Oferecer clemência a Bo Xilai seria um erro fatal
Depois de mais de um ano de atraso, uma acusação criminal foi interposta em 24 de julho contra Bo Xilai, um ex-político poderoso do Partido Comunista Chinês (PCC) agora em desgraça.
O longo atraso retrata os altos riscos envolvidos. Agora que as acusações foram feitas, o líder chinês Xi Jinping deve enfrentar os riscos envolvidos em sentenciar Bo Xilai.
Segundo a mídia estatal, Bo Xilai será julgado por corrupção, peculato e abuso de poder. As acusações oficiais mascaram o verdadeiro caráter deste julgamento. Bo Xilai poderia ter sido acusado de crimes muito mais graves e este julgamento não é simplesmente devido à má conduta no cargo.
Este é um julgamento político que afeta o destino de uma grande camarilha que foi até recentemente o grupo mais poderoso no PCC: o ex-líder supremo Jiang Zemin, que formou esta camarilha; seu braço direito de longa data e chefe dos serviços de inteligência, Zeng Qinghong; e os ex-chefes das forças de segurança nacionais, Luo Gan e seu sucessor Zhou Yongkang.
Bo Xilai fazia parte deste grupo. Eles e outros oficiais que seguiam sua liderança são responsáveis por crimes contra a humanidade cometidos na perseguição aos praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong. Se Bo Xilai receber uma sentença leve, então, esta camarilha poderia respirar tranquila, sabendo que não serão responsabilizados pelo que têm feito aos praticantes do Falun Gong.
Candidato a usurpador
Todos nos altos níveis do PCC sabem por que Xi Jinping deve ser cauteloso em deixar Bo Xilai escapar facilmente. Este era um candidato a usurpador.
Nas esferas da política, economia, propaganda e militar, Bo Xilai preparou o terreno para tomar o poder e apenas esperava a oportunidade certa para derrubar Xi Jinping. Se ele tivesse feito isto, Xi Jinping pode ter certeza de que aqueles que Bo Xilai odeia, incluindo o próprio Xi Jinping, o ex-primeiro-ministro Wen Jiabao e outros, teriam encontrado mortes rápidas.
Nesta situação, se Xi Jinping deixar Bo Xilai escapar, Xi Jinping pode esquecer todas as campanhas que tem em mente para acabar com a corrupção ou retificar o PCC. Ao afrouxar para Bo Xilai, Xi Jinping estaria convidando novas conspirações contra si a qualquer momento.
Talvez Xi Jinping pretenda enviar um sinal de que não é este tipo de tolo por meio de seu recente tratamento de Jiang Zemin. Em 22 de julho, Jiang Zemin elogiou a liderança de Xi Jinping durante um encontro com o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger. No dia seguinte, o nome de Jiang Zemin estava ausente de uma lista de oficiais do PCC que homenageavam um acadêmico falecido.
O PCC usa estas listas memoriais para comunicar quem tem poder. A lista foi intencionalmente delineada e Jiang Zemin, que gosta de mostrar sua influência por meio de sua presença em listas memoriais, ficou completamente de fora.
Os elogios de Jiang Zemin a Xi Jinping foram condescendentes. Como o elogio de um governante supremo a uma criança; isto poderia dar às pessoas a ilusão de que Xi Jinping precisa de Jiang Zemin para sustentar seu poder. Este insulto apenas soma-se à lista de razões por que Xi Jinping tem de se opor a Jiang Zemin.
Perseguição insustentável
Os altos oficiais do PCC sabem a questão central envolvida no caso de Bo Xilai é a perseguição ao Falun Gong.
A camarilha de Jiang Zemin havia colocado suas esperanças em Bo Xilai. Se ele tivesse tomado o poder, ele poderia ter continuado a perseguição ao Falun Gong e o acerto de contas que a nação chinesa demanda teria sido adiado.
Ao considerar o caso de Bo Xilai, Xi Jinping precisa perceber que continuar a perseguição ao Falun Gong não é algo fácil de fazer.
Considere o dinheiro envolvido. Em 1998, um ano antes de a perseguição começar, o total de gastos com segurança pública na China totalizava 40 bilhões de yuanes (US$ 6,56 bilhões), calculado a partir das receitas totais e dos valores de financiamento no Anuário Estatístico. Até 2012, o custo da segurança pública aumentou para 701,8 bilhões de yuanes (US$ 115 bilhões).
Estas despesas não podem ser sustentadas. Se olharmos para a mídia na China ou para relatórios de grupos de reflexão ou governos estrangeiros, a mensagem é a mesma: o pessimismo sobre as perspectivas da economia chinesa. O dinheiro não estará lá para continuar a financiar esta perseguição exorbitantemente cara.
Ao mesmo tempo, a base institucional para continuar a perseguição tem sido desmantelada, provavelmente pela direção de Xi Jinping.
A perseguição foi realizada pelo Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) em todos os níveis administrativos. Antes da transição do poder em novembro de 2012, o secretário do CAPL Central tinha um assento no Comitê Permanente do Politburo, o pequeno corpo que comanda o regime chinês, dando-lhe uma boa dose de independência. Desde novembro, o chefe do CAPL foi rebaixado a apenas um membro ordinário do Politburo e, portanto, mais facilmente controlado de cima.
Ao mesmo tempo, Xi Jinping parece estar avançando a reforma do sistema de campos de trabalhos forçados, que priva a perseguição de apoio organizacional e administrativo.
Na batalha de ideias, o regime perdeu. Em 2002, o regime comunista chinês já havia em sua maior parte deixado de denunciar publicamente o Falun Gong.
Enquanto isso, os meios de comunicação independentes têm consistentemente exposto os crimes do PCC. Especialmente após o Epoch Times publicar os ‘Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês’, o povo chinês perdeu sua confiança na mídia estatal do PCC e cada vez mais no próprio PCC.
Além disso, o regime perdeu toda a crença em si mesmo. Mesmo os oficiais de alto escalão tentam seu melhor para se tornarem “oficiais nus”, ou seja, que mandam suas esposas, filhos e bens para o exterior, enquanto garantem passaportes estrangeiros para si.
O povo da China percebe que o regime está em seu estágio final. Cidadãos comuns ironizam e criticam o que quer que o regime faça e aquilo que o regime se opõe o povo apoia com entusiasmo.
Se o PCC tentar intensificar a perseguição ao Falun Gong, a opinião pública apoiará ainda mais os praticantes do Falun Gong.
Na verdade, mais e mais advogados estão se posicionando para defender os praticantes do Falun Gong. Num julgamento recente em Dalian, os advogados até obrigaram o tribunal a fazer algumas concessões.
Em todo o mundo, os fatos sobre a colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong estão se tornando amplamente conhecidos. O livro “Colheita Sangrenta: O assassinato do Falun Gong por seus órgãos” é reconhecido como uma autoridade no tema.
Agora, o Congresso dos Estados Unidos está considerando a Resolução 281, que condena a colheita de órgãos de prisioneiros da consciência na China.
O filme de Du Bin, “Sobre cabeças de fantasmas: As mulheres no Campo de Trabalho Masanjia”, recebeu ampla cobertura dos principais meios de comunicação ao redor do mundo e chamou a atenção mundial para a torturas que os campos de trabalho da China estão infligindo nos praticantes do Falun Gong.
Limpando a bagunça
Se a perseguição está ficando cada vez mais difícil de sustentar, então, a única opção que resta aos oficiais do PCC é fazer algo para limpar a bagunça. Qualquer esforço provavelmente ocorrerá num momento de turbulência.
Muitas empresas internacionais de investimento e economistas previram que 2014 será o ponto de inflexão da economia da China. Ela entrará em colapso. Depois disto, uma longa e purulenta crise social eclodirá. O descontentamento das pessoas transbordará e eles exigirão que alguém seja responsabilizado.
Se Xi Jinping der a Bo Xilai uma sentença branda e perdoar a camarilha de Jiang Zemin, este último se aproveitará da oportunidade. Como Gennady Yanayev fez na antiga União Soviética, a camarilha de Jiang Zemin teria uma boa chance de dar um golpe de Estado. Bo Xilai recuperaria o poder e Xi Jinping e seus aliados se tornariam bodes expiatórios.
Um caminho mais seguro para Xi Jinping, e também mais justo, seria ele punir Bo Xilai de acordo com todos os seus crimes e prender os culpados principais e responsáveis pela perseguição ao Falun Gong.
Zhang Tianliang, PhD, escreve sobre a história e a política da China. Ele contribui para uma variedade de publicações, incluindo a emissora nova-iorquina NTDTV e o serviço chinês da Voz da América
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