Seis oficiais comunistas são julgados favoravelmente em caso de tortura e morte

19/09/2013 16:54 Atualizado: 19/09/2013 16:54
Yu Qiyi, engenheiro-chefe de uma empresa estatal em Wenzhou, província de Zhejiang, China, foi afogado em abril deste ano quando estava preso. Os oficiais responsáveis por sua morte estão sendo julgados (Youtube)
Yu Qiyi, engenheiro-chefe de uma empresa estatal em Wenzhou, província de Zhejiang, China, foi afogado em abril deste ano quando estava preso. Os oficiais responsáveis por sua morte estão sendo julgados (Youtube)

Seis oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC), responsáveis pelo afogamento de Yu Qiyi, um executivo que trabalhava numa empresa estatal, estão agora sendo julgados na cidade de Wenzhou, província de Zhejiang. Pu Zhiqiang, o advogado que representa a família de Yu, foi expulso do tribunal no meio do julgamento por questionar a legitimidade do mesmo.

“Este é um julgamento de fachada”, disse Pu. “Eles [as autoridades] estão inquietos sobre nós testemunharmos esta farsa. Isso é tão falso quanto o julgamento de Bo Xilai”, disse ele, referindo-se ao processo pré-arranjado contra um ex-membro desgraçado do Politburo chinês.

Yu Qiyi, um engenheiro-chefe de 42 anos, foi detido e torturado durante um processo extralegal do Partido Comunista, chamado ‘shuanggui’, em abril passado, e morreu em custódia das autoridades. As razões de sua prisão e investigação ainda não estão claras, mas pensasse estarem relacionadas a fraudes e corrupção em negócios de terra, segundo a mídia estatal Beijing Times. O artigo original do Beijing Times foi excluído.

De acordo com Pu, o caso foi aceito somente após ampla negociação com a Secretaria de Segurança Pública de Wenzhou e o Comitê de Inspeção Disciplinar, responsável pela punição que resultou na morte do engenheiro. Os seis suspeitos foram detidos em 20 de abril e as investigações continuam até hoje. Mesmo assim, Pu e seus clientes foram mantidos no escuro, num jogo de ocultamente deliberado do tribunal.

“A única coisa que podemos fazer durante este processo é esperar. Quando chegamos ao nível da Procuradoria, não tivemos permissão de ver os documentos do processo. Após análise, o chefe da Procuradoria não permitiu que a família de Yu visse os arquivos. Ao chegar ao tribunal, pensamos que os arquivos seriam disponibilizados, mas nossa demanda foi novamente rejeitada. Depois de nova análise, o tribunal se recusou a nos mostrar os papéis. Até agora, não fomos autorizados a ver nada além de um aviso de julgamento de 5 páginas do tribunal”, disse Pu, em entrevista à Rádio France Internationale.

“Esse julgamento prossegue suavemente. Apenas três membros da família imediata da vítima estão autorizados a comparecer no tribunal e todos os advogados de acusação foram expulsos. É o primeiro caso que vejo em que os advogados são negados presença”, escreveu a advogada Chi Susheng no Sina Weibo. Chi é a advogada de um dos réus, Li Xiang. “Depois que o tribunal expulsou os advogados de acusação, o julgamento foi acelerado consideravelmente”, acrescentou ela numa postagem.

A brutalidade cometida pelo sistema shuanggui, em que funcionários do PCC são secretamente interrogados, tem aumentado nos últimos anos, especialmente no contexto da campanha de combate à corrupção promovida pelo atual líder chinês Xi Jinping.

“Isto é definitivamente ilegal”, disse Pu Zhiqiang, referindo-se ao comportamento do tribunal. “O que eles fizeram no tribunal visa encobrir a verdade e ocultar os verdadeiros assassinos.”