Semelhanças entre a antiga ciência chinesa e a física moderna

16/03/2015 16:52 Atualizado: 16/03/2015 16:52

O universo é cheio de mistérios que desafiam o nosso conhecimento atual. Em “Além da Ciência”, o Epoch Times coleta histórias sobre alguns fenômenos estranhos para estimular a imaginação e abrir a mente para novas possibilidades. Elas são reais? Você decide.

Niels Bohr, um dos pioneiros da mecânica quântica, colocou o símbolo taoista do yin-yang em seu brasão de armas.

Ele viu que, os estados polarizados de partículas, por exemplo, se complementam, do mesmo modo que os dois extremos de yin e yang criam um equilíbrio, na compreensão taoista do universo. Bohr falou sobre a unidade dos opostos e as contradições na natureza.

Esquerda: Niels Bohr, um dos pioneiros da física quântica. (AB Lagrelius & Westphal) Direita: brasão desenhado por ele com o símbolo taoísta do yin-yang
Esquerda: Niels Bohr, um dos pioneiros da física quântica (AB Lagrelius & Westphal) Direita: brasão desenhado por ele com o símbolo taoista do yin-yang

Muitos conceitos na antiga ciência chinesa correspondem às ideias da física, que somente foram formadas no século passado. Segue uma análise simples de alguns destes conceitos.

1. Os oito trigramas e os arranjos de partículas


Oito símbolos constituídos de diferentes combinações de linhas, conhecidos como os oito trigramas, envolvendo o símbolo yin-yang (Benoît Stella via Wikimedia Commons)
Oito símbolos constituídos de diferentes combinações de linhas, conhecidos como os oito trigramas, envolvendo o símbolo yin-yang (Benoît Stella via Wikimedia Commons)

Os oito trigramas são apresentados no texto clássico chinês “I Ching” (Livro das Mutações), uma obra importante e fundamental na história chinesa. Cada trigrama representa princípios essenciais da realidade e eles estão dispostos em um padrão octogonal, com base nas relações e interações entre eles.

Em seu livro de 1975, “O Tao da Física”, o físico Fritjof Capra escreveu que esse padrão octogonal é semelhante, em certos aspectos, com o méson octeto, “em que partículas e anti-partículas ocupam lugares opostos”. A parte importante para Capra é que o conceito da estrutura e das mudanças são similares.

Ele escreveu: “Tanto a física moderna como o antigo pensamento chinês consideram a mudança e a transformação como o principal aspecto da natureza. Ambas veem as estruturas e simetrias geradas pelas mudanças como secundário.”

2. O Livro das Mutações e a teoria de tudo

A física moderna repousa sobre os dois pilares: o da relatividade geral e o da mecânica quântica. O problema é que os dois são contraditórios.

Em 1999, Brian Greene escreveu em seu livro que foi indicado ao premio Pulitzer, “O Universo Elegante”: “Da forma como elas estão atualmente formuladas, a relatividade geral e a mecânica quântica, não podem estar corretas. As duas teorias são decorrentes do enorme avanço da física durante os últimos cem anos. O progresso que explicou a expansão do firmamento e da estrutura fundamental da matéria, mostra que elas são incompatíveis.”

A relatividade funciona bem para a compreensão do universo em maior escala, como as estrelas, as galáxias, etc. A mecânica quântica funciona bem para a compreensão do universo em menor escala, como os átomos, as partículas subatômicas, etc. Os cientistas procuram pela chamada “teoria de tudo”, que poderia abranger as duas teorias principais.

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A teoria das cordas tenta fazer isso. Em termos simplificados, ela concebe o universo como cordas ao invés de pontos separados. Um elétron, por exemplo, não seria um ponto, mas em vez disso, uma parte de uma corda. Se a corda oscila de um modo específico, indica ser um elétron, se oscila de outra forma, pode ser um fóton ou um quark. Essas cordas podem ser originárias de outra dimensão, onde não há gravidade.

Na década de 1970, quando Capra já estava escrevendo seu livro, a teoria da matriz S, precursora da teoria das cordas, estava em ascensão (embora ainda não tivesse vindo à tona).

Capra escreveu: “O Livro das Mutações é talvez a analogia mais próxima a teoria da matriz S no pensamento oriental. Em ambos os sistemas, a ênfase é em processos em vez de objetos. Na teoria da matriz S, estes processos são as reações de partículas que dão origem a todos os fenômenos do mundo de hádrons [um tipo de partícula subatômica]. No Livro das Mutações, os processos básicos são chamados de ‘as mudanças’ e são vistos como essenciais para a compreensão de todos os fenômenos naturais.”

3. Entendimento de Lao Tzé em relação às partículas subatômicas

Lao Tzé (também conhecido como Lao Tsu ou Lao Zi), fundador do Taoismo no século 6 a.C., escreveu: “Tao deu à luz um, um deu à luz dois, dois deram à luz três, três deram à luz toda a miríade de coisas. Todas as coisas inumeráveis ​​levam o yin em suas costas e carregam o yang em seu abraço”.

Alguns dizem que este comentário está relacionado com os vários níveis de partículas: moléculas, átomos, elétrons, e assim por diante.

Os elétrons são partículas subatômicas com uma carga elétrica negativa. Prótons são partículas subatômicas com uma carga elétrica positiva. Estas cargas podem estar relacionadas com as polaridades yin e yang do Taoismo.

Os antigos gregos também teorizaram sobre os átomos. Os elétrons só foram descobertos em 1897 e, mais tarde, as outras partículas subatômicas.

Diferenças nas prioridades

Os objetivos da antiga ciência chinesa eram diferentes daqueles da física moderna. A ciência chinesa antiga se concentrou no espiritual e reconheceu o incorpóreo, bem como o corpóreo. A comparação entre a antiga ciência chinesa e física moderna permanece imprecisa, até certo ponto, porque o quadro e a abordagem são diferentes.

Alguns dos maiores físicos modernos têm sido, no entanto, inspirados pela antiga ciência chinesa.

A física quântica mostrou que o observador pode mudar o resultado de uma experiência simplesmente através do ato de observar. “Místicos também dizem que o observador e observado se fundem e que eles não podem mais ser separados”, disse Capra em uma entrevista gravada publicada no YouTube. É possível que a intenção dos pesquisadores possa até mesmo influenciar o resultado das experiências. Alguns estudos começaram a mostrar os efeitos da mente humana com a realidade física, embora o assunto ainda não tenha sido adotado pelo meio científico. Dean Radin, do “ Institute of Noetic Sciences”, e William A. Tiller, da Universidade de Stanford, são, por exemplo, dois cientistas que exploram este tema.

O ponto de partida espiritual da ciência antiga e o ponto de partida materialista da ciência moderna podem produzir resultados diferentes.

“A nossa ciência ocidental, desde o século 17, tem sido obcecada com a noção de controle, o homem dominar a natureza”, disse Capra. “Essa obsessão levou ao desastre.”

* Ilustração do conceito de “mecânica quântica” via Shutterstock