concreta (eu estava a pouco mais de 2m de distância do cara), a restrição ao direito de autodefesa do cidadão (que faz com que nos limitemos a gritar “Polícia!”, mesmo sabendo que a PM certamente levaria alguns minutos – talvez uma hora – para chegar ao local)… O que fica é a sensação de insegurança: não sei se afugentei o salafrário pra sempre ou só por uma noite; não sei o quanto ele viu meu rosto, nem se poderá me identificar em outra ocasião. Enfim, melhor nem me perder em especulações, das quais muita gente acaba virando refém, vivendo sempre com medo.
Não por acaso, também. Vivemos em um dos países mais violentos do mundo – onde ocorrem mais de 50 mil homicídios por ano e mais centenas de milhares de outros crimes violentos (incontáveis porque há uma sensação generalizada de impunidade, o que faz com que só se faça ocorrência quando há algum seguro envolvido). Ainda assim, a segurança pública – função primordial do Estado – não é tratada de maneira séria e prioritária.
O governo do estado do Rio Grande do Sul tem atualmente 24 SECRETARIAS, abordando as mais variadas pastas. Quando 24 assuntos são considerados prioritários a ponto de merecerem o status de SECRETARIA DE ESTADO, o que de fato ocorre é que nada é prioridade. Aí, nessa vala comum de prioridades que não são priorizadas, entra a segurança pública. Aqui no Rio Grande do Sul a Secretaria de Segurança Pública tem por atribuição primeira: “garantir a ordem pública e a preservação das garantias do cidadão, bem como a proteção da vida e do patrimônio através da atuação conjunta dos seus órgãos de segurança”.
Hora de elegermos governos e políticos que tenham a capacidade de entender o que deve e o que não deve ser prioridade. Assim como está, não dá.
Fábio Ostermann é mestrando em Ciência Política (PUC/RS) e especialista do Instituto Liberal
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