Segurança será prioridade na Copa do Mundo e Olimpíadas, dizem autoridades

13/05/2013 05:51 Atualizado: 29/05/2013 21:06

Cariocas estão preocupados com a violência
O Estádio do Maracanã em 6 de maio de 2013. O local será um dos principais estádios utilizados durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Autoridades garantem ao público que a segurança será uma prioridade durante os jogos (Cortesia de Rafael Souza)
Estádio do Maracanã em 6 de maio de 2013. O local será um dos principais estádios utilizados durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Autoridades garantem ao público que a segurança será uma prioridade durante os jogos (Cortesia de Rafael Souza)

A segurança nas competições e em eventos populares está sob os holofotes, após os ataques terroristas da Maratona de Boston. No Brasil, que em breve será anfitrião de dois dos maiores eventos esportivos do mundo, as autoridades asseguram ao público que estão atentas à segurança.

“A segurança é sempre uma prioridade”, disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do Rio 2016, ao Epoch Times.

“Estamos confiantes na qualidade excelente do planejamento da segurança nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio 2016 e nós continuamos a trabalhar em estreita parceria com os governos federal, estadual e prefeituras para entregar isso. Estamos plenamente confiantes de que os Jogos de 2016, e os eventos-teste que os precedem, serão realizados em um ambiente seguro e agradável”.

A cidade do Rio de Janeiro será sede da Copa do Mundo da FIFA em 2014  e dos Jogos Olímpicos de Verão em 2016.

O Ministério do Turismo estima que dos 600 mil turistas estrangeiros que virão ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014, mais de 400 mil deles deverão ficar no Rio de Janeiro. O evento ocorrerá de 12 junho a 13 de julho.

Medidas de Segurança

Além da ameaça do terrorismo que tem se intensificado nos últimos tempos, o Rio de Janeiro tem uma longa história de violência nas favelas, onde traficantes de drogas têm certo controle sobre a população.

A instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) tem sido fundamental na recuperação desses territórios dos traficantes. O aumento do número dessas unidades de policiamento será uma das medidas de segurança tomadas pelas autoridades à frente dos eventos esportivos.

De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, a UPP tem sido um modelo eficaz para implementar a segurança.

“Inserido no âmbito de um novo modelo de segurança pública, o projeto [das UPPs] consiste prioritariamente na retomada, pelo Estado, de áreas que estavam há décadas sob influência do poder paralelo, instituindo, nestes locais, unidades de polícia comunitária e promovendo sua aproximação com a população” afirma o estudo.

Ricardo Freitas, coordenador de pós-graduação da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), diz que a segurança  é uma temática importante no Rio, e que tem melhorado ao longo das últimas duas décadas.

“O atual governo mudou um pouco esse quadro com a pacificação de algumas favelas”, disse o professor.

“Mas isso [UPP] , realmente, não resolve a questão estrutural. A questão estrutural é resolvida com educação e trabalho para as pessoas. Se as pessoas trabalham  onde podem estudar, ocupar os seus dias na escola, daí a violência cai e uma série de possibilidades financeiras de que a violência volte para o bandido deixa de ser interessante e as pessoas serão capazes de ganhar dinheiro honestamente “, diz Freitas.

Segurança duradoura

Alguns,  no Rio, expressam a preocupação de que, mesmo que as autoridades coloquem a segurança como prioridade máxima antes que os eventos esportivos aconteçam, as prioridades podem mudar uma vez que os jogos se forem.

“O que é inquietante é  o quadro de violência estar mudando muito mais por uma questão internacional, de visibilidade internacional, do que pela necessidade real da população”, diz Freitas.

Stéphanie Krieger, estudante de psicologia da UERJ, cita os Jogos Pan-Americanos de 2007 realizados no Rio como um exemplo.

“Depois [do evento], voltamos para a mesma coisa que sempre foi”, diz ela.

José Paulo Ferreira Moreira, estudante de comunicação social de 19 anos, diz que por enquanto está confiante de que as autoridades estão fazendo o seu melhor para garantir a segurança, e tem esperança de que as ações continuem nesse sentido após os grandes eventos.

“Só acho que não adianta nada você mobilizar todo um estado, uma parte de um país para dizer que está tudo bem e quando acabar os grandes eventos, tudo voltar à tona”. “Isso que elas [autoridades] estão fazendo, que continue assim, e que o Brasil evolua dessa maneira”, disse Moreira.

Violência contra a Mulher

A questão da segurança no Rio ganhou as manchetes novamente no mês passado depois que uma turista americana foi estuprada por três homens enquanto seu namorado estava algemado.

Zulma Henrique de Faria Pereira, professora, moradora do Rio, 80 anos de idade, diz que a segurança é um problema no Rio, e é ainda pior para os visitantes.  Zulma acha que é um risco  trazer a Copa do Mundo para cá.

Naele Barroso de Queiroz Lima, uma arquiteta de 62 anos, concorda.

“Não noto melhora na segurança. Cada vez mais escutamos histórias de assaltos, estupros, violência” disse Naele.

“Me sinto muito insegura. A impunidade é grande. O Brasil deveria alavancar com a educação e acabar com a impunidade”.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, lançado no início deste mês, houve cerca de 5.000 mulheres vítimas de estupro no estado do Rio de Janeiro em 2012, com metade dos casos de vítimas sendo crianças.

Reportagem adicional de Joana Ferreira e Rafael Souza

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