Na Semana da Água, ONU lembra que mais de 2,5 bilhões de pessoas vivem sem saneamento adequado

04/09/2013 12:33 Atualizado: 04/09/2013 22:18
Uma jovem residente do Campo de Maslakh, no Afeganistão, bebe um pouco de água (Eskinder Debebe/ONU)
Uma jovem residente do Campo de Maslakh, no Afeganistão, bebe um pouco de água (Eskinder Debebe/ONU)

O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, afirmou nesta segunda-feira (2) que o momento para ações aceleradas, energizadas e coordenadas para a melhoria do acesso e gestão da água e saneamento é “agora”. Ele pediu cooperação renovada nos esforços para fornecer água de qualidade e saneamento adequado para as mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem estes dois importantes recursos.

Em um discurso na sessão plenária para a Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia, Eliasson afirmou que “lidar eficazmente com a crise de água e saneamento é fundamental para a luta contra a doença e a pobreza”.

Ele pediu para os centenas de delegados reunidos na sessão intitulada “Construindo Parcerias para o Saneamento e Água para Todos” que trabalhem para atingir soluções sustentáveis e medidas entre os atores sociais envolvidos – incluindo os governos nacionais, administrações locais, parceiros de desenvolvimento, organizações internacionais, o setor privado, a comunidade científica e de pesquisa e a sociedade civil.

A água e o saneamento fazem parte das oito metas de combate à pobreza – mais conhecidas como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – às quais líderes mundiais concordaram em atingir até o final de 2015.

Eliasson observou o anúncio feito no ano passado de que o mundo havia atingido a meta de acesso a fontes melhoradas de água, mas que a qualidade da água em grande parte ainda não consegue atender os padrões básicos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 80% da água residual global de assentamentos humanos ou fontes industriais é despejada sem tratamento, contaminando os oceanos, lagos e rios.

O abastecimento de água e o saneamento inadequado equivale a uma perda econômica de 260 bilhões de dólares em todo o mundo em gastos de saúde e menor produtividade no trabalho, relatou a OMS. O saneamento é a meta mais atrasada dos ODM, e cumpri-la implicaria na redução da proporção de pessoas sem acesso ao saneamento básico de mais da metade para 25% até 2015.

Lembrando suas experiências em Darfur, no Sudão – quando Eliasson era o enviado especial do secretário-geral – ele alertou que a escassez de água é uma razão para o aumento de conflitos. “Eu já vi isso em Darfur, o envenenamento de poços de água era uma maneira de forçar as pessoas a abandonar as suas aldeias e ir para os campos superlotados.”

“Se a concorrência por recursos se transforma em um conflito aberto, invariavelmente todos os lados, todos os envolvidos, vão sofrer”, disse o vice-secretário-geral. “O nosso objetivo deve ser transformar os recursos escassos, em especial a água, em uma razão para a cooperação ao invés do conflito.”

Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil